sábado, 5 de setembro de 2009

Epístolas de São José a uma Corinthiana

Jodhi Segall

1. Algum lugar de 2004

I

É tarde e estou muito cansado. Meio perdido, insólito.
Há um frio na barriga, uma angústia profunda e lágrimas nos olhos.
Um dor no corpo, nos braços, nas pernas, nos olhos, na cabeça. Uma dor de não se esqueça. De tantos desacertos, de muitos aborrecimentos.
A certeza de te amar me assusta. Queria estar tranquilo, olhar para trás com satisfação e para a frente com confiança, mas não. Em mim, tudo é incerteza e perda.
Nu para seu prazer tornei-me nu também para mim mesmo. Descarnei-me em meandros e corredeiras deste amor incoerente, insano, instável e total. Plural em suas faces e formas, uno em desejos, faminto por si mesmo, autofágico, antropofágico e egoísta. Amor estrangeiro e estranho. Inalcançável. Amor profano, profundo e dano. Diuturno, soturno, sovina. Grande demais!
E eu pequeno. Pequeno demais para ambos, você e ele.
Você e a sua autocracia, sua liberdade vital, sua independência completa de mim, suas negações e fugas; ele e sua ganância por espaço e tempo.
E eu com meu desamor próprio, minha não percepção de mim, minha infinita busca. Por auto-afirmação, a luta em conquistar meu respeito e reconhecimento próprio, a falta de horizonte, de segurança, de perspectiva. Descentrado, sem rumo, sem eixo.
A percepção desta não relação com a realidade e os valores comuns, o meu não comprometimento com a estabilidade financeira, a não construção de algo comum, a fragilidade das minhas emoções... Tudo exposto e cru.
Já não sei se há salva-vidas ou salvaguardas.
A distância agora se solidifica nas verdades não feitas, torna-nos objeto de um destino (in)comum.
Não vejo partilha. Sinto navalha. Um corte profundo na face. Um quê de amor mal vivido por um eu mal amado. Sinto como se amanhã não existisse e apenas passei, sendo mais um que foi, se perdeu pois perdido estava.
Nada tenho a cobrar. Nada posso exigir. Nada posso ofertar pois me vejo nulo e sem saída. “Perdoa-me por me traíres”. Quero apenas afirmar que não sei te amar, mas tentei.
Quis ser o homem de sua vida inteira e me vejo apenas um menino de chinelo e calças curtas que tem medo do escuro.
A solidão não me apavora mais. Não sou cativo de mim. Não estou bem hoje. Estou no entrave.
A clareza da dor. A proximidade da partida. O seu crescimento, a sua expansão...
Minhas mãos vazias, nem flores nem pedras.
Onde minha grandeza? Onde minha pequenez?
Tudo em ti me é beleza e eu em ti apenas vez.
É pouco. Muito pouco.
Louco ou não, pouco me importa
Cão sem dono.
Longe do tocável, do resoluto. Tudo é absoluto, guilhotina sem voz ou sangue. Mundo silencioso.
Em cada canto, o gosto agridoce de vinho tinto e pernil assado. Teu sexo, meu gozo... as entranhas da poesia, o látego de Eros.

