Igor Koldhish
O objetivo da vida é
vivê-la em toda a sua plenitude.
Limitações são medos consumados
e ardores consumidos:
nos tornam cinzas...
Fiz outrora uma viajem onde
a escura paisagem era tudo de belo
que se podia ter.
No fim do arco-íris não encontrei nenhum pote de
ouro.
O amor que houvera se provou torpe. Tão parco
quanto parvo.
Não melhorei muito depois dos meus vinte anos...
...me entristece o não saber amar.
Tentei ser livre na fecunda hipótese dos inculpes.
Esculpi uma lápide onde dizia: eterno é o que se
esquece.
Não aqueço mais o sol, nem quero mais o brilho das
estrelas.
As manhãs são apenas prenúncios de cotidianos
arquivados
na memória
dos atos repetitivos.
Dé jà vus.
Encontrei com Madalena e ela está feliz.
Por mais dores que tivera, nenhuma lhe pertenceu.
Encontrei com Aristóteles e ele está feliz.
Por mais dores que causara, nenhuma lhe pertenceu.
Sócrates morreu depois de tomar cicuta.
Platão está feliz até hoje, e não teme ser
republicano.
Estive com Marx no bar da esquina
e rimos muito de tantos tolos engodos feudais...
Convidei Calígola para o meu rebuceteio: uma sigela
homenagem a Apolo sob as bençãos de Afrodite.
A minha epiderme cheira a futilidades
e minha garganta arde a tabaco e aguardente.
Comprei vinho e vodka, algumas cervejas
e alguns quilos de sortidas carnes...
A carne assa sobre a brasa
enquanto o queijo derrete
entre coxas e bocas.
Um gosto de poder e liberdade invade
o vazio sem jamais preenchê-lo.
Incompletude e insaciedade são atributos do
imprescindível.
Nada tem valor se não for compartilhado:
idiota é todo aquele
que acredita
em ser amado.
O deus burguês devorou de vez
os passarinhos.

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