Jodhi Segall
Solidariedade: encontro de mãos.
De pés que caminham.
De olhos que tateiam.
De braços que se erguem sem medrar.
Solidariedade: justificativa de toda e qualquer verdade.
Respeito. Dignidade...
Amor sem idade.
Solidariedade: palavra promíscua em boca estúpida!
Palavra distante. Presente, renitente, relutante.
Palavra nua. Desnuda.
Carne. Cerne!
Palavra humana: sal. Fermento.
Solidariedade: dar o melhor de si.
Sem desesperas. Sem pressas.
Sem preços.
Dotar de apreços.
Visão. Audição. Tato.
Falas e silêncios...
O paladar. O banquete. As fomes...
Pai, paizinho, dai pão a quem tem fome
E fome de justiça a quem tem pão!
Solidariedade: ato de humanidade,
revelações. Revoluções. Evoluções.
Não caridades!
Dádiva. Troca. Excelência!
Quando eu chorar
Não me venha com palavras
Não me venha com desculpas
Apenas me abrace
Altivez! Nada pequeno, nada de pequenez!
Solidariedad:
El niño,
No plantea! Son por sus lagrimas
Que ergo el grito.
Son por las dores de
Su madre que
Adelantame em muertes
Plenas.
Son por los prados
De mi corazón
Que los senderos del vivir
Hacem la guerra!!
Solidariedade.
Tomar partido.
Untar a fôrma.
Realizar a forma.
Afiar enxadas, espadas e foices...
Afinar instrumentos,
cordas e sopros.
Assar o bolo.
Rolar a bola...
O abraço! A cura.
O amor, a paixão e a loucura.
Solidariedade.
Passar cestos de pães e peixes
Por entre brados e braços,
Por entre trouxas de roupas e
Balaios de gatos.
À noite todos os gatos
são pardos
Solidariedade: palavra pecaminosa.
Palavra banida por ser perigosa.
Palavra oculta. Abissal!
Prennez de la courage, mon compagnion.
L’amour toujours l’amour règner sur
Le chaos du monde.
Je t’aime, tu m’aimes, n’a pás besoin de
Rien.
Solidariedade.
Palavra sem ética.
Palavra maldita! Mal usada. Indefinida.
Palavra fétida, putrefata,
purida nos corações e mentes.
Estética!
Palavra ingênua. Infantil!
Feita de quase e talvez.
Sinônimo de omissão.
De expropriados.
De sem.
O fato de termos um prato
Sobre a mesa não nos
Isenta da responsabilidade
De que seja comum,
Comensal, solidário.
De que todos gozem
Dos mesmos direitos,
Dos mesmos prazeres,
Da mesma harmonia.
Solidariedade: ato de luta,
Pacto de guerra!
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Da Praça XV a Ribeira
Jodhi Segall
Era tarde a espera e
cedo demais para esperanças
Sincera era a canção
assobiada pelo menino que
encantava estrelas
A barca parte da Praça XV
para a Ilha
Chove sobre as quintas del Rei
mas a frente o sol apresenta sua
imperiosa face
Poseidon reclama calmaria
mas Eólo brinca distraindo-se com suas
nuvens de algodão doce
Travessias e travessuras
tudo ao novo é aventura
descoberta de si
construção do mundo
Golfinhos alados
acompanham a escuna
entre a procura e a partilha
no horizonte a Ilha
Aporta a nau no cais da Ribeira
Sempre felizes desembarcamos
em boa companhia
todo o apartar-se é novo encontro
não há saudade
nenhuma falta
só completude
Era tarde a espera e
cedo demais para esperanças
Sincera era a canção
assobiada pelo menino que
encantava estrelas
A barca parte da Praça XV
para a Ilha
Chove sobre as quintas del Rei
mas a frente o sol apresenta sua
imperiosa face
Poseidon reclama calmaria
mas Eólo brinca distraindo-se com suas
nuvens de algodão doce
Travessias e travessuras
tudo ao novo é aventura
descoberta de si
construção do mundo
Golfinhos alados
acompanham a escuna
entre a procura e a partilha
no horizonte a Ilha
Aporta a nau no cais da Ribeira
Sempre felizes desembarcamos
em boa companhia
todo o apartar-se é novo encontro
não há saudade
nenhuma falta
só completude
Um homem caminha pela rua
Jodhi Segall
Um homem caminha lentamente pela rua
acende seu cigarro
verifica a indumentária
observa o tempo
em seu relógio antigo
atravessa mansamente a
a praça movimentada e
a feira em alaridos
mira ao redor com
felinos olhos maravilhados
e como se livre fosse
segue para
o ponto final do coletivo
O ocaso é próximo dos Deuses
Um homem caminha lentamente pela rua
acende seu cigarro
verifica a indumentária
observa o tempo
em seu relógio antigo
atravessa mansamente a
a praça movimentada e
a feira em alaridos
mira ao redor com
felinos olhos maravilhados
e como se livre fosse
segue para
o ponto final do coletivo
O ocaso é próximo dos Deuses
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Sophia
Jodhi Segall
Ao sul ardente sol
Ao norte frio a tirana sorte
Garra de tigre e língua de dragão
Celerado estorvo o corvo
amor sem paixão
Tesão
Viola sangrenta a escuridão
Violação consentida a boca do vulcão
Morte helena sophia
Eros compadecido
Morfeu distraído em sua gula
Orfeu traído na volúpia e fome
Ao norte a corte
Ao sul o corte
Cortez laureado em seus exércitos
Caras e velas sem veias
Vela-se: aqui aviam-se mortuários
O gozo ignorado
O riso castro das censuras
A lei do medo e do pavor
Além do horror, o outorgado
amar quem sabe
Ao norte frio
Marte soberano
Ao sul ardente
o ledo engano
Cigano o sal
Da lágrima
o sol
Ao norte o desengano de sophia
Ao sul loucura
Procura a porta torta
a gruta
a grota
Aziago dia sem prazer
Vinho e queijo sem suor
Azeda insone a noite sem soar
O céu da boca é vermelho
O mar das nozes, azul
Ao sul ardente sol
Ao norte frio a tirana sorte
Garra de tigre e língua de dragão
Celerado estorvo o corvo
amor sem paixão
Tesão
Viola sangrenta a escuridão
Violação consentida a boca do vulcão
Morte helena sophia
Eros compadecido
Morfeu distraído em sua gula
Orfeu traído na volúpia e fome
Ao norte a corte
Ao sul o corte
Cortez laureado em seus exércitos
Caras e velas sem veias
Vela-se: aqui aviam-se mortuários
O gozo ignorado
O riso castro das censuras
A lei do medo e do pavor
Além do horror, o outorgado
amar quem sabe
Ao norte frio
Marte soberano
Ao sul ardente
o ledo engano
Cigano o sal
Da lágrima
o sol
Ao norte o desengano de sophia
Ao sul loucura
Procura a porta torta
a gruta
a grota
Aziago dia sem prazer
Vinho e queijo sem suor
Azeda insone a noite sem soar
O céu da boca é vermelho
O mar das nozes, azul
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Além do olhar
Jodhi Segall
Uberaba, MG 17 de outubro de 2009
IFTriângulo
Minhas unhas estão sujas de graxa
Meus cabelos cheiram a óleo diesel
Minha vizinha teve a água cortada
E ambos cansados tentamos sorrir
Meu irmão cata lixo
É aposentado por demência mental
E sustenta o pária do intelectual
E ambos enlutados tentamos chorar
Minha amada morreu
Era estranha demais
Distante demais
E ambos saltamos da lua sem paraquedas
Estatelado na imensidão
Não sei quem sou
Se sou não sei
Do trem em movimento assim saltei
Minha mãe me espera
Sempre espera a mãe
Suas mãos braços abraços e enternecidos
Crescer é se tornar desconhecido
Fiz enfim um poema suicída
Minha vizinha teve a água cortada
E ambos cansados tentamos sorrir
E ambos saltamos da lua sem paraquedas
E ambos enlutados tentamos chorar
Crescer é se tornar desconhecido
Do trem em movimento assim saltei
Uberaba, MG 17 de outubro de 2009
IFTriângulo
Minhas unhas estão sujas de graxa
Meus cabelos cheiram a óleo diesel
Minha vizinha teve a água cortada
E ambos cansados tentamos sorrir
Meu irmão cata lixo
É aposentado por demência mental
E sustenta o pária do intelectual
E ambos enlutados tentamos chorar
Minha amada morreu
Era estranha demais
Distante demais
E ambos saltamos da lua sem paraquedas
Estatelado na imensidão
Não sei quem sou
Se sou não sei
Do trem em movimento assim saltei
Minha mãe me espera
Sempre espera a mãe
Suas mãos braços abraços e enternecidos
Crescer é se tornar desconhecido
Fiz enfim um poema suicída
Minha vizinha teve a água cortada
E ambos cansados tentamos sorrir
E ambos saltamos da lua sem paraquedas
E ambos enlutados tentamos chorar
Crescer é se tornar desconhecido
Do trem em movimento assim saltei
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
O Corpo
Jodhi Segall
Ribeirão Preto - SP.
Grande Circo Popular do Brasil. 1995.
Masculino este meu corpo se heterogeniza, sexualiza,
revela e muta, descarna: deságua em feminino absoluto.
Fundidos, atados, corpo e alma solidificam:
unificam, purificam, autenticam.
Masculino, este meu corpo se rebela à mera função de macho
reprodutor,
consumidor de fêmeas,
de primata.
Minha alma feminina o guia e protege e ilumina;
ousa em asas, afirma: ascende rasgada, dissecada;
exposta, nada priva.
Livre, meu masculino corpo se dilui...
Ama, entrega: integra, desintegra, marca.
Semeia e segue.
Ribeirão Preto - SP.
Grande Circo Popular do Brasil. 1995.
Masculino este meu corpo se heterogeniza, sexualiza,
revela e muta, descarna: deságua em feminino absoluto.
Fundidos, atados, corpo e alma solidificam:
unificam, purificam, autenticam.
Masculino, este meu corpo se rebela à mera função de macho
reprodutor,
consumidor de fêmeas,
de primata.
Minha alma feminina o guia e protege e ilumina;
ousa em asas, afirma: ascende rasgada, dissecada;
exposta, nada priva.
Livre, meu masculino corpo se dilui...
Ama, entrega: integra, desintegra, marca.
Semeia e segue.
Clave de Sol
Jodhi Segall
Para Maria Solange de Souza.
Praia do Jardim Guanabara. 1983.
Ilha do Governador. Rio de Janeiro-RJ.
Epopéia.
Coxas entrelaçadas nas labaredas
do céu.
Espera na busca do delírio:
suor
melodia
e ego.
Curas.
Revela pensante o animal: amante.
Usa-me.
Para Maria Solange de Souza.
Praia do Jardim Guanabara. 1983.
Ilha do Governador. Rio de Janeiro-RJ.
Epopéia.
Coxas entrelaçadas nas labaredas
do céu.
Espera na busca do delírio:
suor
melodia
e ego.
Curas.
Revela pensante o animal: amante.
Usa-me.
Luz
Jodhi Segall
Para os Betinhos e Betinhas,
Toninhos e Toninhas de
Cyranos e La Manchas....
Uberaba Tênis Clube. Abril, 2001.
Aprender a navegar;
Não ser a fôrma,
o forno uno de uma
una forma,
Nem ter limites onde
o infinito impera!
Quero este olhar inteiro
e imperfeito e curioso
Gritando ao vento:
- Liberdade!
Para os Betinhos e Betinhas,
Toninhos e Toninhas de
Cyranos e La Manchas....
Uberaba Tênis Clube. Abril, 2001.
Aprender a navegar;
Não ser a fôrma,
o forno uno de uma
una forma,
Nem ter limites onde
o infinito impera!
Quero este olhar inteiro
e imperfeito e curioso
Gritando ao vento:
- Liberdade!
Gratidão
Jodhi Segall
Para as minhas mães, irmãs e filhas Dominicanas
e meus fraternos frades Maristas, Franciscanos e Beneditinos.
1979. Colégio Nossa Senhora das Dores. Uberaba-MG.
Deus me amou tanto que me fez poeta.
Quisera eu ser seu filho predileto:
poder multiplicar os pães de que o meu povo
tanto necessita, ter a sabedoria de Salomão
e as virtudes de Maria.
Quisera ser um Cristo e dar de graça a
salvação do mundo.
Mas não.
Pequenino como Marcelino,
guardo comigo a gratidão:
Deus me fez poeta:
Um homem comum
(pobre e feio),
como qualquer
um.
Para as minhas mães, irmãs e filhas Dominicanas
e meus fraternos frades Maristas, Franciscanos e Beneditinos.
1979. Colégio Nossa Senhora das Dores. Uberaba-MG.
Deus me amou tanto que me fez poeta.
Quisera eu ser seu filho predileto:
poder multiplicar os pães de que o meu povo
tanto necessita, ter a sabedoria de Salomão
e as virtudes de Maria.
Quisera ser um Cristo e dar de graça a
salvação do mundo.
Mas não.
Pequenino como Marcelino,
guardo comigo a gratidão:
Deus me fez poeta:
Um homem comum
(pobre e feio),
como qualquer
um.
Poeminha de amor
Jodhi Segall
Para Irene. Maestro Arturo Toscanni: 1976.
EM 19XX19 Cap de Frag Didier Barbosa Vianna
Ilha do Governador. Rio de Janeiro – RJ.
Um barco veleja
Sobre as ondas do mar
E o tempo me leva
Nele a navegar
Vento forte vento bravo
Este vem a me atrasar
Mas mais forte é o meu barco
Que navega sem parar
Navega com rumo e sentido
Sentindo as vagas do mar
Me leva tonto e perdido
Louco (louco) para te amar
Para Irene. Maestro Arturo Toscanni: 1976.
EM 19XX19 Cap de Frag Didier Barbosa Vianna
Ilha do Governador. Rio de Janeiro – RJ.
Um barco veleja
Sobre as ondas do mar
E o tempo me leva
Nele a navegar
Vento forte vento bravo
Este vem a me atrasar
Mas mais forte é o meu barco
Que navega sem parar
Navega com rumo e sentido
Sentindo as vagas do mar
Me leva tonto e perdido
Louco (louco) para te amar
Bailarina
Jodhi Segall
Para Maísa (Maria Luíza – Poetisa Bailarina – Ribeiro Pazinatto)
Janeiro de 2001. Via Embratel: Uberaba, MG-Americana, SP.
Nua bailarina dança
Corpo nuvem brilhantina
Ave azul turquesa deslizando
na abóbada dos mitos
Alma
Límpida translúcida onírica
Baila sobre linhas indecifráveis
cifradas por tolos passos de amor
Escreve com furor sem compaixão
Transmigra
Alma
Nua bailarina entrega
Desintegra
Explode em êxtase animal grutal soberano
Selvagem
Nua bailarina ri
Sorri das dores e dos calos
Despe a sapatilha
Veste a navalha
Sangra
Singra
Descarna transforma cria
Desmascara
Nua bailarina ama
Para Maísa (Maria Luíza – Poetisa Bailarina – Ribeiro Pazinatto)
Janeiro de 2001. Via Embratel: Uberaba, MG-Americana, SP.
Nua bailarina dança
Corpo nuvem brilhantina
Ave azul turquesa deslizando
na abóbada dos mitos
Alma
Límpida translúcida onírica
Baila sobre linhas indecifráveis
cifradas por tolos passos de amor
Escreve com furor sem compaixão
Transmigra
Alma
Nua bailarina entrega
Desintegra
Explode em êxtase animal grutal soberano
Selvagem
Nua bailarina ri
Sorri das dores e dos calos
Despe a sapatilha
Veste a navalha
Sangra
Singra
Descarna transforma cria
Desmascara
Nua bailarina ama
O Lobo Mau
Jodhi Segall
Para Vanessa. Verão de 1999.
