Eutanásia diplomática.
Considerando o patético cenário das Relações Exteriores brasileira atual, imposto pela nova (não tão nova assim!) (indi)gestão nacional, devemos compreender que caminhamos do CTI das duas últimas gestões, para a eutanásia diplomática e cremação pública do espólio de 20 anos de lutas, avanços e retrocessos na defesa inconteste dos interesses nacionais e, em particular, na consciente ação de neutralidade e multilateralismo na preservação da soberania e independência nacional, em face aos arranjos geopolíticos em voga.
O encontro social entre dois líderes que mentem descaradamente acerca não apenas das intenções, bem como firmam-se em decisões que não lhes cabem a autonomia de julgamento, assombra, não pelo ridículo futuro de tais engôdos, mas pela total ausência de responsabilidade para com a República brasileira e o desrespeito aos seus compatriotas aqui e no exterior.
A reciprocidade é a base de todo ato diplomático, no qual a ponderação deve mediar conflitos e exercer a política de justiça e equidade entre as partes em acordos.
Espanta-nos a ignorância histórica-sociológica e geopolítica da realidade pregressa e suas consequências para o Brasil, bem como dos movimentos econômicos que aí estão e que já dão pleno sinal de iminente crise do capitalismo, com uma crise internacional ampla e irrestrita já para o próximo semestre e que deve se arrastar por uma década (ou mais!).
A atitude subserviente aos interesses norte-americanos irá arrastar-nos juntamente com eles, posto que serão os primeiros a sentirem o peso de suas equivocadas decisões econômicas, e, creiam ou não, com os níveis exacerbados de valorização das bolsas de valores e uma não regulação adequada dos derivativos em uma suposta monta de 40 trilhões de dólares em papéis, cujo lastro não comporta o físico de 10 a 15 trilhões, somada a retração e desaceleração do sistema produção x consumo, é uma temeridade não atentar-se para o fato de que não é cedendo à conveniências pseudo-ideológicas que se consolida o mínimo de desenvolvimento social e econômico.
Este desenvolvimento social e econômico depende muito mais do desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação tecnológica próprias; de defesa e proteção jurídica das riquezas nacionais e sua distribuição universal enquanto insumo básico do bem estar social nacional; da efetiva distribuição de renda e preservação das garantias de direitos para e de seu povo; combate frontal e permanente a toda e qualquer injustiça; combate intermitente à todas as formas de corrupção.
Este desenvolvimento social e econômico depende muito mais da redução dos juros oferecidos ao empresariado e ao consumidor final e, por consequência, da dívida pública que favorece única e exclusivamente ao cartel bancário que se instaurou no Brasil.
Este desenvolvimento social e econômico depende muito mais da cobrança efetiva de impostos justos e paritários e sua contrapartida de bens e serviços de qualidade, voltados para o bem estar do povo brasileiro.
O Estado é pago, é mantido com taxas e tributos!!! Tributos estes, frutos do trabalho, da produção e do consumo do povo brasileiro. Não é isentando empresas que se desenvolve uma nação; não dando privilégios à categorias que se gera desenvolvimento. Não. Tais benesses foram e são a porta de entrada para o inferno do descontrole fiscal, tributário e previdenciário no qual nos encontramos, e são a dorsal de toda a corrupção brasileira.
Enfim, ao abrir mão da reciprocidade, seja no que for, enquanto diplomacia, abre-se um nefasto precedente. Ao abrir mão de conquistas anteriores, ainda que pífias, abre-se um nefasto precedente.
Perde-se, mais que o respeito alheio, posto que demostra-se não a subserviência em si diante do beneficiário, mas patriotismo algum daquele que abre mão de prerrogativas históricas de sua diplomacia e, como consequência, sepulta-se a confiança das demais nações, estejam inclusas ou não no surrealismo fantástico que é uma política externa sem consciência de suas consequências ou do que venha a ser credibilidade.
Como afirmara, outrora, em outro artigo: aquele que promete retirar direitos em prol de uma suposta empregabilidade, negará os dois. A visita social já nos prova o quão de trabalho, emprego e renda teremos no porvir, bem como qual o tipo de assalariamento podemos esperar...

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