terça-feira, 22 de novembro de 2016

Pra não dizer que não falei de horrores

José Dias
Uberaba, MG, 13 de outubro de 2016

E chegamos lá! Corruptos e corruptores pilham descaradamente o povo brasileiro. E afirmam ser para o bem nacional os descalabros que, por si só, já se agigantam!
De todas as reformas "fiscais", a política é aquela cuja urgência se faz para além da previdência: um congresso com um “PIB” de cinco bilhões de reais é um país alheio à realidade provinciana do desenvolvimento social, político e econômico brasileiro. 
São necessárias mudanças estruturais.
É preciso revisar conceitos constitucionais e reestruturar os códigos jurídicos, penais e trabalhistas, bem como o processo legal brasileiro. Mas principalmente, cessar as excessivas benesses, hoje, oferecidas ao funcionalismo público em seus cinco poderes: Mídia (propaganda e marketing), Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público. Afirma-se, com certeza: não foram as carências do povo brasileiro que causaram a falência nacional. Com certeza, não! 
Essas sempre foram, apesar de solucionáveis em curto, médio e longo prazos segundo a tipologia do risco social imanente e da probidade administrativa aplicada à pesquisa, planejamento, desenvolvimento, execução e monitoramento de resultados, o alvo preferido dos corruptos e corruptores nacionais e estrangeiros: o pobre povo brasileiro é um ser profundamente mal educado e indesejável, mas necessário.  
É triste informar que o entendimento de "pobre", aqui, não é o critério utilizado para o extinto Programa Bolsa Família - PBF, mas o de ignorante político.
E poucos escapam...
O resultado está aí: no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados e, principalmente, nos Estados e Municípios, verdadeiros feudos, currais eleitorais de famílias seculares: quem vota em um lider de esquerda e constitui um congresso/governo de ultradireita, deseja tudo, menos transformações... O resultado é essa loucura ingovernável chamada República de Bananas.
De eterno, apenas o PMDB, que não suporta ser contrariado ou ver cessadas as corruptas rendas de sua subsistência. Fiel pai de tantas siglas (impossível crê-las significado ou significantes de alguma ideologia política que não seja alimentarem-se do fundo partidário e fragmentarem e esvaziarem as discussões acerca do desenvolvimento social brasileiro), construiu e pavimentou o projeto neoliberal (Projeto Getúlio) que agora, em 2016, mostra-se, ao contrário do imaginado, não em sua fase terminal, mas com fôlego pueril para a sua sustentabilidade secular.
No âmbito do emprego, trabalho, assalariamento e/ou renda, as análises econômicas mundiais apontam que "pobre" é aquela pessoa produtiva que ao fim do mês não atingiu um salário/renda no entorno de U$7.500,00 (sete mil e quinhentos dólares), ou seja: R$26.250,00 (vinte e seis mil duzentos e cinquenta reais/mês) em câmbio médio atual.
Logo, quem no Brasil crê-se classe média, deveria reavaliar seu ponto de vista, pois certeza absoluta tem-se acerca dos miseráveis: são aqueles na faixa dos que "sobrevivem" com U$30,00/mês, ou nem isto!
Embora se considere que - cristã e ecumenicamente - miseráveis sejam aqueles que são incapazes da partilha, salários/rendas acima dos U$100.000,00/mês deveriam pagar impostos adequados às misérias que produzem. Mas, atente-se, no Brasil e em maior parte do globo, ricos não são pessoas tributáveis, mas benemerentes e filantropos, que beiram à santidade e merecem a isenção de seus pecados.
Neste sentido, como para toda ação há uma reação de igual força e direção contrária: há, no momento muitos, muitos, e cada vez mais e mais pobres famintos e desesperados que, abandonados ao léu de sua própria ignorância, criarão seus próprios negócios de alta rentabilidade: tráfico de drogas; assaltos a bancos e comércios; sequestros, entre outros. Mas não se comparam ao uso indiscriminado da religião ou da "pilantropia", realidade reinante, para o fim de desvio de verbas e lavagem de dinheiro. 