Folhas de outono, 2001.
Canalha e sem vergonha
Lobo mau o desejo aguça
E o olfato ao longe apura
Esse sabor de carne tenra
Faiscantes os olhos já mastigam
Silhueta encantada e doce e meiga
Delícia delirante, fina flor na mocidade
Curvas de hormônios em profusão
Feronômios
Endorfinas
Dopaminas
Magia do amor. Mágica do prazer.
Mas Chapeuzinho Vermelho
Sedutoramente passa e, vagabundamente, esnoba:
É, lobo mau, vovozinha te espera...
Para Vanessa. Verão de 1999.
Folhas de outono, 2001.
Canalha e sem vergonha
Lobo mau o desejo aguça
E o olfato ao longe apura
Esse sabor de carne tenra
Faiscantes os olhos já mastigam
Silhueta encantada e doce e meiga
Delícia delirante, fina flor na mocidade
Curvas de hormônios em profusão
Feronômios
Endorfinas
Dopaminas
Magia do amor. Mágica do prazer.
Mas Chapeuzinho Vermelho
Sedutoramente passa e, vagabundamente, esnoba:
É, lobo mau, vovozinha te espera...
Saudosismo
Jodhi Segall
Uberaba, MG. Finados de 2000.
Folhas de outono, 2001.
Com quarenta anos, ausência dos colos,
Dos amores enternecidos, envelhecidos
Em tonéis de carvalho.
Heranças.
Cachaça! Tios, pais, avós... parentela.
A panela. A falta do fubá, do cheiro de terra, da raiz.
Dessa fonte tão longe de tão grande e tão profunda
De tão perto, o bem presente do ausente e do distante...
Só nesta fonte renovar o verbo do superar o adverso!
Só neste chão, alimentando as nuvens, saciar de fomes
Os versos temporões...
Uberaba, MG. Finados de 2000.
Folhas de outono, 2001.
Com quarenta anos, ausência dos colos,
Dos amores enternecidos, envelhecidos
Em tonéis de carvalho.
Heranças.
Cachaça! Tios, pais, avós... parentela.
A panela. A falta do fubá, do cheiro de terra, da raiz.
Dessa fonte tão longe de tão grande e tão profunda
De tão perto, o bem presente do ausente e do distante...
Só nesta fonte renovar o verbo do superar o adverso!
Só neste chão, alimentando as nuvens, saciar de fomes
Os versos temporões...
Noite das devoluções
Jodhi Segall
Para Nice. Junho de 2001.
Folhas de outono, 2001.
Devolva-me teu pranto, tua dor, meu espanto!
Devolva-me a vida;
Eis que parto sem olhar para atrás.
Meu sangue deixo nas paredes não concluídas e
Nas páginas por escrever.
As asas eu levo.
Meu cheiro,
meu rastro,
meu mundo.
Teu gosto elevo.
Este eu sou eu,
(que é só meu, não teu)
devolva-me!
Para Nice. Junho de 2001.
Folhas de outono, 2001.
Devolva-me teu pranto, tua dor, meu espanto!
Devolva-me a vida;
Eis que parto sem olhar para atrás.
Meu sangue deixo nas paredes não concluídas e
Nas páginas por escrever.
As asas eu levo.
Meu cheiro,
meu rastro,
meu mundo.
Teu gosto elevo.
Este eu sou eu,
(que é só meu, não teu)
devolva-me!
Primeiro encanto
Jodhi Segall
Paria Grande – SP. Natal de 1997.
Folhas de outono, 2001.
alternativa amar
suprir a vida tua com este
outro olhar
canto enquanto encanta e vida e tanto
tentando te entender me
no ensinando a ser
jamais nos conformarmos
do mudar os móveis de lugar
por sempre o lixo lá fora
para o mundo reciclar
alternativa amar
não confrontar memórias na voz das incertezas
alternativa amar
aespeitar o ar, o mar, o infinito
trazer pra mesa a vida
distribuir água, gás, luz, educação
tudo é afeto: retalhos das vozes que trazemos
e o eco que somos
alternativa amar
ser feliz de si em outro
como o sol,
a chuva de cada encontro
Paria Grande – SP. Natal de 1997.
Folhas de outono, 2001.
alternativa amar
suprir a vida tua com este
outro olhar
canto enquanto encanta e vida e tanto
tentando te entender me
no ensinando a ser
jamais nos conformarmos
do mudar os móveis de lugar
por sempre o lixo lá fora
para o mundo reciclar
alternativa amar
não confrontar memórias na voz das incertezas
alternativa amar
aespeitar o ar, o mar, o infinito
trazer pra mesa a vida
distribuir água, gás, luz, educação
tudo é afeto: retalhos das vozes que trazemos
e o eco que somos
alternativa amar
ser feliz de si em outro
como o sol,
a chuva de cada encontro
Albert
Jodhi Segall
As margaridas as dálias , os cravos...
As marcelas, os gerânios e os crisântemos...
As rosas os lírios e as palmas...
As orquídeas que não vemos...
Mas já me fogem minhas bocejantes borboletas.
Não sobrevivem ao fim do tempo comedido, da era, do histórico,
das distâncias... Não sobrevivem mais meus sonhos. Tudo rápido demais...
Não há saudade nem se preserva o belo das pequenas grandes coisas.
As margaridas,
as dálias,
os cravos...
as palmas...
As palmas das mãos em outras protegidas.
As margaridas as dálias , os cravos...
As marcelas, os gerânios e os crisântemos...
As rosas os lírios e as palmas...
As orquídeas que não vemos...
Mas já me fogem minhas bocejantes borboletas.
Não sobrevivem ao fim do tempo comedido, da era, do histórico,
das distâncias... Não sobrevivem mais meus sonhos. Tudo rápido demais...
Não há saudade nem se preserva o belo das pequenas grandes coisas.
As margaridas,
as dálias,
os cravos...
as palmas...
As palmas das mãos em outras protegidas.
Globalização
Jodhi Segall
Para o Prof. Antônio Carlos Chagas.
SUPAM. 1996. URA/MG
Apenas duas coisas
realmente globalizanos:
a miséria e a violẽncia.
Todo o resto é monopólio.
O mundo
cada vez mais
define-se
uma. pirâmide:
miseráveis,
pobres e
uma massa disforme,
poliforme,
indefinida,
sem vida ou
identidade.
Para o Prof. Antônio Carlos Chagas.
SUPAM. 1996. URA/MG
Apenas duas coisas
realmente globalizanos:
a miséria e a violẽncia.
Todo o resto é monopólio.
O mundo
cada vez mais
define-se
uma. pirâmide:
miseráveis,
pobres e
uma massa disforme,
poliforme,
indefinida,
sem vida ou
identidade.
O Selvagem
Jodhi Segall
Uberaba, MG. Rua Guia Lopes.
Bar da Mariana. 17.12.00 - 19:25
Folhas de outono, 2001.
Aborígine e canibal percebe o homem seu selvagem.
Destruir é fácil. Construir é caro, difícil, moroso.
Restaurar é impossível e assim transborda.
Depura ações. Apura ações.
Acrítico: a crítica, sem referencial, é nula. Ridiculariza, anula.
Invejas...
Aborígine e canibal persegue o homem seu selvagem.
Desborda e não enfrenta. Encontra-se no desencontro.
Planta desertos nas florestas.
Vertiginosamente precipita-se na escuridão.
Deguste sempre a paisagem...
Aborígine e canibal recebe o homem seu selvagem.
Dizer “foi deus quem quis" é sacanagem!
O óbvio nada transforma nem transgride.
Atitude é escalada.
Todo parco amor é sempre parvo.
Não há verdade a ser dita ou julgamento a ser feito;
Aborígine e canibal seduz o homem seu selvagem:
amor parvo é sempre parco.
Uberaba, MG. Rua Guia Lopes.
Bar da Mariana. 17.12.00 - 19:25
Folhas de outono, 2001.
Aborígine e canibal percebe o homem seu selvagem.
Destruir é fácil. Construir é caro, difícil, moroso.
Restaurar é impossível e assim transborda.
Depura ações. Apura ações.
Acrítico: a crítica, sem referencial, é nula. Ridiculariza, anula.
Invejas...
Aborígine e canibal persegue o homem seu selvagem.
Desborda e não enfrenta. Encontra-se no desencontro.
Planta desertos nas florestas.
Vertiginosamente precipita-se na escuridão.
Deguste sempre a paisagem...
Aborígine e canibal recebe o homem seu selvagem.
Dizer “foi deus quem quis" é sacanagem!
O óbvio nada transforma nem transgride.
Atitude é escalada.
Todo parco amor é sempre parvo.
Não há verdade a ser dita ou julgamento a ser feito;
Aborígine e canibal seduz o homem seu selvagem:
amor parvo é sempre parco.
Angústia
Jodhi Segall
Uberaba, MG. maio 1998.
ACCBC/HHA.
Folhas de outono, 2001.
Não mais estrada nem caminho
Sem marcas, marcos ou paradigmas
Fadiga própria dos desvalidos
Um resto do amargo,
do vazio triste das decepções
Dicotomias
Um último trago aos deserdados
Um brinde ao que não levo
Um lacônico suspiro diante as bandeiras
carcomidas e esfarrapadas pela intolerância
(Estrelas vermelhas e)
Corações de pedra:
Gatas de rua nunca mentem
Cães selvagens nunca traem
Uberaba, MG. maio 1998.
ACCBC/HHA.
Folhas de outono, 2001.
Não mais estrada nem caminho
Sem marcas, marcos ou paradigmas
Fadiga própria dos desvalidos
Um resto do amargo,
do vazio triste das decepções
Dicotomias
Um último trago aos deserdados
Um brinde ao que não levo
Um lacônico suspiro diante as bandeiras
carcomidas e esfarrapadas pela intolerância
(Estrelas vermelhas e)
Corações de pedra:
Gatas de rua nunca mentem
Cães selvagens nunca traem
Alice
Jodhi Segall
Para Bia. Pavuna. Rio de Janeiro - RJ. 1990.
Folhas de Outono, 2001.
Acorda, Alice!
A morte te chama.
Te convida pro banquete da vida.
É nela que o rebu se realiza.
Acorda, Alice!
Sai da janela, vem pro asfalto.
Vem sambar, ralar; amar.
Sai da redoma.
Vem!
Sem medo!
Para Bia. Pavuna. Rio de Janeiro - RJ. 1990.
Folhas de Outono, 2001.
Acorda, Alice!
A morte te chama.
Te convida pro banquete da vida.
É nela que o rebu se realiza.
Acorda, Alice!
Sai da janela, vem pro asfalto.
Vem sambar, ralar; amar.
Sai da redoma.
Vem!
Sem medo!
Verbo
Jodhi Segall
Para Monsenhor Juvenal Arduini.
Uberaba, MG, primavera de 1998.
Folhas de Outono, 2001.
O verbo é a essência.
O homem é o pote.
A oração é a mensagem.
O verbo, a prece.
Todas as coisas giram ao seu redor.
Sozinho, ele não é nada.
Como eu, tu e ele,
Todos dependemos do nós.
E dos nós que desatamos...
Para Monsenhor Juvenal Arduini.
Uberaba, MG, primavera de 1998.
Folhas de Outono, 2001.
O verbo é a essência.
O homem é o pote.
A oração é a mensagem.
O verbo, a prece.
Todas as coisas giram ao seu redor.
Sozinho, ele não é nada.
Como eu, tu e ele,
Todos dependemos do nós.
E dos nós que desatamos...
Pérola
Jodhi Segall
Para Henrique Leonardo Lima do Nascimento.
Uberaba, MG, dezembro de 1999.
F.lhas de Outono,2001.
Assim
como as folhas caem no outono
e as flores brindam a primavera
tua amizade
é verão em pleno inverno
luz e vida a aquecer a alma
Em pequenos e vãos momentos
em tudo me acrescentas
saudade é já antes do partes
e me transformas para a guerra
e me conduzes na partilha
Melhor me dou
na independência do senso e do sentido
que sentindo sou
Para Henrique Leonardo Lima do Nascimento.
Uberaba, MG, dezembro de 1999.
F.lhas de Outono,2001.
Assim
como as folhas caem no outono
e as flores brindam a primavera
tua amizade
é verão em pleno inverno
luz e vida a aquecer a alma
Em pequenos e vãos momentos
em tudo me acrescentas
saudade é já antes do partes
e me transformas para a guerra
e me conduzes na partilha
Melhor me dou
na independência do senso e do sentido
que sentindo sou
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Quando
Jodhi Segall
E então como as nuvens passam
E os homens morrem
Assim tão simples entes e mentes
Nada mais significam
São engodos
Nódoas
Mágoas
Coisas esquecíveis.
Simples entes e mentes
Ignoráveis.
Acordamos um dia como noturnos.
Entre fuzís e coturnos nos definimos libertários.
Perdidos entre o bucólico e o alcóolico nos dizemos apaixonados.
Mas nada é tão burguês quanto ser socialista.
É o mesmo que dizer temos queijo, mas não para ratos.
Temos vinho, mas vista o terno. Saiba termos. Regras.
Silêncios. Discrições descritas nos index
do bem comum.
Nada tão hipócrita.
A mortalha me serve.
É rede feita de linho.
Simples.
O sol é lindo.
O sal não arde.
De amor fui feito,
por amor lutei.
E as nuvens passam...
Um dia há de contrários, mas não eternidades.
É preciso o impreciso de verdades.
Então morremos. E sabemos
com tranquilidade
que não há mais dor.
Nem precisamos de esperanças.
Em breves, como em vidas, não havemos mais
lembranças ou
esquecimentos.
Nada mais além
do firmamento.
E então como as nuvens passam
E os homens morrem
Assim tão simples entes e mentes
Nada mais significam
São engodos
Nódoas
Mágoas
Coisas esquecíveis.
Simples entes e mentes
Ignoráveis.
Acordamos um dia como noturnos.
Entre fuzís e coturnos nos definimos libertários.
Perdidos entre o bucólico e o alcóolico nos dizemos apaixonados.
Mas nada é tão burguês quanto ser socialista.
É o mesmo que dizer temos queijo, mas não para ratos.
Temos vinho, mas vista o terno. Saiba termos. Regras.
Silêncios. Discrições descritas nos index
do bem comum.
Nada tão hipócrita.
A mortalha me serve.
É rede feita de linho.
Simples.
O sol é lindo.
O sal não arde.
De amor fui feito,
por amor lutei.
E as nuvens passam...
Um dia há de contrários, mas não eternidades.
É preciso o impreciso de verdades.
Então morremos. E sabemos
com tranquilidade
que não há mais dor.
Nem precisamos de esperanças.
Em breves, como em vidas, não havemos mais
lembranças ou
esquecimentos.
Nada mais além
do firmamento.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Epístola de uma palmeirense à Santo Antônio
Jodhi Segall
BSB. Em algum lugar na imensidão do caos.
Já rasguei o meu caderno todo.
Olha, não deixa ninguém ver esta carta.
Lê você sozinho.
Nem dá para a gente conversar no telefone direito.
A gente quer falar palavra bonita, mas fica gente junto.
É bom um celular. Eu gosto de falar com você.
No telefone com você, meu coração chega a bater
Choro de emoção mas me conformo...
A outra carta tava toda errada. Tava cochilando...
Eram 10 horas para escrever pra você, era a noite toda...
Nunca recebi o dinheiro que você mandou e eu na precisão.
Os menino tudo precisando de chinelo.
