quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Bauman

   José Dias

É um momento triste ver morto mais um dos últimos dos moicanos. 

Restam poucos lúcidos. Uns dois ou três...

Creio que Umberto esteja, agora, muito bem acompanhado na eternidade. Bauman representa, ainda que agora morto, o que há de preciso na imprecisão do tempo. Nada mais plausível e representativo de sua interpretação do mundo que o natimorto (des)governo Trump, uma colcha de retalhos republicana estadunidense que possui muito da sociedade líquida explicitada por Bauman.

Por aqui, Nelson Rodrigues já afirmava que a possibilidade de todos sermos governados por imbecis era uma lógica matemática, quantitativa, não qualitativa. Porém, no caso  Trump, não. Não. Ele não é um idiota. Idiotas foram os norte-americanos que nele depositaram suas expectativas. Neste sentido, atingiram um grau além da proposta de Bauman: esta sociedade líquida tornou-se etérea? Não sei.

Mas creio que caminhamos para isto. Já não possuímos dados confiáveis acerca do que quer que seja. Uma verdade absoluta é criada a cada segundo, e cada qual escolhe a que melhor lhe convier.

Nada muito diferente da idade da pedra.

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