II

Em mim, és vida e luz e o mais completo obscuro e se te nego é por tua negação!
Se tudo é cansaço, desgaste e desencontro é pela não realização do amor... amor-paixão; ódio-paixão; paixão-paixão. Amor completo, complexo, repleto de lacunas e mal preenchidos. Amor que requer cadastro e preço. Etiqueta. Senha de acesso e análise equacionada do eu.
Um eu já descarnado, desossado, dissecado.
Se meus rompantes te são ofensas, se lhe violento, exponho tanto, onde o riso e o beijo, o ardor do desejo?
Na calma, nada te contenta, como se minha calma te aviltasse e minha apaixonada alegria te fosse fútil.
Fútil é meu completo desespero e esta súplica por teu amor enquanto sou executado na cadeira elétrica (o retesar de músculos e nervos; o fechar da traquéia; o cérebro reduzido a nada)...
A desconfiança, plantada e alimenta, é acompanhada pelo excesso de confiança (minha nudez extrema). Eu carne exposta; corpo expatriado; decifrado; decodificado... Como arrancar a tatuagem que me identifica como teu? Quem é este desconhecido que sou agora?
Destruído o inexistente, resta a verdade do nada que sou. E isso não dói, me embeleza à medida que me torna um poder ser... Vejo-me na desintegração, no desvio. Não mais na contramão.
Não sei de nada, mas te amo.
Por ora o que era enquanto torna-se o quando. Não há promessas. Não há promessas. Não há certezas. Apenas tenazes.
Um vazio que permeia a espera.
Um lugar sem lugar nem era.
O que me é trágico não é tua nudez mal revelada, é minha insensatez de não a despir, de não a viver totalmente. Temo agora vê-la por completo neste total desvelo do incerto.
Nada me é fatal/causalidade. Apenas consequência de premissas erradas e atitudes idiotas, cuja clarividência já determinava algo deste óbvio cerceamento de qualquer tomada de decisão ou possível escolha.
Não sei te amar. Tornei-me obsoleto demais. Ignorante demais. Estúpido demais. Tudo demais enjoa, cansa, esgota. Tudo de menos também.
Não temos meio termo. Extremos são conflitantes. Nem sempre convergentes.
Fomos infiéis no amor. Agora pagamos o preço.


2. Infernos de 2005

I

Chorei o morto enquanto vivo. Agora rendo-me às circunstâncias.
Fora da história e do tempo, desconstruído em minha mitologia a insólit(d)a realidade do combate ao sem tempo e espaço quando tudo é espaço-tempo.
Tolerar o intolerável. Mortes primeiras nos diários incomuns de duas autocracias cerceada.
Amor estrangeiro e pendular,
perdido de si, desencontrado
num absurdo de lendas
mal/ditas e poemas impublicáveis
o eu-cachorro correndo atrás do próprio rabo...

II

Definitivo e métrico,
um amor feito de desamores.
Olho equívoco
sem peso ou medida
tanto prazer e profundo êxtase
tanta insensatez e descontinuidade...
Amor feito de termos de conduta e agendamento prévio, de fragmentações construídas
Negação.
Não julgo, questiono ou quero.
Uma íntima crueldade não define algoz ou vítima:
ambos parasitas de descontentes idos
Ritos e códigos
(des)temperamentos sem paz ou harmonia
Apenas perdas e danos...
Talvez enterre este amor no passado
das ilusões ou
o reconheça no jazigo dos covardes.
Na existência de dois, apenas um engodo
mentirosos
Por anos sem altos ou baixos, apenas intensos.
Este tanto enquanto e todavia,
derramado em poucos braços e todos os leitos
meus mil defeitos e outros tantos desatinos
o transtorno da ausência
nuvem da sofreguidão dos beijos.
Suas verdades lhe são companheiras,
as minhas verdadeiras.
Não tão prostituto quanto distante de toda distância.
Chorei o morto vivo.
Vi e vivi a dor,
não mais pertence.
Não há porque não ver as flores ou
valsar o contentamento...
perdoe por não ter partido quando você partiu...

III

Acordo entre as nuvens tempestuosas dos braços teus.
Não importa se amanhã virá;
se chegará breve ou longe
Aqui te guardo nua e desejada a cada passo.
Sou teu completamente
E de nada ou ninguém me faço meio.
Este incontido querer-te
Livre amor sem pequenez
o sol do mar em nossa tez;
O sal em meu semblante
A distância errante
Remove terras e engolfa mares
Insano amor que condena aos tufões
Do improvável
Nada (em)(in)comum
Somos tudo e todos ao mesmo tempo
Olha-me com teus olhos meus
Não mais a escuridão dos infelizes
subimos a colina do plural
No silêncio da paixão...
Serena espada transpassa o peito
Sem dor ou sofrimento
Amor sem medidas, receios e termos
Atemporal, desterritorial
De pequenos fragmentos
e plenos descuidos
cotidianos
Amor assexuado
de gozo profundo
e águas turbulentas
Sereias de carícias helenas
Meu piormelhor, meu melhorpior
Tudo e nada.