O dinheiro da Bolsa Escola paguei o homem do beibidóu que eu tinha gastado...
Mal desaluguei casa.
Quando dá 7 horas, to dormindo, não tem nada para fazer, não tem um som, nem uma televisão.
É uma vontade, ando muito nervosa, mas quando você chegar, nós desconta.
Se você ficar comigo e com a cachorra, não quero mais saber de você.
Ando tão triste...
Nossa casa tá fechada, a água cortada; só vou ligar quando estiver lá...
Se eu for escrever, é pra falar pra você da minha vida.
Saudação e felicidade para você.
Olha, estou com muita saudade de você.
Está tão diferente comigo, numa brutalidade.
Compro cartão caro para falar com você e nem quer falar agora com sua cachorra...
Você liga direto para aquela satanás.
Eu acho que não é paixão, é uma doideira...
Não era para eu me apaixonar por um homem como você...
Nunca te esqueço...
Se eu souber que está mandando dinheiro para a cadela e deixando eu e seus filhos na falta...
Vou deitar 7 horas, acordo às 5 horas, mas me conformo...
Espero que você tenha força para trabalhar para a gente reformar a casa pra gente morar, né, meu amor e gatinho...
Desculpa nem ter força para escrever pra você tanto amor que não consigo te dizer. Quando chegar, a gente vai começar vida de novo, se você quiser.
Não vou dar você pra ninguém.
Vou sempre tentar ter meu gostoso, meu tesudo.
Você é gostoso demais. Nem sei dizer mais...
É tanto que não sei escrever.
Eu ando nervosa, você sabe, porque sonho toda noite...
Quando olho suas roupas no guarda-roupa, eu beijo, eu cheiro, daí eu choro de saudade do meu amor, mas me conforme porque tá trabalhando.
Já passei falta por causa do dinheiro do beibidou, fazendo futuro que você ia me mandar e nada desse dinheiro.
Tava fazendo geladinho, mas não tinha dinheiro para comprar as coisas...
Estou com tanta vontade de ver a carta que você vai mandar pra mim.
Eu vou esperar...
BSB. Em algum lugar na imensidão do caos.
Já rasguei o meu caderno todo.
Olha, não deixa ninguém ver esta carta.
Lê você sozinho.
Nem dá para a gente conversar no telefone direito.
A gente quer falar palavra bonita, mas fica gente junto.
É bom um celular. Eu gosto de falar com você.
No telefone com você, meu coração chega a bater
Choro de emoção mas me conformo...
A outra carta tava toda errada. Tava cochilando...
Eram 10 horas para escrever pra você, era a noite toda...
Nunca recebi o dinheiro que você mandou e eu na precisão.
Os menino tudo precisando de chinelo.
O dinheiro da Bolsa Escola paguei o homem do beibidóu que eu tinha gastado...
Mal desaluguei casa.
Quando dá 7 horas, to dormindo, não tem nada para fazer, não tem um som, nem uma televisão.
É uma vontade, ando muito nervosa, mas quando você chegar, nós desconta.
Se você ficar comigo e com a cachorra, não quero mais saber de você.
Ando tão triste...
Nossa casa tá fechada, a água cortada; só vou ligar quando estiver lá...
Se eu for escrever, é pra falar pra você da minha vida.
Saudação e felicidade para você.
Olha, estou com muita saudade de você.
Está tão diferente comigo, numa brutalidade.
Compro cartão caro para falar com você e nem quer falar agora com sua cachorra...
Você liga direto para aquela satanás.
Eu acho que não é paixão, é uma doideira...
Não era para eu me apaixonar por um homem como você...
Nunca te esqueço...
Se eu souber que está mandando dinheiro para a cadela e deixando eu e seus filhos na falta...
Vou deitar 7 horas, acordo às 5 horas, mas me conformo...
Espero que você tenha força para trabalhar para a gente reformar a casa pra gente morar, né, meu amor e gatinho...
Desculpa nem ter força para escrever pra você tanto amor que não consigo te dizer. Quando chegar, a gente vai começar vida de novo, se você quiser.
Não vou dar você pra ninguém.
Vou sempre tentar ter meu gostoso, meu tesudo.
Você é gostoso demais. Nem sei dizer mais...
É tanto que não sei escrever.
Eu ando nervosa, você sabe, porque sonho toda noite...
Quando olho suas roupas no guarda-roupa, eu beijo, eu cheiro, daí eu choro de saudade do meu amor, mas me conforme porque tá trabalhando.
Já passei falta por causa do dinheiro do beibidou, fazendo futuro que você ia me mandar e nada desse dinheiro.
Tava fazendo geladinho, mas não tinha dinheiro para comprar as coisas...
Estou com tanta vontade de ver a carta que você vai mandar pra mim.
Eu vou esperar...
Os Titãs (Das questões)
Jodhi Segall
Dois titãs se completam
Se refletem e se maravilham
Dois amantes
opostos se iluminam na mesma escuridão
Dois pesos
um só êxtase e fadiga
Dois náufragos e tudo é
Angústia e medo
Distância
Viscosidade
De corpos putrefatos
E almas mortas
Sem portos ou portas
Só incertezas
E um gosto acre de maledicências e inveja
Total desprezo à dor
Abandonos...
Dois titãs se completam
Se refletem e se maravilham
Dois amantes
opostos se iluminam na mesma escuridão
Dois pesos
um só êxtase e fadiga
Dois náufragos e tudo é
Angústia e medo
Distância
Viscosidade
De corpos putrefatos
E almas mortas
Sem portos ou portas
Só incertezas
E um gosto acre de maledicências e inveja
Total desprezo à dor
Abandonos...
O Dadivoso
Jodhi Segall
Desculpa-me amor
Se me atraso
Tudo em nós é fundo
E raso
O apressar do tempo
Não podemos
Aguarda em tuas
Revoluções
Em evoluções
Vou-me em entregas
Absolutas
Nada tema amor
Simplesmente
Ama.
Desculpa-me amor
Se me atraso
Tudo em nós é fundo
E raso
O apressar do tempo
Não podemos
Aguarda em tuas
Revoluções
Em evoluções
Vou-me em entregas
Absolutas
Nada tema amor
Simplesmente
Ama.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Amor que não ama (De ócios, vícios e desesperas)
A religião, a sociedade, a natureza: tais são as três lutas do homem. Estas três lutas são ao mesmo tempo as suas três necessidades; precisa crer, daí o templo; precisa criar, daí a cidade; precisa viver, daí a charrua e o navio. Mas há três guerras nestas três soluções. Sai de todas a misteriosa dificuldade da vida. O homem tem de lutar com o obstáculo sob a forma de superstição, sob a forma preconceito e sob a forma elemento. Tríplice ananke[1] dos dogmas, das leis, das coisas. (...)A estas três fatalidades que envolvem o homem junta-se a fatalidade interior, o ananke supremo, o coração humano.
Hauteville-House, março de 1866.
Vitor Hugo,
in Os Trabalhadores do Mar, p 1,
prólogo. [1] do grego: destino, fatalidade, morte
---
Fragmentos de Um Grande Amor Dilacerado/
Amor que não ama.
(De ócios, vícios e desesperas)
Jodhi Segall
agosto 2009
Prólogo
A apuração de nossas estatísticas.
Real realeza que dista da plebe rude.
Pó comensal na mesa dos moedores.
Pilão sem bateia. Pano de prato sem lavoura.
Depuramos sangue, leite e aços.
Lubrificamos engrenagens.
Ossos e couros esculpimos com mui zelosa bondade.
Morremos todos de nossos próprios nomes.
Fomes inomináveis de excessos múltiplos da escassez.
Nas lápides veem-se jovens descuidados,
adultos desgostosos, idosos cansados...
Nos demais, mortos de mortos por morte morrida e aqueles
que ultrapassaram a própria vida.
Comum o pranto dos órfãos e viúvas da minha terra.
Triste o abandono de nossos velhos em pocilgas pré-tumulares.
Glória a deus nas alturas das chamas do inferno,
e restituímos impostos aos homens
de tão grandiosa boa vontade.
Mortos, mortos: preces para os mortos!
Um brinde a vida!
Embriaguemo-nos!
Bebamos o morto!
Sorvamos sua ebridez delirante, sua eterna via retirante.
Venham, amigos, à taverna, nos aguarda a aurora.
Torto. Tonto. Caído dos dez centímetros de altivez.
Porco. Mal cheiroso, imundo.
Grande o mundo, pequeno o homem.
Grande o homem, pequeno o mundo.
Dos ócios
O silêncio.
Sábio e divinizado silêncio.
Incomparável plenitude...
Silêncio: soturno inebriante.
Voz dos anjos,auspício dos demônios.
Suplício dos homens.Hospício dos deuses.
Diz-se prece. Revela-se praga.
Eu e eu. Horrores do Eu sou eu.
Quão magistral e magnífica companhia o Eu.
Quão pequeno o eu.
Eu e eu. Eu e deus.
Quão tolo deus.
Quão dolo aos teus.
Sublime sabedoria: um diploma e todos
os demais são fátuos fatos de enfados.
Uma fada.
Um gnomo.
Um ente.
Um ingente.
O manto, a toga,o juízo.
O todo e pleno indigente!
O prejuízo tão lucrativo: orgulho e vaidade
são fundamentais à humildade.
Acordamos mais pobres diante da releitura.
Esta percepção de que tudo em nós é pouco e impuro.
Dos vícios
Imundo.
O bafo mesclado de macho e ninguém.
Gosto de tabacaria com bordel.
Cheiro de passageiro de trem
depois do expediente nas docas.
Expedimos cartas aos homens de bem.
Nunca saber de boas respostas ou algum vintém!
Dádivas são dívidas, não dúvidas, meu bem...
Ah! Andrajos de rei, cantares de profetas.
Embriagados somos mais que reis e profetas.
Incautos, pobres incautos: sempre morrem
os tolos antes da sorte...
Le blueu! La’mour c’est le blueu!
Oh! Moi femme!! Moi petit femme blueu!
Le blueu! La vache c’est blueu!
Uma dose de harmonia em si ilumina o cosmo.
Taverneiro! Traga-nos mais vinho!
Mulheres, dispam-se!!
Vamos, taverneiro, apressa-te: pão e vinho!
Leva-nos ao leito, sirva-nos mel e queijo!!
Das desesperas
A dor não pode ser maior que o prazer;
Nem o medo, maior que o amor!
Oh! Uma gota de amor sublime inunda o oceano.
Nos teus seios fartos, mulher, deito meus versos.
Escrevo por tuas coxas os lumes apaixonados
dos poetas de outrora.
Verifico-me teu sem fragmentos.
Antropofágico, devoro por partes teus caprichos.
Vagando por tuas ancas descubro meu astrolábio.
Desnorte. Dessorte.
Em teu dorso degusto olores de prazeres inebriantes.
Não direi te amo. Devoro tuas frutas, as como em teu pomar.
Colho tuas uvas, maçãs, pêras e romãs.
Sou teu licor, teu esplendor, um lugar.
Manhas e manhãs... Uma brisa fugaz e tênue,
um encantamento. Magia são teus olhos. Mar, teus braços.
Abissal, teu ventre. Em desvario, sou caudaloso rio.
És a fonte e a foz! Teu riso permeia:
despertas estrelas antes da aurora.
Degredo: areia movediça, amor.
Todo teu. Sagrado. Segredo.
Sou teu!
Hauteville-House, março de 1866.
Vitor Hugo,
in Os Trabalhadores do Mar, p 1,
prólogo. [1] do grego: destino, fatalidade, morte
---
Fragmentos de Um Grande Amor Dilacerado/
Amor que não ama.
(De ócios, vícios e desesperas)
Jodhi Segall
agosto 2009
Prólogo
A apuração de nossas estatísticas.
Real realeza que dista da plebe rude.
Pó comensal na mesa dos moedores.
Pilão sem bateia. Pano de prato sem lavoura.
Depuramos sangue, leite e aços.
Lubrificamos engrenagens.
Ossos e couros esculpimos com mui zelosa bondade.
Morremos todos de nossos próprios nomes.
Fomes inomináveis de excessos múltiplos da escassez.
Nas lápides veem-se jovens descuidados,
adultos desgostosos, idosos cansados...
Nos demais, mortos de mortos por morte morrida e aqueles
que ultrapassaram a própria vida.
Comum o pranto dos órfãos e viúvas da minha terra.
Triste o abandono de nossos velhos em pocilgas pré-tumulares.
Glória a deus nas alturas das chamas do inferno,
e restituímos impostos aos homens
de tão grandiosa boa vontade.
Mortos, mortos: preces para os mortos!
Um brinde a vida!
Embriaguemo-nos!
Bebamos o morto!
Sorvamos sua ebridez delirante, sua eterna via retirante.
Venham, amigos, à taverna, nos aguarda a aurora.
Torto. Tonto. Caído dos dez centímetros de altivez.
Porco. Mal cheiroso, imundo.
Grande o mundo, pequeno o homem.
Grande o homem, pequeno o mundo.
Dos ócios
O silêncio.
Sábio e divinizado silêncio.
Incomparável plenitude...
Silêncio: soturno inebriante.
Voz dos anjos,auspício dos demônios.
Suplício dos homens.Hospício dos deuses.
Diz-se prece. Revela-se praga.
Eu e eu. Horrores do Eu sou eu.
Quão magistral e magnífica companhia o Eu.
Quão pequeno o eu.
Eu e eu. Eu e deus.
Quão tolo deus.
Quão dolo aos teus.
Sublime sabedoria: um diploma e todos
os demais são fátuos fatos de enfados.
Uma fada.
Um gnomo.
Um ente.
Um ingente.
O manto, a toga,o juízo.
O todo e pleno indigente!
O prejuízo tão lucrativo: orgulho e vaidade
são fundamentais à humildade.
Acordamos mais pobres diante da releitura.
Esta percepção de que tudo em nós é pouco e impuro.
Dos vícios
Imundo.
O bafo mesclado de macho e ninguém.
Gosto de tabacaria com bordel.
Cheiro de passageiro de trem
depois do expediente nas docas.
Expedimos cartas aos homens de bem.
Nunca saber de boas respostas ou algum vintém!
Dádivas são dívidas, não dúvidas, meu bem...
Ah! Andrajos de rei, cantares de profetas.
Embriagados somos mais que reis e profetas.
Incautos, pobres incautos: sempre morrem
os tolos antes da sorte...
Le blueu! La’mour c’est le blueu!
Oh! Moi femme!! Moi petit femme blueu!
Le blueu! La vache c’est blueu!
Uma dose de harmonia em si ilumina o cosmo.
Taverneiro! Traga-nos mais vinho!
Mulheres, dispam-se!!
Vamos, taverneiro, apressa-te: pão e vinho!
Leva-nos ao leito, sirva-nos mel e queijo!!
Das desesperas
A dor não pode ser maior que o prazer;
Nem o medo, maior que o amor!
Oh! Uma gota de amor sublime inunda o oceano.
Nos teus seios fartos, mulher, deito meus versos.
Escrevo por tuas coxas os lumes apaixonados
dos poetas de outrora.
Verifico-me teu sem fragmentos.
Antropofágico, devoro por partes teus caprichos.
Vagando por tuas ancas descubro meu astrolábio.
Desnorte. Dessorte.
Em teu dorso degusto olores de prazeres inebriantes.
Não direi te amo. Devoro tuas frutas, as como em teu pomar.
Colho tuas uvas, maçãs, pêras e romãs.
Sou teu licor, teu esplendor, um lugar.
Manhas e manhãs... Uma brisa fugaz e tênue,
um encantamento. Magia são teus olhos. Mar, teus braços.
Abissal, teu ventre. Em desvario, sou caudaloso rio.