As loterias populares, por exemplo, tomadas por bingos cujo valor é "capitalizado" em prol de instituições filantrópicas, são mui bem administradas pelos cartéis do jogo do bicho: pobre das crianças e idosos que de tais recursos dependem! Há casos em que nem as Instituições supostamente beneficiárias existem, e, na maioria dos casos, quando existem, nem sabem que estão arroladas no rol de beneficiária dos lucros aferidos com a suposta capitalização. 
As Organizações da Sociedade Civil - OSC, nova e econômica sigla que reúne ONG's e OCIPS's, que administram hospitais pelo Brasil a fora, por exemplo, fazem tudo, menos administrar hospitais em prol da excelência no atendimento à comunidade.
As instituições asilares e de abrigamento tornaram-se, em sua maioria, verdadeiras pocilgas pré-tumulares. A realidade destas instituições Brasil a fora é desesperadora. Crê-se que 85% destas Instituições sobrevivem ás custas da comunidade de entorno e abnegação pessoal do titular e seus colaboradores.  
A sonegação fiscal de micro, pequenas e médias empresas é uma outra fonte de renda muito apropriada para os setores reguladores e fiscalizadores, bancos principalmente, porém, nada se iguala ao coluio de tantas súcias quando comparados aos não pagamentos de impostos de pessoa de alta estirpe ou grandes empresas, sem falar nas absurdas renúncias fiscais e desonerações que deveriam resultar ou em diminuição de preços ou empregabilidade, o que raramente ocorre. Nessas horas, a CPMF, a 0,01% resolveria de bom grado a maioria das distorções e apontaria quem é quem no mundo do caixa dois. Quiçá vejamos o quão gentil é o povo brasileiro enquanto escravo pecuniário das instituições financeiras e do fisco...
Entende-se, por exemplo, que a tributação brasileira é injusta. É como ter um sócio que não faz absolutamente nada, pois esta é sensação de abandono do povo brasileiro, e que consome diáriamente 60% dos ganhos do trabalhador entre impostos, tarifas e taxas. Quem paga imposto no Brasil é pobre! O resto sonega!!! Como a corrupção, mais do que um desvio do caráter, sonegar impostos é uma cultura nacional.
Logo, se o problema fosse apenas a sonegação, bastariam ajustes sistêmicos e estrururais simplificadores e extensores da tributação, que supostamente as questões de distribuição das riquezas nacionais estariam equalizadas. Mas não! Nascemos, (sobre)vivemos e morremos sob a tutela e salvaguarda da corrupção pandêmica.
O Brasil quer ter um desenvolvimento de primeiro mundo, uma vida repleta de justiça, liberdade e bem estar. Ao menos é o que fica explícito ao ler-se a Constituição Nacional de 1988. Mas pagar o preço deste desenvolvimento? Ah! Isso é outra história!
O que mais assombra é ter a mais clara certeza de que é possível ter esse país. Basta querer verdadeiramente assumir sua independência e refutar a subserviência aos Estados-nações que sugam as nossas vidas. Observe-se que faremos, em 2022, 200 anos de independência, porém nunca estivemos tão dependentes de nossos históricos exploradores. São estes senhores imperiais da modernidade que fomentam a corrupção entre seus lacaios e pelegos.
Quando fala-se de corrupção pouco se explica sobre as suas consequências. A primeira delas é a produção e reprodução da miséria, que é refletida na péssima qualidade da educação e da saúde da população. A segunda, a proliferação do subemprego e de relações trabalhistas que beiram a escravocratocracia, quando, simplesmente, não a reafirma através da degradação humana. A terceira, o crescimento e a explosão da violência intrassocial, muito mais decorrente da necessidade de desestabilização de processos organizados de reação ao staus quo e sua cadeia de crimes contra o erário público e a economia popular, sonegação e impunidade, do que ato legítimo de barbárie ou mera desinteligência: onde a violência impera, não há negligência do Estado, mas sua conivência. São os agentes do Estado e seus entes políticos e econômicos quem lucram com o canibalismo intrassocial. 

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