segunda-feira, 11 de agosto de 2014

50 anos (by Alexander Martin Wash)




Como doutor na cátedra da casa dos estúpidos, devo, sublime, afirmar socraticamente: nada, absolutamente nada, sei.
E nem mesmo aquilo que possuo, deveras, me pertence.
Este empréstimo literal, advindo de tantos amores, me constituiu pessoa crítica. E chata: ser, aos cinquenta anos, uma pessoa indesejável é algo bom. Faz-nos uma possibilidade de grandes incertezas. Os erros passados não nos pesam tanto quantos aqueles que não poderemos mais cometer.
Aprender é estar no mundo.
E enquanto livre é tudo.
Ensinar algo assim também deveria ser, mas somos estúpidos demais para admirarmos a simplicidade do bem estar e do bem viver: a beleza do amor nisto está e consiste. Não mais. Não menos.
Encarcerados sob circunstâncias que nós mesmos criamos, nos tornamos escravos da vaidade e do orgulho – ora nossos, ora alheios - que nada produzem, senão um espelho daquilo que realmente somos: mesquinhos. E invejosos. Ou, se preferir: estúpidos! Ignorantes! Tiranos, vis!
 Todo poder e autoridade são transitórios. Nem mesmo o conviver é perene. A fugacidade do tempo contradiz-se ao carpe diem.
Tudo em nós são hábitos.
Alguns reproduzidos, outros criamos, mas todos senhores. Dizem os doutos: escolhas. Revelam-se: escolas. E, aqui, ambas, no termo devido: stagium. Escada, degrau, andar. Galardão.
Dizem que vida passa...
Não é verdade.
Quem passa pela vida é o imbecil e suas inúmeras ignorâncias, justificativas e desculpas.
Viver, por si só, já é ser indescupável. O indescupável vive! Cria e recria, recrea-se. Aprende, desaprende, une e aparta. Seleciona.
O amadurecer nada ou pouco tem a haver com a temporalidade. Chega a soar como se fossemos frutas: verdes na infância; maduras na idade adulta; e podres na velhice.
Aos cinquenta anos – infinitude temporal, tudo o que um homem pode afirmar é sobre o que não sabe ou pensa saber. Logo, recomeço. Reinventar-se. Não mais que isto.
Aos quinze anos nada sabemos. Aos cinquenta, menos ainda...

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