És a fonte e a foz! Teu riso permeia:
despertas estrelas antes da aurora.
Degredo: areia movediça, amor.
Todo teu. Sagrado. Segredo.
Sou teu!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Amor que ama
Jodhi Segall
"Eu não estou na medida das suas expectativas, nem você está na medida das minhas. [Não sou o seu tipo, nem você é a minha fôrma.]Eu arrancarei meus olhos para que você me veja como eu me vejo; você arrancará seus olhos para que eu lhe veja como você se vê." (Moreno)
Eu sei que você é você, e que eu sou eu. Eu não quero ser você, nem desejo que você me seja. É essa nossa diferença que nos incompleta e infinita.
É descobrir em nossas individualidades as afinidades e completudes. É no alimentar nossas virtudes que extinguimos nossos defeitos...
Eu sei que casamento não é uma instituição confiável e que a eternidade é uma hipocrisia literária... Mas também sei que conviver é partilha de cotidianos. Eu sei de nossos defeitos e imperfeições, de nossas distinções e peculiaridades, de nossas privacidades.
Apenas afirmo de minhas verdades, de minha lealdade, de minha autonomia, de minha escolha.
Confirmo minha fraternidade, meu companheirismo, minha confidência, minha fidelidade.
Ao dizer te amo , nunca caia no vazio dos egocentrismos tolos ou das vilezas que o ciúme e a posse e o poder que a certeza nos traz.
Eu sei dos afazeres, dos trabalhos, dos talentos e das riquezas. Eu sei das disciplinas e responsabilidades das quais o amor se alimenta e a paixão se renova.
Então, não há medo. Não há insegurança alguma. Ambos sabemos que não há desculpas, que não há dúvidas. Eu a escolhi e você me escolheu. Eu a vejo, você me vê.
Eu a toco, você me toca. Eu a ilumino, você me ilumina. E, assim, morrem nossas incertezas. Não há lugar para a dor ou desespero. Apenas a plenitude dos espaços a serem preenchidos por nossas liberdades.
Assim sendo, eu repudio toda e qualquer subserviência entre nós: tudo em nós é reciprocidade, equidade,verdade, justiça, cumplicidade, harmonia, partilha, respeito e encantamento.
Magia: renovar a cada dia a certeza de que somos diferentes e livres. Eu me realizo. Você se realiza. Eu vivo por livre escolha ao seu lado, você, por livre escolha, ao meu.
Em nossos ares, em nossos lares, em nossos mundos e lugares, o ar tesão circula por nossos corpos e mentes, alimentando nossas vidas na independência de ser e de criar, de viver e de amar.
"Eu não estou na medida das suas expectativas, nem você está na medida das minhas. [Não sou o seu tipo, nem você é a minha fôrma.]Eu arrancarei meus olhos para que você me veja como eu me vejo; você arrancará seus olhos para que eu lhe veja como você se vê." (Moreno)
Eu sei que você é você, e que eu sou eu. Eu não quero ser você, nem desejo que você me seja. É essa nossa diferença que nos incompleta e infinita.
É descobrir em nossas individualidades as afinidades e completudes. É no alimentar nossas virtudes que extinguimos nossos defeitos...
Eu sei que casamento não é uma instituição confiável e que a eternidade é uma hipocrisia literária... Mas também sei que conviver é partilha de cotidianos. Eu sei de nossos defeitos e imperfeições, de nossas distinções e peculiaridades, de nossas privacidades.
Apenas afirmo de minhas verdades, de minha lealdade, de minha autonomia, de minha escolha.
Confirmo minha fraternidade, meu companheirismo, minha confidência, minha fidelidade.
Ao dizer te amo , nunca caia no vazio dos egocentrismos tolos ou das vilezas que o ciúme e a posse e o poder que a certeza nos traz.
Eu sei dos afazeres, dos trabalhos, dos talentos e das riquezas. Eu sei das disciplinas e responsabilidades das quais o amor se alimenta e a paixão se renova.
Então, não há medo. Não há insegurança alguma. Ambos sabemos que não há desculpas, que não há dúvidas. Eu a escolhi e você me escolheu. Eu a vejo, você me vê.
Eu a toco, você me toca. Eu a ilumino, você me ilumina. E, assim, morrem nossas incertezas. Não há lugar para a dor ou desespero. Apenas a plenitude dos espaços a serem preenchidos por nossas liberdades.
Assim sendo, eu repudio toda e qualquer subserviência entre nós: tudo em nós é reciprocidade, equidade,verdade, justiça, cumplicidade, harmonia, partilha, respeito e encantamento.
Magia: renovar a cada dia a certeza de que somos diferentes e livres. Eu me realizo. Você se realiza. Eu vivo por livre escolha ao seu lado, você, por livre escolha, ao meu.
Em nossos ares, em nossos lares, em nossos mundos e lugares, o ar tesão circula por nossos corpos e mentes, alimentando nossas vidas na independência de ser e de criar, de viver e de amar.
sábado, 5 de setembro de 2009
Insônia
Jodhi Segall
Não verás meu esquife
Não velarás minha honra e partejamento
Não caminharás comigo os derradeiros passos
Não envelhecerás ao meu lado
A levarei comigo mas não estarás lá
Ali sob o frio mármore italiano
repousam meus infinitos
Deitar-me-ei junto aos que me legaram
o conjunto do que não sei
ou não sou
A vela queima mansamente
O clérigo unge o enfermo
com extremunções
Anjos e demônios tiram sortes
Mas não estarás lá
Aquele não viver não me pertence
Não me são convivas a dor e o desespero
Não me cabem o cárcere e o desprezo
Não me vale o desfortúnio
Tudo em mim é liberdade
Vou dormir.
Não verás meu esquife
Não velarás minha honra e partejamento
Não caminharás comigo os derradeiros passos
Não envelhecerás ao meu lado
A levarei comigo mas não estarás lá
Ali sob o frio mármore italiano
repousam meus infinitos
Deitar-me-ei junto aos que me legaram
o conjunto do que não sei
ou não sou
A vela queima mansamente
O clérigo unge o enfermo
com extremunções
Anjos e demônios tiram sortes
Mas não estarás lá
Aquele não viver não me pertence
Não me são convivas a dor e o desespero
Não me cabem o cárcere e o desprezo
Não me vale o desfortúnio
Tudo em mim é liberdade
Vou dormir.
O Karma
Jodhi Segall
Karma.
Dados: custo e benefício,
rolam-se dados...
e os nãos recebidos.
De temerários e descabidos,
Ouve-se sempre o ressoar do
próprio umbigo.
Não. Não peça socorro
aos ouvidos insensíveis.
Onze horas da noite
no orelhão da esquina
Káritas: liberta-me deste
Karma!
Revisitar Brasília
joguei pedra na cruz ou
fui o lanceiro que
transpassou a lança
no peito de Jesus
Até Cristo quis ser amado.
Karma.
Dados: custo e benefício,
rolam-se dados...
e os nãos recebidos.
De temerários e descabidos,
Ouve-se sempre o ressoar do
próprio umbigo.
Não. Não peça socorro
aos ouvidos insensíveis.
Onze horas da noite
no orelhão da esquina
Káritas: liberta-me deste
Karma!
Revisitar Brasília
joguei pedra na cruz ou
fui o lanceiro que
transpassou a lança
no peito de Jesus
Até Cristo quis ser amado.
Solidariedade
Jodhi Segall
Para o Primo.
Bar do Marcelo (de Aline)
Uberaba MG 030909
Solidariedade: encontro de mãos.
De pés que caminham.
De olhos que tateiam.
De braços que se erguem sem medrar.
Solidariedade: amor sem idade.
Respeito.
Dignidade.
Justificativa de toda e qualquer verdade.
Solidariedade: palavra promíscua
em boca estúpida!
Palavra distante. Presente,
renitente, relutante.
Palavra nua. Desnuda.
Carne. Cerne!
Palavra humana.
Sal.
Fermento.
Solidariedade: dar o melhor de si.
Sem desesperas. Sem pressas.
Sem preços.
Apreço.
Visão. Audição. Tato.
Falas e silêncios...
O paladar. O banquete. As fomes...
Pai, paizinho, daí pão a quem tem fome
E fome de justiça a quem tem pão!
Solidariedade: ato de humanidade,
revelações. Revoluções.
Evoluções. Não caridades!
Dádiva. Troca. Excelência.
Altivez! Nada pequeno, nada de pequenez!
Quando eu chorar
Não me venha com palavras
Não me venha com desculpas
Apenas me abrace
Solidariedad:
El niño,
No plantea! Son por sus lagrimas
Que ergo el grito.
Son por las dores de
Su madre que
Adelantame em muertes
Plenas.
Son por los prados
De mi corazón
Que los senderos del vivir
Hacem la guerra!!
Solidariedade.
Tomar partido.
Untar a fôrma.
Realizar a forma.
Afiar espadas e foices...
Afinar instrumentos,
cordas e sopros.
Assar o bolo.
Rolar a bola...
Balaio de gatos.
à noite todos os gatos
são pardos
Solidariedade: palavra pecaminosa.
Palavra banida por ser perigosa.
Palavra oculta. Abissal!
Prennez de la courage, mom compagnion.
L’amour toujours l’amour règner sur
Le chaos du monde.
Je t’aime, tu m’aimes, n’a pás besoin de
Rien.
Solidariedade.
Palavra sem ética.
Palavra maldita! Mal usada. Indefinida.
Palavra fétida, putrefata,
purida nos corações e mentes.
Estética!
Palavra ingênua. Infantil!
Feita de quase e talvez.
Sinônimo de omissão.
De expropriados.
De sem.
O fato de termos um prato
Sobre a mesa não nos
Isenta da responsabilidade
De que seja comum,
Comensal, solidário.
De que todos gozem
Dos mesmos direitos,
Dos mesmos prazeres,
Da mesma harmonia.
Solidariedade: ato de luta,
Pacto de guerra!
Para o Primo.
Bar do Marcelo (de Aline)
Uberaba MG 030909
Solidariedade: encontro de mãos.
De pés que caminham.
De olhos que tateiam.
De braços que se erguem sem medrar.
Solidariedade: amor sem idade.
Respeito.
Dignidade.
Justificativa de toda e qualquer verdade.
Solidariedade: palavra promíscua
em boca estúpida!
Palavra distante. Presente,
renitente, relutante.
Palavra nua. Desnuda.
Carne. Cerne!
Palavra humana.
Sal.
Fermento.
Solidariedade: dar o melhor de si.
Sem desesperas. Sem pressas.
Sem preços.
Apreço.
Visão. Audição. Tato.
Falas e silêncios...
O paladar. O banquete. As fomes...
Pai, paizinho, daí pão a quem tem fome
E fome de justiça a quem tem pão!
Solidariedade: ato de humanidade,
revelações. Revoluções.
Evoluções. Não caridades!
Dádiva. Troca. Excelência.
Altivez! Nada pequeno, nada de pequenez!
Quando eu chorar
Não me venha com palavras
Não me venha com desculpas
Apenas me abrace
Solidariedad:
El niño,
No plantea! Son por sus lagrimas
Que ergo el grito.
Son por las dores de
Su madre que
Adelantame em muertes
Plenas.
Son por los prados
De mi corazón
Que los senderos del vivir
Hacem la guerra!!
Solidariedade.
Tomar partido.
Untar a fôrma.
Realizar a forma.
Afiar espadas e foices...
Afinar instrumentos,
cordas e sopros.
Assar o bolo.
Rolar a bola...
Balaio de gatos.
à noite todos os gatos
são pardos
Solidariedade: palavra pecaminosa.
Palavra banida por ser perigosa.
Palavra oculta. Abissal!
Prennez de la courage, mom compagnion.
L’amour toujours l’amour règner sur
Le chaos du monde.
Je t’aime, tu m’aimes, n’a pás besoin de
Rien.
Solidariedade.
Palavra sem ética.
Palavra maldita! Mal usada. Indefinida.
Palavra fétida, putrefata,
purida nos corações e mentes.
Estética!
Palavra ingênua. Infantil!
Feita de quase e talvez.
Sinônimo de omissão.
De expropriados.
De sem.
O fato de termos um prato
Sobre a mesa não nos
Isenta da responsabilidade
De que seja comum,
Comensal, solidário.
De que todos gozem
Dos mesmos direitos,
Dos mesmos prazeres,
Da mesma harmonia.
Solidariedade: ato de luta,
Pacto de guerra!
Poética
Jodhi Segall
Poesia é isto: pulsar.
Integrar-se ao todo, sem o compromisso de ter que provar algo ou desafiar seu tempo.
É ir descobrindo as linguagens dos anjos e ir modelando a argila ardente e indócil da palavra.
São de concretudes, cotidianos e partilhas que se erguem as relações humanas capazes de humanizar divinamente o mundo: igualdade, eqüidade e liberdade sem censuras hipócritas ou preconceitos estúpidos.
Diálogo, reflexão, ação;
integração, sinergia: transformação.
Fica fixa uma lacuna de competência incompetente.
Como questão respondida no sem resposta.
Dialética. Sofisma. Retórica do antagonismo entre a práxis e o conceito.
A poesia não responde mais do que questiona. Intenciona, conduta a busca...
...não é chave nem porta, apenas caminho,
mesmo que torta.
Poesia é isto: pulsar.
Integrar-se ao todo, sem o compromisso de ter que provar algo ou desafiar seu tempo.
É ir descobrindo as linguagens dos anjos e ir modelando a argila ardente e indócil da palavra.
São de concretudes, cotidianos e partilhas que se erguem as relações humanas capazes de humanizar divinamente o mundo: igualdade, eqüidade e liberdade sem censuras hipócritas ou preconceitos estúpidos.
Diálogo, reflexão, ação;
integração, sinergia: transformação.
Fica fixa uma lacuna de competência incompetente.
Como questão respondida no sem resposta.
Dialética. Sofisma. Retórica do antagonismo entre a práxis e o conceito.
A poesia não responde mais do que questiona. Intenciona, conduta a busca...
...não é chave nem porta, apenas caminho,
mesmo que torta.
Duetos
Jodhi Segall &
Sandra R. Braga
BSB, Bar do Gambar,
07/2005
Canto I
O amado
Vagas tamanhas, gigantescas lacunas;
Deuses desnudos em colunas
perfilados te saúdam,
Aurora floral das lonjuras do estar.
Inconstante mar de infinitude, olhar,
Orlar exposto ao sol.
Nego-te porto seguro.
Desbravo fontes,
construo pontes,
desvirgino palavras,
Faço (nos) vau e fundo.
Candelabro de ossos e antigos
Onde repousam indóceis artigos que se tornam.
Em torno de ti entorno a escuridão das estrelas.
Tua luminosidade em ti abrange o termo. Abrasa o cosmo.
Do convés da nau capitânia grito ordens aos titãs que
Velem o sono e me sustentem na batalha.
Deus riu.
Pérolas brotam na abóboda do pensar.
Arco-íris verte o oceano.
O poço fosso de possos feitos paços . O não espaço.
Nenhuma régua, nenhum compasso. Sem regras.
O giro.
Do beijo.
A mina jorra.
A amada
Dragões, tigrões
putos que os pariu
nada mais a ferver
a China nos invade
a China nos oprime
a China...
O palito não fosfórico
o palito que não queima
teima
em tentar abrir teus ouvidos
Ouve...
Canto II
O amado
A China morta. Diante dos tanques,
As lavadeiras. Apenas ladeiras
Ou inundados arrozais.
A China e sua muralha.
Vê-se da lua, a muralha
intransponível diante da fênix
De suas intenções libertárias. A China.