IV

Completo incompleto complemento.
Amor
Metalinguístico
Metafísico,
Diametral a toda concretude
Amor integral
De perdas e danos
Metamorfoses
luz contínua e
trevas espessas
cego, surdo, mudo
caos
ordem
perene
Nada de ti retenho
Nada de ti me é posse
Transcende
Ascende
Paixão intermitente de altos e baixos
E nenhuma espera...

V

Desejo da vida inteira
Paixão tórrida, avassaladora
(Antropo)(Auto)fágica
de descontínuos e contínua(mente)
Mentiras, sexo e videotapes
aquele gosto de quero mais
insatisfeito e pouco
Amanhecer rouco do até quando
Ou do enquanto-enquanto
Grandioso (cataclísmico) amor
do muito e tão(AM) pouco
Nenhum contentamento ou sensatez
Nem árido nem vazante
Agreste.

VI

Termo entre o plantio e a colheita
Amor sem receita
Arbitrário senhor
Desnorte surtido de amplitudes
Descodificado
Desmaterializado
totalidade
Do amor até as cinzas
No se sentir ameaçado
Por critérios e sombras
Ou sobras de outros homens
Sentir-me teu me basta
Vou em busca da
vida em plenitude
Ou a ignorância
Das porcas misérias
In(coerências/certezas/seguranças)
Sou melhor que as distâncias
Percorridas
Seus abismos e rochedos
Nada mais
Exigirei
Não sou tão pacífico
Nem tão católico
Pequeno burguês
Ignorante
Social democrata
Sei ser revolucionário
Líder intelectual
Discreto e generoso
Apaixonante e sedutor...
Aguarde-me!

VII

Não te culpo. Nem desculpo.
Nada oculto.
Apenas amo.
E por amar assim, já não me clamo.
Não me escuto.
Não me reclamo.
Não te culpo. Nem desculpo.
Não mais te ocupo nem preocupo...
Não há engano no coração cigano.
Não há alarde no portão,
Nem alarido nas circunstâncias.
verdades distribuídas em tonéis.
Nada de pressas. Nem compressas.
Nenhum desengano.
Apenas importâncias e mais interessantes...
Ser grato agora, antes que tarde
ao nada na vida do outro...
ao tão pouco em própria vida...


3. Sabatinas de 2006

I

Três dias sem dormir e estudando feito louco
prova em cima ou acima de prova
gabaritar tudo ou nada
por água abaixo
na última cartada,
nem cheiro de vento ou brisa.
O cachorrinho morreu.
Enterrei no quintal, de manhã.
Realmente precisamos do Espírito da Dádiva.
Ou de uma realidade mais benfazeja.

II

Segunda: melhores notícias e maiores resoluções.
Tá uma merda!!!!! Ampla geral e irrestrita!!!
considerando que eu não tenho prumo,
que estou com raiva
que tudo dói e nada realizo
que acabo me machucando e
atravessando o samba,
que estou cansado pacas
perna doendo, cabeça girando
tudo em mal querer bem
sou inconveniente, esquizofrênico, paranóico...
Bom, a cada idiota a sua idiotice.

III

Quanto mais eu cedo menos a ti pertenço.
Estou em eclesiastes capitulo 3.
Tenha calma. Nada para se preocupar.
Eu sou eu. Você e você.
É assim.

IV

Há um vazio que só o silêncio preenche
(Pelo menos a conta de telefone não será mais um problema).

V

Era grande, o consolo do pão.

VI

Não estou nada bem e
a sua falta é muito grande.
Minhas urgências me (im)pressionam
Mas o texto, aos poucos, entra nos eixos e adere ao contexto...
Tenho exigido demais de nós dois
e oferecido muito pouco a ambos os quatro.

