segunda-feira, 18 de abril de 2016

17 de abril de 2016: o fim da Nova República brasileira?


José Dias

Para aqueles que se vangloriam, sob as bandeiras do combate a corrupção e por Deus e para o bem da família brasileira, há de se prever a ascensão sine qua non da direita radical e o cataclisma social nacional.

A política de consenso entre a (pseudo) esquerda do Partido dos Trabalhadores e as demais correntes político-partidárias fracassou, não por dicotomias ideológicas, mas por consagrar vícios práticos (políticos, administrativos e jurídicos) remanescentes das corruptas oligarquias que, seculares, governam colonialmente a nação e se prestam ao desgoverno em função de interesses transnacionais.

O futuro próximo afirmará a política de excessão e a instauração de um integralismo neoliberal jamais imaginado ou verificado ao sul do equador.

As conquistas sociais que - entre avanços e retrocessos - consolidaram o mínimo arranjo de garantias individuais e coletivas ao povo brasileiro, e que no governo petista deu especial atenção aos mais pobres, ver-se-ão extintas através da precarização do trabalho, terciarização do trabalho público e privado, achatamento salarial, dessecuritização e privatização da seguridade social, privatização da saúde e, fundamentalmente, sucateamento e privatização da educação, com ênfase às instituições federais de ensino superior.

Não obstante a tal previsibilidade, somar-se-á o silenciamento dos gritos dos excluídos com a execração dos grupos minoritários e suas reivindicações por justiça, igualdade e equidade.

No âmbito da empregabilidade, emprego e renda, veremos a supressão dos direitos trabalhistas e a desoneração integral da folha de pagamento em benefício dos empregadores, sem contrapartida de melhoria salarial, poupança individual ou consolidação de renda do proletariado.

Projetos de transferência de renda e promoção da qualidade de vida serão enterrados sob os escombros de uma democracia que jamais existiu, nem de fato, muito menos de direito.

A reforma agrária natimorta, quimera de mil faces da política nacional, finda sob a ditadura escravocrata e genocida dos coronéis do campo e da cidade: suas grilagens, suas lavras ilegais, seus desmatamentos tão lucrativos, e, principalmente, suas dinastias político-partidárias.

O acirramento das questões agrárias eclodirá sob a bandeira sagrada da justificativa da legalidade e da ordem institucional, levando ao extermínio centenas de famílias campesinas.

A simples hipótese de uma reforma política, territorial e fiscal, institucional, político-partidária e socioeconômica voltada para o bem estar social, por Deus e para o bem da família brasileira, encerra-se aqui. Tanto quanto a renovada velha república.

Enfim, o Projeto Getúlio e seu filho pródigo alcançaram seus objetivos.


Sic transit gloria mundi.

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