A crina do cavalo e a corda firme que artefata o arco
Polvórico
Da sensibilidade
Surda.
A amada
O eu
O meu
O nosso
O humano inumano do eu
O eu desumano do ser
O eu
Agora.
Canto III
O amado
Leveza. Liso. Nu.
Os guerreiros se levantam.
O sol do som lança seus raios, envia.
Viés de contramestre: céus e terras estremecem,
Espremem a messe.
A massa desperta o homem.
O barro destila seu presente.
Sangue e vinho: vida. O interminável caminho.
Brindemos ao bélico dos sem acordos.
Eis a batalha.
A amada
O deus burguês clama por vingança
Nós silenciamos
De início, tímidos
De início, atordoados
Depois, retomamos forças
Arregaçamos as mangas
das camisas
Arrebatamos as mangas
das árvores
E lançamos sementes ao céu
De lá germinam
Fecundam
Partem...
Canto IV
O amado
Tua nudez caleidoscópica
Tríade imperfeita
Octópode
Quadrúpede
Bípede depenado
Gosto de jabuticaba com melaço de cana
Olor de enternecidos versos esquecidos
Itinerantes viandantes viajantes do sem fim
Dardejantes
Gritos carmins ressaltam o verniz de prateleiras
Cujas folhas outonais não nos pertencem
Bibliografias
Autobiografias
Autópsias
O papiro cômico se abre;
Desenrolam-se meadas sem destinos.
O bicho grito!
Eis o parto.
A amada
O dado lançado ao vento
Morcegos multicoloridos
cobrem nosso quarto
Em pé o (i)mundo
“só verdadeiro vivo o que já
sofreu” recita o poeta
Ao norte, a morte
Ao sul, o gozo
Ah! Minha bússola querida
onde te escondes?
CantoV
O amado
A flecha liberta do arco
Livre transpassaste a esfera aço fumegante
Sem registro ou métrica
Clarões estrondam
Nada de raios ou venturas
Silêncios
Da colina ruge o Huno
Pelas planícies dos corpos trucidados
Uivos lancinantes sobrepujam
o solfejar dos canários da minha terra
Guerra.
Medrar é para os porcos.
A amada
O dedo dos anjos
As asas do vampiro
Bem-mal,
Mal-bem
Bem-me-quer mal
As estrelas clamam por paz
A lua pede silêncio
E nós, idiotas (poetas?), teimamos
em gritar por elas?
Canto VI
O amado
Ó sangessuga!
Verme vampiresco..
Meia, pataca por teu versos, ó tolo!
Quiçá demônio de indigna espera.
De que valem os estrados sem estradas ou
Pulmões sem ar.
Besta quadrada, és orquídea.
Sem lodo. Sem lado.
Sem dados. Sem nados.
Onde, a encosta de teu
Mar ou peregrina adaga?
A amada
Asas negras decepadas
Cobrem o rio de silêncios
“dizer te amo não basta”
A dimensão do pavor
Cala nossa voz
A dimensão do prazer
Deflora
Cá, a escola
a espora que nos fere a carne
sangue rubro denuncia nossa
passagem
Canto VII
O amado
Nossas flores no jardim
sacada de concreto
armado madrigal de andarilho
tenda que tende ao amo que ama
hã
quem dirá de nós os nós que
desatamos em desaguar aguando
tais jardins tão plenos de suspensos
tensos de lençóis ocultos sob os escombros
do maremoto solar que assolou a história
inundou a aurora boreal e derreteu
o mundo outrora polar e
revelou a mendicância de Atlântida
nua e crua
aos golfinhos alados
da imensidão dos teus beijos
A amada
Rituais de passagens e fins
Quero matar-te de beijos
Quero estrangular-te
Entre minhas pernas
E silenciar minha boca
Com tua boca
Canto VIII
O amado
Dista-me de ti despida
Nada de tua nudez quero senão espero mais
Que entrega nua tua alma minha
Afogar-me em teu cálice
Esta integralidade
Não eu nem teus
Sem mitos
Esqueçamo-nos dos ritos
Teu riso me inunda o gozo
E
Arde
Arde
Arde
Arde
Arde
Arde
Sagrado
Secreto
Silencioso
Alarde
O aroma
A praia
O vento
A tarde
O tempo
Nada urge tudo, apenas arde...
Arde
A amada
O sal do oceano
O céu da boca
Lábios infindos
Sob a carne tão pouca
O mundo no horizonte
O mundo em trânsito
O céu atônito nos obscena, observa
E se põe em silêncio
Canto IX
O amado
Onde as palavras cessam
Onde os olhos cegam
Onde os todos se poucam
Onde os tudos se nadam
Envidam
Palavras fitam-se apaixonadas
poucando tudos e todos
E nadamos de novo no novo
do recriar o amor...
A amada
O silêncio insiste em falar
Sorrisos
As lágrimas nos desidratam
O sol cala-se no infinito
Por cá, limitemo-nos ao real que também pode ser belo
O sol calado do infinito
O infinito cala o sol
O belo cativa o belo
que nos impele ao magnífico
Rendo-me.
Canto X
O amado
Se não te amasse que me seria
Não te visse como louco seria meio
Teria eu um mais do quê
Além de tantos por quês
A serem respondidos...
Teu mar é como tarde
Sabor de entre meios
Manhã sem fim
Noite inteira
A amada
O barquinho navega pelo cerrado
Mar escuro dos teus olhos
Dissimulando tempestades
Aproveitemos o bom vento
A proa erguida sob o céu
Navega em cerrado mar
O resto é resto
Só história...
Canto XI
O amado
O Dragão desnudo
Caleidoscópio surdo
Famigerado e mudo
Nada é tudo
Da janela a tênue lembrança dos mortos
Vozes de algum instante
Que clamou chama
Enxofre e lama.
Os rolinhos no cabelo,
As coxas nuas
E um trago aos ratos.
Os pratos que se quebram
Os átrios que se elevam
E os pórticos que se desvelam...
Naquela esquina os
Porcos.
Destinam-se ao matadouro todos os animais.
Nada demais...
E como um poema e
Seus tortos: angústia e
Medo. E falsidade.
A amada
O cão ladra
Quando o homem passa
O cão ladra
Quando o homem grita
O cão ladra
Em silenciosos resmungos
O cão ladra
O cão salta
Quando a moça passa
O cão salta
Quando a moça valsa
O cão balança
o rabinho
O cão
Canto XII
O amado
Inquietude e saudade
Silenciosas...
A fada, a pradaria, o sol
Um rio rubro de tantos zelos. E uma flor
A derreter a neve
Olhar do outro.
Olhar o outro.
Olhar ao outro.
No escuro, não há obscuros
A amada
A chuva inclemente
A mente demente mente
O canto das cigarras
(sereias perdidas entre
árvores secas)
O cheiro da chuva
O montar dos desmontes
O açoite do norte
O norte
A morte
A sorte
Corre na enxurrada
A veia (artística e hemorrágica)
A ceia
Asseia-te
Avia-te
A via...
Sandra R. Braga
BSB, Bar do Gambar,
07/2005
Canto I
O amado
Vagas tamanhas, gigantescas lacunas;
Deuses desnudos em colunas
perfilados te saúdam,
Aurora floral das lonjuras do estar.
Inconstante mar de infinitude, olhar,
Orlar exposto ao sol.
Nego-te porto seguro.
Desbravo fontes,
construo pontes,
desvirgino palavras,
Faço (nos) vau e fundo.
Candelabro de ossos e antigos
Onde repousam indóceis artigos que se tornam.
Em torno de ti entorno a escuridão das estrelas.
Tua luminosidade em ti abrange o termo. Abrasa o cosmo.
Do convés da nau capitânia grito ordens aos titãs que
Velem o sono e me sustentem na batalha.
Deus riu.
Pérolas brotam na abóboda do pensar.
Arco-íris verte o oceano.
O poço fosso de possos feitos paços . O não espaço.
Nenhuma régua, nenhum compasso. Sem regras.
O giro.
Do beijo.
A mina jorra.
A amada
Dragões, tigrões
putos que os pariu
nada mais a ferver
a China nos invade
a China nos oprime
a China...
O palito não fosfórico
o palito que não queima
teima
em tentar abrir teus ouvidos
Ouve...
Canto II
O amado
A China morta. Diante dos tanques,
As lavadeiras. Apenas ladeiras
Ou inundados arrozais.
A China e sua muralha.
Vê-se da lua, a muralha
intransponível diante da fênix
De suas intenções libertárias. A China.
A crina do cavalo e a corda firme que artefata o arco
Polvórico
Da sensibilidade
Surda.
A amada
O eu
O meu
O nosso
O humano inumano do eu
O eu desumano do ser
O eu
Agora.
Canto III
O amado
Leveza. Liso. Nu.
Os guerreiros se levantam.
O sol do som lança seus raios, envia.
Viés de contramestre: céus e terras estremecem,
Espremem a messe.
A massa desperta o homem.
O barro destila seu presente.
Sangue e vinho: vida. O interminável caminho.
Brindemos ao bélico dos sem acordos.
Eis a batalha.
A amada
O deus burguês clama por vingança
Nós silenciamos
De início, tímidos
De início, atordoados
Depois, retomamos forças
Arregaçamos as mangas
das camisas
Arrebatamos as mangas
das árvores
E lançamos sementes ao céu
De lá germinam
Fecundam
Partem...
Canto IV
O amado
Tua nudez caleidoscópica
Tríade imperfeita
Octópode
Quadrúpede
Bípede depenado
Gosto de jabuticaba com melaço de cana
Olor de enternecidos versos esquecidos
Itinerantes viandantes viajantes do sem fim
Dardejantes
Gritos carmins ressaltam o verniz de prateleiras
Cujas folhas outonais não nos pertencem
Bibliografias
Autobiografias
Autópsias
O papiro cômico se abre;
Desenrolam-se meadas sem destinos.
O bicho grito!
Eis o parto.
A amada
O dado lançado ao vento
Morcegos multicoloridos
cobrem nosso quarto
Em pé o (i)mundo
“só verdadeiro vivo o que já
sofreu” recita o poeta
Ao norte, a morte
Ao sul, o gozo
Ah! Minha bússola querida
onde te escondes?
CantoV
O amado
A flecha liberta do arco
Livre transpassaste a esfera aço fumegante
Sem registro ou métrica
Clarões estrondam
Nada de raios ou venturas
Silêncios
Da colina ruge o Huno
Pelas planícies dos corpos trucidados
Uivos lancinantes sobrepujam
o solfejar dos canários da minha terra
Guerra.
Medrar é para os porcos.
A amada
O dedo dos anjos
As asas do vampiro
Bem-mal,
Mal-bem
Bem-me-quer mal
As estrelas clamam por paz
A lua pede silêncio
E nós, idiotas (poetas?), teimamos
em gritar por elas?
Canto VI
O amado
Ó sangessuga!
Verme vampiresco..
Meia, pataca por teu versos, ó tolo!
Quiçá demônio de indigna espera.
De que valem os estrados sem estradas ou
Pulmões sem ar.
Besta quadrada, és orquídea.
Sem lodo. Sem lado.
Sem dados. Sem nados.
Onde, a encosta de teu
Mar ou peregrina adaga?
A amada
Asas negras decepadas
Cobrem o rio de silêncios
“dizer te amo não basta”
A dimensão do pavor
Cala nossa voz
A dimensão do prazer
Deflora
Cá, a escola
a espora que nos fere a carne
sangue rubro denuncia nossa
passagem
Canto VII
O amado
Nossas flores no jardim
sacada de concreto
armado madrigal de andarilho
tenda que tende ao amo que ama
hã
quem dirá de nós os nós que
desatamos em desaguar aguando
tais jardins tão plenos de suspensos
tensos de lençóis ocultos sob os escombros
do maremoto solar que assolou a história
inundou a aurora boreal e derreteu
o mundo outrora polar e
revelou a mendicância de Atlântida
nua e crua
aos golfinhos alados
da imensidão dos teus beijos
A amada
Rituais de passagens e fins
Quero matar-te de beijos
Quero estrangular-te
Entre minhas pernas
E silenciar minha boca
Com tua boca
Canto VIII
O amado
Dista-me de ti despida
Nada de tua nudez quero senão espero mais
Que entrega nua tua alma minha
Afogar-me em teu cálice
Esta integralidade
Não eu nem teus
Sem mitos
Esqueçamo-nos dos ritos
Teu riso me inunda o gozo
E
Arde
Arde
Arde
Arde
Arde
Arde
Sagrado
Secreto
Silencioso
Alarde
O aroma
A praia
O vento
A tarde
O tempo
Nada urge tudo, apenas arde...
Arde
A amada
O sal do oceano
O céu da boca
Lábios infindos
Sob a carne tão pouca
O mundo no horizonte
O mundo em trânsito
O céu atônito nos obscena, observa
E se põe em silêncio
Canto IX
O amado
Onde as palavras cessam
Onde os olhos cegam
Onde os todos se poucam
Onde os tudos se nadam
Envidam
Palavras fitam-se apaixonadas
poucando tudos e todos
E nadamos de novo no novo
do recriar o amor...
A amada
O silêncio insiste em falar
Sorrisos
As lágrimas nos desidratam
O sol cala-se no infinito
Por cá, limitemo-nos ao real que também pode ser belo
O sol calado do infinito
O infinito cala o sol
O belo cativa o belo
que nos impele ao magnífico
Rendo-me.
Canto X
O amado
Se não te amasse que me seria
Não te visse como louco seria meio
Teria eu um mais do quê
Além de tantos por quês
A serem respondidos...
Teu mar é como tarde
Sabor de entre meios
Manhã sem fim
Noite inteira
A amada
O barquinho navega pelo cerrado
Mar escuro dos teus olhos
Dissimulando tempestades
Aproveitemos o bom vento
A proa erguida sob o céu
Navega em cerrado mar
O resto é resto
Só história...
Canto XI
O amado
O Dragão desnudo
Caleidoscópio surdo
Famigerado e mudo
Nada é tudo
Da janela a tênue lembrança dos mortos
Vozes de algum instante
Que clamou chama
Enxofre e lama.
Os rolinhos no cabelo,
As coxas nuas
E um trago aos ratos.
Os pratos que se quebram
Os átrios que se elevam
E os pórticos que se desvelam...
Naquela esquina os
Porcos.
Destinam-se ao matadouro todos os animais.
Nada demais...
E como um poema e
Seus tortos: angústia e
Medo. E falsidade.
A amada
O cão ladra
Quando o homem passa
O cão ladra
Quando o homem grita
O cão ladra
Em silenciosos resmungos
O cão ladra
O cão salta
Quando a moça passa
O cão salta
Quando a moça valsa
O cão balança
o rabinho
O cão
Canto XII
O amado
Inquietude e saudade
Silenciosas...
A fada, a pradaria, o sol
Um rio rubro de tantos zelos. E uma flor
A derreter a neve
Olhar do outro.
Olhar o outro.
Olhar ao outro.
No escuro, não há obscuros
A amada
A chuva inclemente
A mente demente mente
O canto das cigarras
(sereias perdidas entre
árvores secas)
O cheiro da chuva
O montar dos desmontes
O açoite do norte
O norte
A morte
A sorte
Corre na enxurrada
A veia (artística e hemorrágica)
A ceia
Asseia-te
Avia-te
A via...
Epístolas de São José a uma Corinthiana
Jodhi Segall
1. Algum lugar de 2004
I
É tarde e estou muito cansado. Meio perdido, insólito.
Há um frio na barriga, uma angústia profunda e lágrimas nos olhos.
Um dor no corpo, nos braços, nas pernas, nos olhos, na cabeça. Uma dor de não se esqueça. De tantos desacertos, de muitos aborrecimentos.