VII

Meu coração vulcano expele lavas de contradições
Já nem tenho mais desculpas, pois tudo que sou é culpa
É preciso encontrar uma saída
Sem morte súbita ou o desgaste do amor
que ora me leva ao paraíso e ao inferno de mim
Bem enlouquecido e pouco realizado, sou uma combinação explosiva
Tudo que quero é amanhecer
iluminado pelo riso de seus olhos
sem ter que matar um tigre por dia para
dizer te amo...
Destroços em rebeldias infrutíferas,
Cobranças ingênuas.
Trazendo sua calcinha no bolso
poeta em luto e tesão. Lutotesão.
Viúvo de mulher viva
E cão raivoso a despejar cóleras no útero do descontentamento.
Tudo em mim é seu, menos eu.

VIII

Tenho muita raiva,
muita mágoa,
muita angústia e
uma ausência presente e insatisfeita.
Aderno à tirania.
Se Rimbaud escreveu o Barco Embriagado,
escrevo o Barco Encalhado...
As noites sem dormir, as embriaguezes programáticas, os telefonemas de controle simbióticos...
caos e desencontro... onde o encontro?
Revivemos maios em fevereiros,
ônus não são amor na distância dos prantos,
na não partilha dos pratos.

IX

Acabei por não receber
o patrão teve que se ausentar e
a patroa estava sem grana.
Traga roupas de frio,
aqui ele está de doer.
Trabalhos encerrados,
resolvendo as faltas (todas!),
principalmente as que não faço.
Ou não possuo.
Assumindo perdas,
reestruturando custo x benefício,
retificando danos e avarias.
Iniciando uma nova fase.
Te amo e resolverei este saldo.

X

Sem coleira, seu cachorrinho doridinho
ai! como dói esta merda deste dente!
Está tudo solto no ar,
Mas o momento é de definições,
a agenda dos mestres e
a boa vontade dos deuses.
Ontem perdi o controle
e saí de mim, literalmente.
O poema é uma adaptação de um Sêneca
mal vivido e mal dormido.
Estressadinho pacas!!!!!!
Nervosinho que dói...
Por outro lado, dói tudo:
cabeça, ombro joelho e pé.
Mas tudo bem:
eu e tempo somos mais fortes
que quaisquer outros dois.

XI

Um dia esclarecedor e produtivo.
Amanhã será corrido.
As abelhas servem o mel
mas possuem ferrões dolorosos!
Triste quando muitos desfrutam de único favo
e deixam apenas o amargo branco e salgado do sêmen
de flores distraídas para a morte outonal.
Uma festinha agradável:
disputas infantis e ridículo público e
notório;
nada como um passeio noturno pelo campo...

XII

Sex and city?
O concentrar-se no ato,
além das pautas...
o amoroso enleio no júnior e
um post mortem às cinco da manhã...
a dor desesperada de mãe e
o meu culpado! culpado! culpado!
eternamente, culpado?
Os mistérios se revelam aos poucos.
Assim também o amor e a artimanha.
No amor, aquilo que jamais se revela.
Em todas as faces: discrição e prudência.
Não estou em silêncio. Apenas preservando-nos da dor.

XIII

Todas as mensagens apagadas e
nenhuma das enviadas chegando a seu destino...
Uma deprê de fazer inveja.
Um oco,
um vazio desesperador.
Não consigo ler,
escrever menos ainda.
O trabalho está uma merda...
O projeto não saiu do improvável.
Tô maus... Tentando ir praí.
Alguma bendita alma
encontrou a bondosa da carteira.
Salvou-se a identidade,
o título, as fotos sua e
uma conta de 20 reais
que tenho que quitar até segunda.
Estou terminando o Che e
dando um tiro no pinto

XIV

Como uma barata tonta, nem de perto executável.
Dói tudo e
as minhas raivas são plenas.
O sapato furou.
O chuveiro pifou.
O sabonete acabou, o papel higiênico, também.
O gás, resolvemos.
Espero que não venha coisa pior pela frente,
muito menos por trás.
O estômago é uma bomba atômica
Não me espere.
Se estiver lá, bem, senão, amém!

