quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Incompletude

Jodhi Segall



Incompletude

completa a mente

formão sêmem

sentido sentindo amanhecer poente



todo poesia

nome figura quadro

imagem



Ídolos se constróem a muitas

mãos



negar negar negar



Inconcretude



pobreza miséria fome

amor sem lua

rua sem destino

rio sem meandro



E o fim.

Sempre incompletude

vida e finalidade...



Patético.



poético cético: o crítico não suporta a beleza alheia



contentamentos testemunhos julgamentos



somos completos na inveja

no orgulho

na vaidade

na luxúria

na gula

na avareza

e na ira



vícios vazios preenchem lacunas

somos iguais no horror e na vingança



Não se vive de esperança, o real se abasta

em nua incompletude.

Amor, sublime amor

Jodhi Segall



Ah! O amor... Este sentimento que ultrapassa a vida.

Cantado em versos e prosas por todos cantos,

Na voz de todos os poetas,

No coração de todos os homens!



E é tão simples...

Soar harmônico, ser bem estar.

Nada reter, sempre doar.



Não é algo tátil, não se pode tocar ou consumir.

Livre, por sua natureza etérea,

Vaga por todas as vidas na eterna incompletude.



Não é misterioso, não há segredos.

Simplicidade é um de seus nomes;

Existe em várias formas e ocupa todos os lugares

Onde é aceito como conviva.



Silencioso e discreto, não gosta de alardes;

É como um bom perfume que enebria com

Suavidade e calor, mas nunca aceita excessos.

Como um bom vinho, é algo que precisa maturar

Para ser vivenciado em seu esplendor.



Ah! Existem muitas formas de amar,

Mas a melhor delas é aquela em que não precisamos de palavras.

Mas, cuidado!! Não se pode despertar o amor antes do tempo...

Humilde e paciente ele aguarda o despertar da primavera.

Acolhido com alegria e ternura,

Respeito e bom senso,

Viverá entre nós até o outono.



Ainda o viveremos no inverno.

Nesta estação tudo transcende, ascende.

Nesta época ele hiberna, sublima.

É quando nos percebemos amantes e amados

Ou, quiçá, solitários,

Fim de quem não soube amar...

Feliz Cidade

Jodhi Segall
Aos Mestres e Mestras que tive



A minha cidade é pequenina como um grão de areia.

Ela é miudinha. Tem o cheiro gostoso da chuva

Quando molha a terra.

Não tem muros nem grades.

As pessoas andam livres pelas ruas,

Sem pressa alguma, no ir e vir do sempre amar.

As casas são corações abertos ao mundo,

Simples, como tudo a ser entendido deve ser.

As crianças brincam em suas praças,

Não há lobo mau nem bicho papão.

O sol da minha cidade brilha no olhar de cada cidadão.

Somos todos uma grande família,

Avós, Pais, Tios, Primos e Primas,

Irmãos e irmãs.

O tempo, na minha cidade, corre lento no vagar das horas.

Nelas tudo se acomoda entre o lírico e o concreto.

Os jovens cantam, dançam, representam pelos seus

Palcos de amor e graça e gratidão.

Os adultos se assemelham, se aconchegam, se acolhem

Em leitos de labor, prazer e temperança.

Meus idosos nunca envelhecem, estão sempre entre

Adolescer ou ser criança.

A morte, na minha cidade, é uma companheira de viajem.

Nos diz para bem vivermos: nada há a temer a quem vive

Com amor e suavidade.

Nos ensina, em seus diários, o valor da liberdade!

Há de se ser justo, verdadeiro, leal e companheiro.

A minha cidade é bem pequena, é verdade.

Grandes, mesmo, são as pessoas que nela habitam.