A certeza de te amar me assusta. Queria estar tranquilo, olhar para trás com satisfação e para a frente com confiança, mas não. Em mim, tudo é incerteza e perda.
Nu para seu prazer tornei-me nu também para mim mesmo. Descarnei-me em meandros e corredeiras deste amor incoerente, insano, instável e total. Plural em suas faces e formas, uno em desejos, faminto por si mesmo, autofágico, antropofágico e egoísta. Amor estrangeiro e estranho. Inalcançável. Amor profano, profundo e dano. Diuturno, soturno, sovina. Grande demais!
E eu pequeno. Pequeno demais para ambos, você e ele.
Você e a sua autocracia, sua liberdade vital, sua independência completa de mim, suas negações e fugas; ele e sua ganância por espaço e tempo.
E eu com meu desamor próprio, minha não percepção de mim, minha infinita busca. Por auto-afirmação, a luta em conquistar meu respeito e reconhecimento próprio, a falta de horizonte, de segurança, de perspectiva. Descentrado, sem rumo, sem eixo.
A percepção desta não relação com a realidade e os valores comuns, o meu não comprometimento com a estabilidade financeira, a não construção de algo comum, a fragilidade das minhas emoções... Tudo exposto e cru.
Já não sei se há salva-vidas ou salvaguardas.
A distância agora se solidifica nas verdades não feitas, torna-nos objeto de um destino (in)comum.
Não vejo partilha. Sinto navalha. Um corte profundo na face. Um quê de amor mal vivido por um eu mal amado. Sinto como se amanhã não existisse e apenas passei, sendo mais um que foi, se perdeu pois perdido estava.
Nada tenho a cobrar. Nada posso exigir. Nada posso ofertar pois me vejo nulo e sem saída. “Perdoa-me por me traíres”. Quero apenas afirmar que não sei te amar, mas tentei.
Quis ser o homem de sua vida inteira e me vejo apenas um menino de chinelo e calças curtas que tem medo do escuro.
A solidão não me apavora mais. Não sou cativo de mim. Não estou bem hoje. Estou no entrave.
A clareza da dor. A proximidade da partida. O seu crescimento, a sua expansão...
Minhas mãos vazias, nem flores nem pedras.
Onde minha grandeza? Onde minha pequenez?
Tudo em ti me é beleza e eu em ti apenas vez.
É pouco. Muito pouco.
Louco ou não, pouco me importa
Cão sem dono.
Longe do tocável, do resoluto. Tudo é absoluto, guilhotina sem voz ou sangue. Mundo silencioso.
Em cada canto, o gosto agridoce de vinho tinto e pernil assado. Teu sexo, meu gozo... as entranhas da poesia, o látego de Eros.
II
Em mim, és vida e luz e o mais completo obscuro e se te nego é por tua negação!
Se tudo é cansaço, desgaste e desencontro é pela não realização do amor... amor-paixão; ódio-paixão; paixão-paixão. Amor completo, complexo, repleto de lacunas e mal preenchidos. Amor que requer cadastro e preço. Etiqueta. Senha de acesso e análise equacionada do eu.
Um eu já descarnado, desossado, dissecado.
Se meus rompantes te são ofensas, se lhe violento, exponho tanto, onde o riso e o beijo, o ardor do desejo?
Na calma, nada te contenta, como se minha calma te aviltasse e minha apaixonada alegria te fosse fútil.
Fútil é meu completo desespero e esta súplica por teu amor enquanto sou executado na cadeira elétrica (o retesar de músculos e nervos; o fechar da traquéia; o cérebro reduzido a nada)...
A desconfiança, plantada e alimenta, é acompanhada pelo excesso de confiança (minha nudez extrema). Eu carne exposta; corpo expatriado; decifrado; decodificado... Como arrancar a tatuagem que me identifica como teu? Quem é este desconhecido que sou agora?
Destruído o inexistente, resta a verdade do nada que sou. E isso não dói, me embeleza à medida que me torna um poder ser... Vejo-me na desintegração, no desvio. Não mais na contramão.
Não sei de nada, mas te amo.
Por ora o que era enquanto torna-se o quando. Não há promessas. Não há promessas. Não há certezas. Apenas tenazes.
Um vazio que permeia a espera.
Um lugar sem lugar nem era.
O que me é trágico não é tua nudez mal revelada, é minha insensatez de não a despir, de não a viver totalmente. Temo agora vê-la por completo neste total desvelo do incerto.
Nada me é fatal/causalidade. Apenas consequência de premissas erradas e atitudes idiotas, cuja clarividência já determinava algo deste óbvio cerceamento de qualquer tomada de decisão ou possível escolha.
Não sei te amar. Tornei-me obsoleto demais. Ignorante demais. Estúpido demais. Tudo demais enjoa, cansa, esgota. Tudo de menos também.
Não temos meio termo. Extremos são conflitantes. Nem sempre convergentes.
Fomos infiéis no amor. Agora pagamos o preço.
2. Infernos de 2005
I
Chorei o morto enquanto vivo. Agora rendo-me às circunstâncias.
Fora da história e do tempo, desconstruído em minha mitologia a insólit(d)a realidade do combate ao sem tempo e espaço quando tudo é espaço-tempo.
Tolerar o intolerável. Mortes primeiras nos diários incomuns de duas autocracias cerceada.
Amor estrangeiro e pendular,
perdido de si, desencontrado
num absurdo de lendas
mal/ditas e poemas impublicáveis
o eu-cachorro correndo atrás do próprio rabo...
II
Definitivo e métrico,
um amor feito de desamores.
Olho equívoco
sem peso ou medida
tanto prazer e profundo êxtase
tanta insensatez e descontinuidade...
Amor feito de termos de conduta e agendamento prévio, de fragmentações construídas
Negação.
Não julgo, questiono ou quero.
Uma íntima crueldade não define algoz ou vítima:
ambos parasitas de descontentes idos
Ritos e códigos
(des)temperamentos sem paz ou harmonia
Apenas perdas e danos...
Talvez enterre este amor no passado
das ilusões ou
o reconheça no jazigo dos covardes.
Na existência de dois, apenas um engodo
mentirosos
Por anos sem altos ou baixos, apenas intensos.
Este tanto enquanto e todavia,
derramado em poucos braços e todos os leitos
meus mil defeitos e outros tantos desatinos
o transtorno da ausência
nuvem da sofreguidão dos beijos.
Suas verdades lhe são companheiras,
as minhas verdadeiras.
Não tão prostituto quanto distante de toda distância.
Chorei o morto vivo.
Vi e vivi a dor,
não mais pertence.
Não há porque não ver as flores ou
valsar o contentamento...
perdoe por não ter partido quando você partiu...
III
Acordo entre as nuvens tempestuosas dos braços teus.
Não importa se amanhã virá;
se chegará breve ou longe
Aqui te guardo nua e desejada a cada passo.
Sou teu completamente
E de nada ou ninguém me faço meio.
Este incontido querer-te
Livre amor sem pequenez
o sol do mar em nossa tez;
O sal em meu semblante
A distância errante
Remove terras e engolfa mares
Insano amor que condena aos tufões
Do improvável
Nada (em)(in)comum
Somos tudo e todos ao mesmo tempo
Olha-me com teus olhos meus
Não mais a escuridão dos infelizes
subimos a colina do plural
No silêncio da paixão...
Serena espada transpassa o peito
Sem dor ou sofrimento
Amor sem medidas, receios e termos
Atemporal, desterritorial
De pequenos fragmentos
e plenos descuidos
cotidianos
Amor assexuado
de gozo profundo
e águas turbulentas
Sereias de carícias helenas
Meu piormelhor, meu melhorpior
Tudo e nada.
IV
Completo incompleto complemento.
Amor
Metalinguístico
Metafísico,
Diametral a toda concretude
Amor integral
De perdas e danos
Metamorfoses
luz contínua e
trevas espessas
cego, surdo, mudo
caos
ordem
perene
Nada de ti retenho
Nada de ti me é posse
Transcende
Ascende
Paixão intermitente de altos e baixos
E nenhuma espera...
V
Desejo da vida inteira
Paixão tórrida, avassaladora
(Antropo)(Auto)fágica
de descontínuos e contínua(mente)
Mentiras, sexo e videotapes
aquele gosto de quero mais
insatisfeito e pouco
Amanhecer rouco do até quando
Ou do enquanto-enquanto
Grandioso (cataclísmico) amor
do muito e tão(AM) pouco
Nenhum contentamento ou sensatez
Nem árido nem vazante
Agreste.
VI
Termo entre o plantio e a colheita
Amor sem receita
Arbitrário senhor
Desnorte surtido de amplitudes
Descodificado
Desmaterializado
totalidade
Do amor até as cinzas
No se sentir ameaçado
Por critérios e sombras
Ou sobras de outros homens
Sentir-me teu me basta
Vou em busca da
vida em plenitude
Ou a ignorância
Das porcas misérias
In(coerências/certezas/seguranças)
Sou melhor que as distâncias
Percorridas
Seus abismos e rochedos
Nada mais
Exigirei
Não sou tão pacífico
Nem tão católico
Pequeno burguês
Ignorante
Social democrata
Sei ser revolucionário
Líder intelectual
Discreto e generoso
Apaixonante e sedutor...
Aguarde-me!
VII
Não te culpo. Nem desculpo.
Nada oculto.
Apenas amo.
E por amar assim, já não me clamo.
Não me escuto.
Não me reclamo.
Não te culpo. Nem desculpo.
Não mais te ocupo nem preocupo...
Não há engano no coração cigano.
Não há alarde no portão,
Nem alarido nas circunstâncias.
verdades distribuídas em tonéis.
Nada de pressas. Nem compressas.
Nenhum desengano.
Apenas importâncias e mais interessantes...
Ser grato agora, antes que tarde
ao nada na vida do outro...
ao tão pouco em própria vida...
3. Sabatinas de 2006
I
Três dias sem dormir e estudando feito louco
prova em cima ou acima de prova
gabaritar tudo ou nada
por água abaixo
na última cartada,
nem cheiro de vento ou brisa.
O cachorrinho morreu.
Enterrei no quintal, de manhã.
Realmente precisamos do Espírito da Dádiva.
Ou de uma realidade mais benfazeja.
II
Segunda: melhores notícias e maiores resoluções.
Tá uma merda!!!!! Ampla geral e irrestrita!!!
considerando que eu não tenho prumo,
que estou com raiva
que tudo dói e nada realizo
que acabo me machucando e
atravessando o samba,
que estou cansado pacas
perna doendo, cabeça girando
tudo em mal querer bem
sou inconveniente, esquizofrênico, paranóico...
Bom, a cada idiota a sua idiotice.
III
Quanto mais eu cedo menos a ti pertenço.
Estou em eclesiastes capitulo 3.
Tenha calma. Nada para se preocupar.
Eu sou eu. Você e você.
É assim.
IV
Há um vazio que só o silêncio preenche
(Pelo menos a conta de telefone não será mais um problema).
V
Era grande, o consolo do pão.
VI
Não estou nada bem e
a sua falta é muito grande.
Minhas urgências me (im)pressionam
Mas o texto, aos poucos, entra nos eixos e adere ao contexto...
Tenho exigido demais de nós dois
e oferecido muito pouco a ambos os quatro.
VII
Meu coração vulcano expele lavas de contradições
Já nem tenho mais desculpas, pois tudo que sou é culpa
É preciso encontrar uma saída
Sem morte súbita ou o desgaste do amor
que ora me leva ao paraíso e ao inferno de mim
Bem enlouquecido e pouco realizado, sou uma combinação explosiva
Tudo que quero é amanhecer
iluminado pelo riso de seus olhos
sem ter que matar um tigre por dia para
dizer te amo...
Destroços em rebeldias infrutíferas,
Cobranças ingênuas.
Trazendo sua calcinha no bolso
poeta em luto e tesão. Lutotesão.
Viúvo de mulher viva
E cão raivoso a despejar cóleras no útero do descontentamento.
Tudo em mim é seu, menos eu.
VIII
Tenho muita raiva,
muita mágoa,
muita angústia e
uma ausência presente e insatisfeita.
Aderno à tirania.
Se Rimbaud escreveu o Barco Embriagado,
escrevo o Barco Encalhado...
As noites sem dormir, as embriaguezes programáticas, os telefonemas de controle simbióticos...
caos e desencontro... onde o encontro?
Revivemos maios em fevereiros,
ônus não são amor na distância dos prantos,
na não partilha dos pratos.
IX
Acabei por não receber
o patrão teve que se ausentar e
a patroa estava sem grana.
Traga roupas de frio,
aqui ele está de doer.
Trabalhos encerrados,
resolvendo as faltas (todas!),
principalmente as que não faço.
Ou não possuo.
Assumindo perdas,
reestruturando custo x benefício,
retificando danos e avarias.
Iniciando uma nova fase.
Te amo e resolverei este saldo.
X
Sem coleira, seu cachorrinho doridinho
ai! como dói esta merda deste dente!
Está tudo solto no ar,
Mas o momento é de definições,
a agenda dos mestres e
a boa vontade dos deuses.
Ontem perdi o controle
e saí de mim, literalmente.
O poema é uma adaptação de um Sêneca
mal vivido e mal dormido.
Estressadinho pacas!!!!!!
Nervosinho que dói...
Por outro lado, dói tudo:
cabeça, ombro joelho e pé.
Mas tudo bem:
eu e tempo somos mais fortes
que quaisquer outros dois.
XI
Um dia esclarecedor e produtivo.
Amanhã será corrido.
As abelhas servem o mel
mas possuem ferrões dolorosos!
Triste quando muitos desfrutam de único favo
e deixam apenas o amargo branco e salgado do sêmen
de flores distraídas para a morte outonal.
Uma festinha agradável:
disputas infantis e ridículo público e
notório;
nada como um passeio noturno pelo campo...
XII
Sex and city?
O concentrar-se no ato,
além das pautas...
o amoroso enleio no júnior e
um post mortem às cinco da manhã...
a dor desesperada de mãe e
o meu culpado! culpado! culpado!
eternamente, culpado?
Os mistérios se revelam aos poucos.
Assim também o amor e a artimanha.
No amor, aquilo que jamais se revela.
Em todas as faces: discrição e prudência.
Não estou em silêncio. Apenas preservando-nos da dor.
XIII
Todas as mensagens apagadas e
nenhuma das enviadas chegando a seu destino...
Uma deprê de fazer inveja.
Um oco,
um vazio desesperador.
Não consigo ler,
escrever menos ainda.
O trabalho está uma merda...
O projeto não saiu do improvável.
Tô maus... Tentando ir praí.
Alguma bendita alma
encontrou a bondosa da carteira.
Salvou-se a identidade,
o título, as fotos sua e
uma conta de 20 reais
que tenho que quitar até segunda.
Estou terminando o Che e
dando um tiro no pinto
XIV
Como uma barata tonta, nem de perto executável.
Dói tudo e
as minhas raivas são plenas.
O sapato furou.
O chuveiro pifou.
O sabonete acabou, o papel higiênico, também.
O gás, resolvemos.
Espero que não venha coisa pior pela frente,
muito menos por trás.
O estômago é uma bomba atômica
Não me espere.
Se estiver lá, bem, senão, amém!
XV
Ainda há esperança
Sob sol e sobre fogo.
Avançar e desdobrar sobre o terreno.
Atingir
Atacar, conquistar e manter.
Reorganizar e prosseguir no ataque.
Morte a eros, glória a marte!
Sic transit gloria mundi.
Alea jacta est.
Seo venti fecere moras
Sive aequora vobis
Ad nulla vester damna
Retentus Amor
4. Tardes de 2007
I
Cahorrin’ inluarado...
tentando poupar energias e
não se desesperar mais que o desespero.