XV

Ainda há esperança
Sob sol e sobre fogo.
Avançar e desdobrar sobre o terreno.
Atingir
Atacar, conquistar e manter.
Reorganizar e prosseguir no ataque.
Morte a eros, glória a marte!
Sic transit gloria mundi.
Alea jacta est.
Seo venti fecere moras
Sive aequora vobis
Ad nulla vester damna
Retentus Amor


4. Tardes de 2007

I

Cahorrin’ inluarado...
tentando poupar energias e
não se desesperar mais que o desespero.
Ih!! O trem tá grave...
Não estamos nada bem com nossos tico e teco.
Tô todo arregaçado,
fodidinho da silva...
Num guento mais ver Lei, Artigo, Inciso, Pena
e tenham pena de mim...

II

De volta à fase dos ciclones.
com todo este emaranhado de improbabilidades e
sem a mínima sustentabilidade,
estou nos quintos.
Recebi a resposta do C.: um “lamentamos profundamente, mas...”
Realmente o trem tá feio, ô sinhá!!!

III

Me abri com F.e
dei carta branca para o que se foda!!
foi melhor do que ficar calado e
fazer de conta que nada ocorre.
Considere-se minha
penúria e desesperada insubsistência,
resumam-se todas as perdas
auferidas no período e
determine-se a falência múltipla de órgãos.
Nós no olho do furacão...
Te amo.
Mas estou me odiando.

IV

1000 m nos separam aqui e 500 km nos aproximam.
às vezes você está coberta e descoberta de razões...
Ver até o fim...
Alguma pele restou entre nós?

V

Por aqui uma enxurrada de trabalhos
fá-los-ei a bom termo!!!!
Dormi mal pacas.
o corpo ruim pra caramba e
suspeito de hepatite.
Os olhos parecem duas gemas
Há um cansaço que não cala
e um desejo que não se sacia.

VI

A gente compreende, e até perdoa, os esquecimentos,
o problema são as lembranças.
Você me acusa do seu sucesso
e eu reclamo do meu fracasso...
não comemos palavras.

VII

Eu sou eu,
você é você.
Se tudo é uma questão de escolha,
você já fez a sua.
[sou grato por tudo
que me ensinou
apenas não posso pagar as aulas!].

VIII

Cansei de me transmutar
em mil faces,
de ser punido por um crime não cometido.
Há uma única conclusão: é hora.
Quanto menos pensar,
mais farei.
Dizer te amo não basta!

IX

Monossilábicos
Te amo! Será que isto acalma
esta tempestade de areia?
o inferno se aproxima...
A questão é sim monetária,
encontrarei uma solução, uma
semana tranquila,
sem massacres ou meros acres.
Re-verificação de Previsões...
tenho muito mais
problemas que soluções,
muito mais solidão
que solidez, muito mais
lacunas que veredas...
muito mais déficit que liquidez.

X

A morte nos é companheira e
um dia o canoeiro
convida ao translado do rio.
Tenho errado comigo.
E conosco.
A minha saudade não pode impedir
meus passos
porque
se não ando
fico cada vez mais longe
do que quero por perto.
Importante é chegar lá.
Onde?
Nem sei mais
mas em algum lugar se chega,
ah!, com certeza.
Não consegui dormir nesta noite
com Lexotan e tudo.
O triste é saber que
a rosquinha das nove da manhã não tem
o mesmo gosto às nove da noite...
Noite dos Horrores
Estamos de mal a pior...
e afundando...

XI

Os limites da razão se rompem
como papel de seda...
Tu me amas?
O meu problema é grana.
E sexo.
Acordei às quatro da manhã e
não te liguei.
É um avanço.
Afogado em duas toneladas de
papel e uma de lixo, agradeço:
Obrigado, amor...
agora sei que não tenho
nenhuma estabilidade
emocional...
Eu dragão, tu cavalo!
Celular Desligado!
Telefone Ocupadíssimo...
Tá molhadinha de suor?
tô doidim de sodadi...
Noite estranhíssima...
nunca senti tanto a tua falta
e a tua presença...
tudo muito forte e muito desorienta/dor...


