O que lês, Teseu, envio-te daquela praia,
donde, sem mim, as velas levaram teu barco;
onde o sono perverso me traiu,
do que perversamente tu te aproveitaste.
Homero
Desnudo
Em despedaços despede-se Morfeu
Orfeu agora jaz sem Eurídice
A procura por entre escombros dos sem lares
Um braço sem abraço
Silencioso como boca sem beijo
Um barco calado fundeia na cripta da desventurada espera
As velas rasgadas
O casco perfurado por gentis homens
O mastro quebrado pela borrasca das infâmias, injúrias e maus tratos
Diria amor se o houvera
Cantaria se aprouvesse alguma alegria
Ao costado sem cabotagem um verso
Que não é verme nem gérmen
Eólo ergue-se triunfante a questionar Poseidon
Sobre as crueldades de Apolo
Eros e Tanatos seguem opostos pelas estradas de Damasco
Invejas cravejadas de orgulhos e vaidades
Triste paradoxo o viver prisioneiro de uma liberdade inexistente
Não faz sentido tudo ou qualquer que seja o desmedido
Pompeu lamenta-se por sua honra tanto quanto
Toda a ética se dilui antes do pão ou
Diante da cicuta
Dormem todos segundo a relva, o arreio e o arado
Em paz, apenas os covardes.

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