Ih!! O trem tá grave...
Não estamos nada bem com nossos tico e teco.
Tô todo arregaçado,
fodidinho da silva...
Num guento mais ver Lei, Artigo, Inciso, Pena
e tenham pena de mim...
II
De volta à fase dos ciclones.
com todo este emaranhado de improbabilidades e
sem a mínima sustentabilidade,
estou nos quintos.
Recebi a resposta do C.: um “lamentamos profundamente, mas...”
Realmente o trem tá feio, ô sinhá!!!
III
Me abri com F.e
dei carta branca para o que se foda!!
foi melhor do que ficar calado e
fazer de conta que nada ocorre.
Considere-se minha
penúria e desesperada insubsistência,
resumam-se todas as perdas
auferidas no período e
determine-se a falência múltipla de órgãos.
Nós no olho do furacão...
Te amo.
Mas estou me odiando.
IV
1000 m nos separam aqui e 500 km nos aproximam.
às vezes você está coberta e descoberta de razões...
Ver até o fim...
Alguma pele restou entre nós?
V
Por aqui uma enxurrada de trabalhos
fá-los-ei a bom termo!!!!
Dormi mal pacas.
o corpo ruim pra caramba e
suspeito de hepatite.
Os olhos parecem duas gemas
Há um cansaço que não cala
e um desejo que não se sacia.
VI
A gente compreende, e até perdoa, os esquecimentos,
o problema são as lembranças.
Você me acusa do seu sucesso
e eu reclamo do meu fracasso...
não comemos palavras.
VII
Eu sou eu,
você é você.
Se tudo é uma questão de escolha,
você já fez a sua.
[sou grato por tudo
que me ensinou
apenas não posso pagar as aulas!].
VIII
Cansei de me transmutar
em mil faces,
de ser punido por um crime não cometido.
Há uma única conclusão: é hora.
Quanto menos pensar,
mais farei.
Dizer te amo não basta!
IX
Monossilábicos
Te amo! Será que isto acalma
esta tempestade de areia?
o inferno se aproxima...
A questão é sim monetária,
encontrarei uma solução, uma
semana tranquila,
sem massacres ou meros acres.
Re-verificação de Previsões...
tenho muito mais
problemas que soluções,
muito mais solidão
que solidez, muito mais
lacunas que veredas...
muito mais déficit que liquidez.
X
A morte nos é companheira e
um dia o canoeiro
convida ao translado do rio.
Tenho errado comigo.
E conosco.
A minha saudade não pode impedir
meus passos
porque
se não ando
fico cada vez mais longe
do que quero por perto.
Importante é chegar lá.
Onde?
Nem sei mais
mas em algum lugar se chega,
ah!, com certeza.
Não consegui dormir nesta noite
com Lexotan e tudo.
O triste é saber que
a rosquinha das nove da manhã não tem
o mesmo gosto às nove da noite...
Noite dos Horrores
Estamos de mal a pior...
e afundando...
XI
Os limites da razão se rompem
como papel de seda...
Tu me amas?
O meu problema é grana.
E sexo.
Acordei às quatro da manhã e
não te liguei.
É um avanço.
Afogado em duas toneladas de
papel e uma de lixo, agradeço:
Obrigado, amor...
agora sei que não tenho
nenhuma estabilidade
emocional...
Eu dragão, tu cavalo!
Celular Desligado!
Telefone Ocupadíssimo...
Tá molhadinha de suor?
tô doidim de sodadi...
Noite estranhíssima...
nunca senti tanto a tua falta
e a tua presença...
tudo muito forte e muito desorienta/dor...
5. Entardeceres de 2008
I
Não! Negativo!! Não mesmo!!
estou me afastando cada vez mais de você e Cia.
não tenho mais saco para telefonemas e monocromáticos.
não arco com mais nenhuma perda ou dano
e já basta o tolo engano.
Saudades perpétuas.
II
Te amo, sua pastéia!!
Quero a sua felicidade
me reestruturando aos trancos e barrancos.
Não há restituições a fazer e
desculpas são apenas indiferença consumada.
Se escolhe seguir em frente
sem a minha (in)constância,
que seja.
III
Um pouco mais de privativos e preservações.
meio definitivos do infinitivo.
Tento me refazer sem negar o direito de te amar
a negação completa e o êxtase absoluto.
me perdi no dentro-fora de nós:
apaixona-desapaixona de cinco em cinco minutos.
IV - Cacete!
cada canto desta merda de cidade
me lembra um pinto duro e
uma boceta fugitiva,
uma discussão,
uma indignação e uma saudade e
o medo.
Como caminhar sem pernas?
Como sonhar sozinho?
Te amo.
Apenas isto.
V
Sem palavras
que me permitam ser sensato
Estou errado,
debilitado e ferido.
Finalmente, abandonado por mim...
e rifado por você
centenas de vezes...
Luto (enluto!) feito uma besta
quadrada para realizar este amor
Para você, tanto faz.
VI
É tão simples dizer acabou...
não precisar mentir
nem ocultar cadáveres...
a minha adolescência.
contra tudo e todos,
sem eira nem beira,
sustentei esta passagem
apenas uma leitura.
ferido e magoado,
tentando não ser revoltado
nem revoltante.
As raivas passam
as dores extinguem,
tudo em seu tempo e lugar.
VII
Menos amargo e agressivo
Se me acena com amizade,
aceito.
Não quero perder tudo.
Se fui desastre em sua vida,
perdoa
saia logo desse estado de pânico e
siga em frente.
Não tenho o direito
de fazer o que estou fazendo.
Nem comigo, nem com você.
VIII
4 de julho, independência dos EUA.
Verificando as flanelas e a panelas,
e preparando as partidas
por meus delinquentes,
tão eloquentes.
um trabalho magnífico!
Mas não posso me considerar
"Companheiro"!
talvez um pajem,
um bode expiatório,
um porto inseguro.
Mas amor que não ama, é muito!
Onde se encaixa o sem caixa ou encaixe?
IX
Não, anta, não me orgulho,
apenas amo.
E me reconheço.
Não tenho preço
nem divido cova rasa!
Não é o prato,
é a balança!
Não é o ato,
é o comum.
Não é a raiva,
é a renúncia!
E o repúdio.
Companheiro?
Olho-me distante de ti.
Onde de tão dentro de ti me arrancaste os olhos,
os ouvidos, as vísceras?
Fique com
Maiakóvski!
Ando sem pernas...
Ainda possuo minhas asas!
X
O ciúme silencioso ou gritante
e tudo ao amor é tão simples...
Desculpe o mal dito e o mal feito.
Meus dois neurônios estão um tanto
incapacitados para criptografias e
meus corroídos nervos não estão dispostos
ao sarcasmo.
ABIN...
Nada como informações precisas:
nos tememos mais do que nos amamos.
Construímos bem o mau e mal o bom.
Em tese, são as últimas palavras
Apenas boa sorte e
boa viagem!
XI
Após tantos poemas incinerados
tantos convites e recusas,
tenho escrito alguma coisa.
Nada muito especial.
Com uns trabalhos em mãos
e outros nos pés.
Gripei feio.
A reforma da casa começou.
Estou renovando os arquivos
e jogando fora o que não tem mais função
ou justificativa.
consegui fazer o oftalmo
Não admiro minhas irritações...
Agora só faltam as presas.
XII
Ah!! Crer? Acreditar? Creditar?
Passa-me São Paulo...
E povoamentos...
Espaçamentos...
Urbanos e seus detritos.
O Eu restrito.
Lacunas. Lagunas e retiradas.
E projetos duais
em uniláteros quadrados
E amanhãs que
não me pertencem
tanto quanto os ontens
dos quais não participo...
Há um ser que arde
e outro que pranteia.
Mas não faço mais alarde.
O cão ladrou, ladrou, ladrou...
Apenas.
Noites insones.
E pouco importam quantos,
quandos e ondes.
Para onde se foi
quando se perdeu o bonde?
Já tanto faz o roteiro,
o outeiro ou o valor.
Pouco importa qual é a rota rota,
No banco da praça,
agência calçada,
os custos,
a contas,
as portas fechadas.
Verificamos fachadas e velórios.
Tudo é azul
no oceano de quem ama.
O resto que se foda!!!
Um dia cansamos de comer restos e
a realidade se prova
Extremidade.
XIII
A máscara.
A farsa.
A fraude.
Meus olhos cegos.
Meus ouvidos surdos.
Meus dentes podres.
Um dia os monólogos se ouvem.
Esfinge.
Consegue ver além do próprio umbigo?
Consegue ouvir além do eu consigo?
Autocracia é uma cela
Bondade é um engodo.
Usura é fome de ternura.
Invejas:
que outro não me possua
o quanto dele imprecisar.
Vazios.
Hereditários.
Identitários.
Tudo em todos: solitários.
A porta. Sem aporte. Sem chave.
XIV
Temporada de caça suspensa
sobre nós e nós
Avanços e retrocessos...
Monólogos de perdas
e negações...
Foi um erro não ver o inferno
em que estou...
Eu sou eu, você é você.
A carteirinha é uma prova de identidade...
O que me espanta é
a consciência das coisas.
A dor não tem limite.
Tudo que era certo se torna duvidoso
Capetinha é a latinha do crak.
Tô numa merda do caralho,
mas talvez comece a trabalhar
(bico fechado, nada de esperanças!!!)
Ontem tomei três gengibres para
literalmente - apagar.
Hoje, dia inteirinho de ressaca
e dor de cabeça.
É horrível afirmar estávamos...
Aliás, poucas alterações...
O arquivo não abriu.
Mas há uma série de impedimentos.
As dívidas, o SPC-Serasa,
e os trabalhos para acertar arestas
e sair com o mínimo de decência.
Sempre quis ir embora.
Preciso me reler, ouvir, sentir...
Aqui cada centímetro quadrado me faz pensar em você.
6. Estertores de 2009
I
Enfim, o fim!!
Não mais suportar o amor que não ama,
a coragem que não age,
a irracionalidade que se entroniza.
Não se trata de depressão ou cárcere.
Mas de humanidade perdida,
De possessão,
obsessão, invejas, arquivos mortos...
O que restou?
Estrume entre prados não semeados.
Mesmo tragicômica, vivemos e morremos uma grande história
Ainda que distintos,
untados no mesmo óleo,
forjados no mesmo forno,
aquecidos no mesmo leito.
Não dizer futuro algum
O passado não acaba na alvorada,
mas pode ser recusado na aurora...
Te amo.
Lamento.
Mas a indiferença faz toda e qualquer diferença.
De tudo em si, seu próprio norte.
II
Não sei me explicar
como de costume.
Sei que supitei
Explodi implodindo-me.
E nós, cartas do tarô cigano
antagônicas,
entre rivalidades imbecis
e colaborações externas...
somos a soma
e o sema de dois.
O resto não coexiste
e nem sobrevive.
Sem neurônios, alma,
nada...
esta paixão não suporta ouvir o nome
um do outro,
e percebe-se frágil e incompleta.
O nome de Javé é Ciumento...
Na luta pela autodeterminação, o holocausto (claustro)
do outro.
A entrega de corpo e alma,
e cinzas...
Mais que torto,
morto.
E querendo, mesmo sem querer...
E amando cada vez mais,
no nunca ou tanto faz.
A fome não passa,
mas a embriaguez é constante.
A perenidade das circunstâncias...
O medo e
sua relevante perda.
As pedras.
Os túmulos
E a partilha e
desespero.
Meu desterro seu.
E tudo tão óbvio...
1. Algum lugar de 2004
I
É tarde e estou muito cansado. Meio perdido, insólito.
Há um frio na barriga, uma angústia profunda e lágrimas nos olhos.
Um dor no corpo, nos braços, nas pernas, nos olhos, na cabeça. Uma dor de não se esqueça. De tantos desacertos, de muitos aborrecimentos.
A certeza de te amar me assusta. Queria estar tranquilo, olhar para trás com satisfação e para a frente com confiança, mas não. Em mim, tudo é incerteza e perda.
Nu para seu prazer tornei-me nu também para mim mesmo. Descarnei-me em meandros e corredeiras deste amor incoerente, insano, instável e total. Plural em suas faces e formas, uno em desejos, faminto por si mesmo, autofágico, antropofágico e egoísta. Amor estrangeiro e estranho. Inalcançável. Amor profano, profundo e dano. Diuturno, soturno, sovina. Grande demais!
E eu pequeno. Pequeno demais para ambos, você e ele.
Você e a sua autocracia, sua liberdade vital, sua independência completa de mim, suas negações e fugas; ele e sua ganância por espaço e tempo.
E eu com meu desamor próprio, minha não percepção de mim, minha infinita busca. Por auto-afirmação, a luta em conquistar meu respeito e reconhecimento próprio, a falta de horizonte, de segurança, de perspectiva. Descentrado, sem rumo, sem eixo.
A percepção desta não relação com a realidade e os valores comuns, o meu não comprometimento com a estabilidade financeira, a não construção de algo comum, a fragilidade das minhas emoções... Tudo exposto e cru.
Já não sei se há salva-vidas ou salvaguardas.
A distância agora se solidifica nas verdades não feitas, torna-nos objeto de um destino (in)comum.
Não vejo partilha. Sinto navalha. Um corte profundo na face. Um quê de amor mal vivido por um eu mal amado. Sinto como se amanhã não existisse e apenas passei, sendo mais um que foi, se perdeu pois perdido estava.
Nada tenho a cobrar. Nada posso exigir. Nada posso ofertar pois me vejo nulo e sem saída. “Perdoa-me por me traíres”. Quero apenas afirmar que não sei te amar, mas tentei.
Quis ser o homem de sua vida inteira e me vejo apenas um menino de chinelo e calças curtas que tem medo do escuro.
A solidão não me apavora mais. Não sou cativo de mim. Não estou bem hoje. Estou no entrave.
A clareza da dor. A proximidade da partida. O seu crescimento, a sua expansão...
Minhas mãos vazias, nem flores nem pedras.
Onde minha grandeza? Onde minha pequenez?
Tudo em ti me é beleza e eu em ti apenas vez.
É pouco. Muito pouco.
Louco ou não, pouco me importa
Cão sem dono.
Longe do tocável, do resoluto. Tudo é absoluto, guilhotina sem voz ou sangue. Mundo silencioso.
Em cada canto, o gosto agridoce de vinho tinto e pernil assado. Teu sexo, meu gozo... as entranhas da poesia, o látego de Eros.
II
Em mim, és vida e luz e o mais completo obscuro e se te nego é por tua negação!
Se tudo é cansaço, desgaste e desencontro é pela não realização do amor... amor-paixão; ódio-paixão; paixão-paixão. Amor completo, complexo, repleto de lacunas e mal preenchidos. Amor que requer cadastro e preço. Etiqueta. Senha de acesso e análise equacionada do eu.
Um eu já descarnado, desossado, dissecado.
Se meus rompantes te são ofensas, se lhe violento, exponho tanto, onde o riso e o beijo, o ardor do desejo?
Na calma, nada te contenta, como se minha calma te aviltasse e minha apaixonada alegria te fosse fútil.
Fútil é meu completo desespero e esta súplica por teu amor enquanto sou executado na cadeira elétrica (o retesar de músculos e nervos; o fechar da traquéia; o cérebro reduzido a nada)...
A desconfiança, plantada e alimenta, é acompanhada pelo excesso de confiança (minha nudez extrema). Eu carne exposta; corpo expatriado; decifrado; decodificado... Como arrancar a tatuagem que me identifica como teu? Quem é este desconhecido que sou agora?