5. Entardeceres de 2008

I

Não! Negativo!! Não mesmo!!
estou me afastando cada vez mais de você e Cia.
não tenho mais saco para telefonemas e monocromáticos.
não arco com mais nenhuma perda ou dano
e já basta o tolo engano.
Saudades perpétuas.

II

Te amo, sua pastéia!!
Quero a sua felicidade
me reestruturando aos trancos e barrancos.
Não há restituições a fazer e
desculpas são apenas indiferença consumada.
Se escolhe seguir em frente
sem a minha (in)constância,
que seja.

III

Um pouco mais de privativos e preservações.
meio definitivos do infinitivo.
Tento me refazer sem negar o direito de te amar
a negação completa e o êxtase absoluto.
me perdi no dentro-fora de nós:
apaixona-desapaixona de cinco em cinco minutos.
IV - Cacete!
cada canto desta merda de cidade
me lembra um pinto duro e
uma boceta fugitiva,
uma discussão,
uma indignação e uma saudade e
o medo.
Como caminhar sem pernas?
Como sonhar sozinho?
Te amo.
Apenas isto.

V

Sem palavras
que me permitam ser sensato
Estou errado,
debilitado e ferido.
Finalmente, abandonado por mim...
e rifado por você
centenas de vezes...
Luto (enluto!) feito uma besta
quadrada para realizar este amor
Para você, tanto faz.

VI

É tão simples dizer acabou...
não precisar mentir
nem ocultar cadáveres...
a minha adolescência.
contra tudo e todos,
sem eira nem beira,
sustentei esta passagem
apenas uma leitura.
ferido e magoado,
tentando não ser revoltado
nem revoltante.
As raivas passam
as dores extinguem,
tudo em seu tempo e lugar.

VII

Menos amargo e agressivo
Se me acena com amizade,
aceito.
Não quero perder tudo.
Se fui desastre em sua vida,
perdoa
saia logo desse estado de pânico e
siga em frente.
Não tenho o direito
de fazer o que estou fazendo.
Nem comigo, nem com você.

VIII

4 de julho, independência dos EUA.
Verificando as flanelas e a panelas,
e preparando as partidas
por meus delinquentes,
tão eloquentes.
um trabalho magnífico!
Mas não posso me considerar
"Companheiro"!
talvez um pajem,
um bode expiatório,
um porto inseguro.
Mas amor que não ama, é muito!
Onde se encaixa o sem caixa ou encaixe?

IX

Não, anta, não me orgulho,
apenas amo.
E me reconheço.
Não tenho preço
nem divido cova rasa!
Não é o prato,
é a balança!
Não é o ato,
é o comum.
Não é a raiva,
é a renúncia!
E o repúdio.
Companheiro?
Olho-me distante de ti.
Onde de tão dentro de ti me arrancaste os olhos,
os ouvidos, as vísceras?
Fique com
Maiakóvski!
Ando sem pernas...
Ainda possuo minhas asas!

X

O ciúme silencioso ou gritante
e tudo ao amor é tão simples...
Desculpe o mal dito e o mal feito.
Meus dois neurônios estão um tanto
incapacitados para criptografias e
meus corroídos nervos não estão dispostos
ao sarcasmo.
ABIN...
Nada como informações precisas:
nos tememos mais do que nos amamos.
Construímos bem o mau e mal o bom.
Em tese, são as últimas palavras
Apenas boa sorte e
boa viagem!

XI

Após tantos poemas incinerados
tantos convites e recusas,
tenho escrito alguma coisa.
Nada muito especial.
Com uns trabalhos em mãos
e outros nos pés.
Gripei feio.
A reforma da casa começou.
Estou renovando os arquivos
e jogando fora o que não tem mais função
ou justificativa.
consegui fazer o oftalmo
Não admiro minhas irritações...
Agora só faltam as presas.

XII

Ah!! Crer? Acreditar? Creditar?
Passa-me São Paulo...
E povoamentos...
Espaçamentos...
Urbanos e seus detritos.
O Eu restrito.
Lacunas. Lagunas e retiradas.
E projetos duais
em uniláteros quadrados
E amanhãs que
não me pertencem
tanto quanto os ontens
dos quais não participo...
Há um ser que arde
e outro que pranteia.
Mas não faço mais alarde.
O cão ladrou, ladrou, ladrou...
Apenas.
Noites insones.
E pouco importam quantos,
quandos e ondes.
Para onde se foi
quando se perdeu o bonde?
Já tanto faz o roteiro,
o outeiro ou o valor.
Pouco importa qual é a rota rota,
No banco da praça,
agência calçada,
os custos,
a contas,
as portas fechadas.
Verificamos fachadas e velórios.
Tudo é azul
no oceano de quem ama.
O resto que se foda!!!
Um dia cansamos de comer restos e
a realidade se prova
Extremidade.

XIII

A máscara.
A farsa.
A fraude.
Meus olhos cegos.
Meus ouvidos surdos.
Meus dentes podres.
Um dia os monólogos se ouvem.
Esfinge.
Consegue ver além do próprio umbigo?
Consegue ouvir além do eu consigo?
Autocracia é uma cela
Bondade é um engodo.
Usura é fome de ternura.
Invejas:
que outro não me possua
o quanto dele imprecisar.
Vazios.
Hereditários.
Identitários.
Tudo em todos: solitários.
A porta. Sem aporte. Sem chave.

XIV

Temporada de caça suspensa
sobre nós e nós
Avanços e retrocessos...
Monólogos de perdas
e negações...
Foi um erro não ver o inferno
em que estou...
Eu sou eu, você é você.
A carteirinha é uma prova de identidade...
O que me espanta é
a consciência das coisas.
A dor não tem limite.
Tudo que era certo se torna duvidoso
Capetinha é a latinha do crak.
Tô numa merda do caralho,
mas talvez comece a trabalhar
(bico fechado, nada de esperanças!!!)
Ontem tomei três gengibres para
literalmente - apagar.
Hoje, dia inteirinho de ressaca
e dor de cabeça.
É horrível afirmar estávamos...
Aliás, poucas alterações...
O arquivo não abriu.
Mas há uma série de impedimentos.
As dívidas, o SPC-Serasa,
e os trabalhos para acertar arestas
e sair com o mínimo de decência.
Sempre quis ir embora.
Preciso me reler, ouvir, sentir...
Aqui cada centímetro quadrado me faz pensar em você.


6. Estertores de 2009

I

Enfim, o fim!!
Não mais suportar o amor que não ama,
a coragem que não age,
a irracionalidade que se entroniza.
Não se trata de depressão ou cárcere.
Mas de humanidade perdida,
De possessão,
obsessão, invejas, arquivos mortos...
O que restou?
Estrume entre prados não semeados.
Mesmo tragicômica, vivemos e morremos uma grande história
Ainda que distintos,
untados no mesmo óleo,
forjados no mesmo forno,
aquecidos no mesmo leito.
Não dizer futuro algum
O passado não acaba na alvorada,
mas pode ser recusado na aurora...
Te amo.
Lamento.
Mas a indiferença faz toda e qualquer diferença.
De tudo em si, seu próprio norte.

II

Não sei me explicar
como de costume.
Sei que supitei
Explodi implodindo-me.
E nós, cartas do tarô cigano
antagônicas,
entre rivalidades imbecis
e colaborações externas...
somos a soma
e o sema de dois.
O resto não coexiste
e nem sobrevive.
Sem neurônios, alma,
nada...
esta paixão não suporta ouvir o nome
um do outro,
e percebe-se frágil e incompleta.
O nome de Javé é Ciumento...
Na luta pela autodeterminação, o holocausto (claustro)
do outro.
A entrega de corpo e alma,
e cinzas...
Mais que torto,
morto.
E querendo, mesmo sem querer...
E amando cada vez mais,
no nunca ou tanto faz.
A fome não passa,
mas a embriaguez é constante.
A perenidade das circunstâncias...
O medo e
sua relevante perda.
As pedras.
Os túmulos
E a partilha e
desespero.
Meu desterro seu.
E tudo tão óbvio...

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