Destruído o inexistente, resta a verdade do nada que sou. E isso não dói, me embeleza à medida que me torna um poder ser... Vejo-me na desintegração, no desvio. Não mais na contramão.
Não sei de nada, mas te amo.
Por ora o que era enquanto torna-se o quando. Não há promessas. Não há promessas. Não há certezas. Apenas tenazes.
Um vazio que permeia a espera.
Um lugar sem lugar nem era.
O que me é trágico não é tua nudez mal revelada, é minha insensatez de não a despir, de não a viver totalmente. Temo agora vê-la por completo neste total desvelo do incerto.
Nada me é fatal/causalidade. Apenas consequência de premissas erradas e atitudes idiotas, cuja clarividência já determinava algo deste óbvio cerceamento de qualquer tomada de decisão ou possível escolha.
Não sei te amar. Tornei-me obsoleto demais. Ignorante demais. Estúpido demais. Tudo demais enjoa, cansa, esgota. Tudo de menos também.
Não temos meio termo. Extremos são conflitantes. Nem sempre convergentes.
Fomos infiéis no amor. Agora pagamos o preço.
2. Infernos de 2005
I
Chorei o morto enquanto vivo. Agora rendo-me às circunstâncias.
Fora da história e do tempo, desconstruído em minha mitologia a insólit(d)a realidade do combate ao sem tempo e espaço quando tudo é espaço-tempo.
Tolerar o intolerável. Mortes primeiras nos diários incomuns de duas autocracias cerceada.
Amor estrangeiro e pendular,
perdido de si, desencontrado
num absurdo de lendas
mal/ditas e poemas impublicáveis
o eu-cachorro correndo atrás do próprio rabo...
II
Definitivo e métrico,
um amor feito de desamores.
Olho equívoco
sem peso ou medida
tanto prazer e profundo êxtase
tanta insensatez e descontinuidade...
Amor feito de termos de conduta e agendamento prévio, de fragmentações construídas
Negação.
Não julgo, questiono ou quero.
Uma íntima crueldade não define algoz ou vítima:
ambos parasitas de descontentes idos
Ritos e códigos
(des)temperamentos sem paz ou harmonia
Apenas perdas e danos...
Talvez enterre este amor no passado
das ilusões ou
o reconheça no jazigo dos covardes.
Na existência de dois, apenas um engodo
mentirosos
Por anos sem altos ou baixos, apenas intensos.
Este tanto enquanto e todavia,
derramado em poucos braços e todos os leitos
meus mil defeitos e outros tantos desatinos
o transtorno da ausência
nuvem da sofreguidão dos beijos.
Suas verdades lhe são companheiras,
as minhas verdadeiras.
Não tão prostituto quanto distante de toda distância.
Chorei o morto vivo.
Vi e vivi a dor,
não mais pertence.
Não há porque não ver as flores ou
valsar o contentamento...
perdoe por não ter partido quando você partiu...
III
Acordo entre as nuvens tempestuosas dos braços teus.
Não importa se amanhã virá;
se chegará breve ou longe
Aqui te guardo nua e desejada a cada passo.
Sou teu completamente
E de nada ou ninguém me faço meio.
Este incontido querer-te
Livre amor sem pequenez
o sol do mar em nossa tez;
O sal em meu semblante
A distância errante
Remove terras e engolfa mares
Insano amor que condena aos tufões
Do improvável
Nada (em)(in)comum
Somos tudo e todos ao mesmo tempo
Olha-me com teus olhos meus
Não mais a escuridão dos infelizes
subimos a colina do plural
No silêncio da paixão...
Serena espada transpassa o peito
Sem dor ou sofrimento
Amor sem medidas, receios e termos
Atemporal, desterritorial
De pequenos fragmentos
e plenos descuidos
cotidianos
Amor assexuado
de gozo profundo
e águas turbulentas
Sereias de carícias helenas
Meu piormelhor, meu melhorpior
Tudo e nada.
IV
Completo incompleto complemento.
Amor
Metalinguístico
Metafísico,
Diametral a toda concretude
Amor integral
De perdas e danos
Metamorfoses
luz contínua e
trevas espessas
cego, surdo, mudo
caos
ordem
perene
Nada de ti retenho
Nada de ti me é posse
Transcende
Ascende
Paixão intermitente de altos e baixos
E nenhuma espera...
V
Desejo da vida inteira
Paixão tórrida, avassaladora
(Antropo)(Auto)fágica
de descontínuos e contínua(mente)
Mentiras, sexo e videotapes
aquele gosto de quero mais
insatisfeito e pouco
Amanhecer rouco do até quando
Ou do enquanto-enquanto
Grandioso (cataclísmico) amor
do muito e tão(AM) pouco
Nenhum contentamento ou sensatez
Nem árido nem vazante
Agreste.
VI
Termo entre o plantio e a colheita
Amor sem receita
Arbitrário senhor
Desnorte surtido de amplitudes
Descodificado
Desmaterializado
totalidade
Do amor até as cinzas
No se sentir ameaçado
Por critérios e sombras
Ou sobras de outros homens
Sentir-me teu me basta
Vou em busca da
vida em plenitude
Ou a ignorância
Das porcas misérias
In(coerências/certezas/seguranças)
Sou melhor que as distâncias
Percorridas
Seus abismos e rochedos
Nada mais
Exigirei
Não sou tão pacífico
Nem tão católico
Pequeno burguês
Ignorante
Social democrata
Sei ser revolucionário
Líder intelectual
Discreto e generoso
Apaixonante e sedutor...
Aguarde-me!
VII
Não te culpo. Nem desculpo.
Nada oculto.
Apenas amo.
E por amar assim, já não me clamo.
Não me escuto.
Não me reclamo.
Não te culpo. Nem desculpo.
Não mais te ocupo nem preocupo...
Não há engano no coração cigano.
Não há alarde no portão,
Nem alarido nas circunstâncias.
verdades distribuídas em tonéis.
Nada de pressas. Nem compressas.
Nenhum desengano.
Apenas importâncias e mais interessantes...
Ser grato agora, antes que tarde
ao nada na vida do outro...
ao tão pouco em própria vida...
3. Sabatinas de 2006
I
Três dias sem dormir e estudando feito louco
prova em cima ou acima de prova
gabaritar tudo ou nada
por água abaixo
na última cartada,
nem cheiro de vento ou brisa.
O cachorrinho morreu.
Enterrei no quintal, de manhã.
Realmente precisamos do Espírito da Dádiva.
Ou de uma realidade mais benfazeja.
II
Segunda: melhores notícias e maiores resoluções.
Tá uma merda!!!!! Ampla geral e irrestrita!!!
considerando que eu não tenho prumo,
que estou com raiva
que tudo dói e nada realizo
que acabo me machucando e
atravessando o samba,
que estou cansado pacas
perna doendo, cabeça girando
tudo em mal querer bem
sou inconveniente, esquizofrênico, paranóico...
Bom, a cada idiota a sua idiotice.
III
Quanto mais eu cedo menos a ti pertenço.
Estou em eclesiastes capitulo 3.
Tenha calma. Nada para se preocupar.
Eu sou eu. Você e você.
É assim.
IV
Há um vazio que só o silêncio preenche
(Pelo menos a conta de telefone não será mais um problema).
V
Era grande, o consolo do pão.
VI
Não estou nada bem e
a sua falta é muito grande.
Minhas urgências me (im)pressionam
Mas o texto, aos poucos, entra nos eixos e adere ao contexto...
Tenho exigido demais de nós dois
e oferecido muito pouco a ambos os quatro.
VII
Meu coração vulcano expele lavas de contradições
Já nem tenho mais desculpas, pois tudo que sou é culpa
É preciso encontrar uma saída
Sem morte súbita ou o desgaste do amor
que ora me leva ao paraíso e ao inferno de mim
Bem enlouquecido e pouco realizado, sou uma combinação explosiva
Tudo que quero é amanhecer
iluminado pelo riso de seus olhos
sem ter que matar um tigre por dia para
dizer te amo...
Destroços em rebeldias infrutíferas,
Cobranças ingênuas.
Trazendo sua calcinha no bolso
poeta em luto e tesão. Lutotesão.
Viúvo de mulher viva
E cão raivoso a despejar cóleras no útero do descontentamento.
Tudo em mim é seu, menos eu.
VIII
Tenho muita raiva,
muita mágoa,
muita angústia e
uma ausência presente e insatisfeita.
Aderno à tirania.
Se Rimbaud escreveu o Barco Embriagado,
escrevo o Barco Encalhado...
As noites sem dormir, as embriaguezes programáticas, os telefonemas de controle simbióticos...
caos e desencontro... onde o encontro?
Revivemos maios em fevereiros,
ônus não são amor na distância dos prantos,
na não partilha dos pratos.
IX
Acabei por não receber
o patrão teve que se ausentar e
a patroa estava sem grana.
Traga roupas de frio,
aqui ele está de doer.
Trabalhos encerrados,
resolvendo as faltas (todas!),
principalmente as que não faço.
Ou não possuo.
Assumindo perdas,
reestruturando custo x benefício,
retificando danos e avarias.
Iniciando uma nova fase.
Te amo e resolverei este saldo.
X
Sem coleira, seu cachorrinho doridinho
ai! como dói esta merda deste dente!
Está tudo solto no ar,
Mas o momento é de definições,
a agenda dos mestres e
a boa vontade dos deuses.
Ontem perdi o controle
e saí de mim, literalmente.
O poema é uma adaptação de um Sêneca
mal vivido e mal dormido.
Estressadinho pacas!!!!!!
Nervosinho que dói...
Por outro lado, dói tudo:
cabeça, ombro joelho e pé.
Mas tudo bem:
eu e tempo somos mais fortes
que quaisquer outros dois.
XI
Um dia esclarecedor e produtivo.
Amanhã será corrido.
As abelhas servem o mel
mas possuem ferrões dolorosos!
Triste quando muitos desfrutam de único favo
e deixam apenas o amargo branco e salgado do sêmen
de flores distraídas para a morte outonal.
Uma festinha agradável:
disputas infantis e ridículo público e
notório;
nada como um passeio noturno pelo campo...
XII
Sex and city?
O concentrar-se no ato,
além das pautas...
o amoroso enleio no júnior e
um post mortem às cinco da manhã...
a dor desesperada de mãe e
o meu culpado! culpado! culpado!
eternamente, culpado?
Os mistérios se revelam aos poucos.
Assim também o amor e a artimanha.
No amor, aquilo que jamais se revela.
Em todas as faces: discrição e prudência.
Não estou em silêncio. Apenas preservando-nos da dor.
XIII
Todas as mensagens apagadas e
nenhuma das enviadas chegando a seu destino...
Uma deprê de fazer inveja.
Um oco,
um vazio desesperador.
Não consigo ler,
escrever menos ainda.
O trabalho está uma merda...
O projeto não saiu do improvável.
Tô maus... Tentando ir praí.
Alguma bendita alma
encontrou a bondosa da carteira.
Salvou-se a identidade,
o título, as fotos sua e
uma conta de 20 reais
que tenho que quitar até segunda.
Estou terminando o Che e
dando um tiro no pinto
XIV
Como uma barata tonta, nem de perto executável.
Dói tudo e
as minhas raivas são plenas.
O sapato furou.
O chuveiro pifou.
O sabonete acabou, o papel higiênico, também.
O gás, resolvemos.
Espero que não venha coisa pior pela frente,
muito menos por trás.
O estômago é uma bomba atômica
Não me espere.
Se estiver lá, bem, senão, amém!
XV
Ainda há esperança
Sob sol e sobre fogo.
Avançar e desdobrar sobre o terreno.
Atingir
Atacar, conquistar e manter.
Reorganizar e prosseguir no ataque.
Morte a eros, glória a marte!
Sic transit gloria mundi.
Alea jacta est.
Seo venti fecere moras
Sive aequora vobis
Ad nulla vester damna
Retentus Amor
4. Tardes de 2007
I
Cahorrin’ inluarado...
tentando poupar energias e
não se desesperar mais que o desespero.
Ih!! O trem tá grave...
Não estamos nada bem com nossos tico e teco.
Tô todo arregaçado,
fodidinho da silva...
Num guento mais ver Lei, Artigo, Inciso, Pena
e tenham pena de mim...
II
De volta à fase dos ciclones.
com todo este emaranhado de improbabilidades e
sem a mínima sustentabilidade,
estou nos quintos.
Recebi a resposta do C.: um “lamentamos profundamente, mas...”
Realmente o trem tá feio, ô sinhá!!!
III
Me abri com F.e
dei carta branca para o que se foda!!
foi melhor do que ficar calado e
fazer de conta que nada ocorre.
Considere-se minha
penúria e desesperada insubsistência,
resumam-se todas as perdas
auferidas no período e
determine-se a falência múltipla de órgãos.
Nós no olho do furacão...
Te amo.
Mas estou me odiando.
IV
1000 m nos separam aqui e 500 km nos aproximam.
às vezes você está coberta e descoberta de razões...
Ver até o fim...
Alguma pele restou entre nós?
V
Por aqui uma enxurrada de trabalhos
fá-los-ei a bom termo!!!!
Dormi mal pacas.
o corpo ruim pra caramba e
suspeito de hepatite.
Os olhos parecem duas gemas
Há um cansaço que não cala
e um desejo que não se sacia.
VI
A gente compreende, e até perdoa, os esquecimentos,
o problema são as lembranças.
Você me acusa do seu sucesso
e eu reclamo do meu fracasso...
não comemos palavras.
VII
Eu sou eu,
você é você.
Se tudo é uma questão de escolha,
você já fez a sua.
[sou grato por tudo
que me ensinou
apenas não posso pagar as aulas!].
VIII
Cansei de me transmutar
em mil faces,
de ser punido por um crime não cometido.
Há uma única conclusão: é hora.
Quanto menos pensar,
mais farei.
Dizer te amo não basta!
IX
Monossilábicos
Te amo! Será que isto acalma
esta tempestade de areia?
o inferno se aproxima...
A questão é sim monetária,
encontrarei uma solução, uma
semana tranquila,
sem massacres ou meros acres.
Re-verificação de Previsões...
tenho muito mais
problemas que soluções,
muito mais solidão
que solidez, muito mais
lacunas que veredas...
muito mais déficit que liquidez.
X
A morte nos é companheira e
um dia o canoeiro
convida ao translado do rio.
Tenho errado comigo.
E conosco.
A minha saudade não pode impedir
meus passos
porque
se não ando
fico cada vez mais longe
do que quero por perto.
Importante é chegar lá.
Onde?
Nem sei mais
mas em algum lugar se chega,
ah!, com certeza.
Não consegui dormir nesta noite
com Lexotan e tudo.
O triste é saber que
a rosquinha das nove da manhã não tem
o mesmo gosto às nove da noite...
Noite dos Horrores
Estamos de mal a pior...
e afundando...
XI
Os limites da razão se rompem
como papel de seda...
Tu me amas?
O meu problema é grana.
E sexo.
Acordei às quatro da manhã e
não te liguei.
É um avanço.
Afogado em duas toneladas de
papel e uma de lixo, agradeço:
Obrigado, amor...
agora sei que não tenho
nenhuma estabilidade
emocional...
Eu dragão, tu cavalo!
Celular Desligado!
Telefone Ocupadíssimo...
Tá molhadinha de suor?
tô doidim de sodadi...
Noite estranhíssima...
nunca senti tanto a tua falta
e a tua presença...
tudo muito forte e muito desorienta/dor...
5. Entardeceres de 2008
I
Não! Negativo!! Não mesmo!!
estou me afastando cada vez mais de você e Cia.
não tenho mais saco para telefonemas e monocromáticos.
não arco com mais nenhuma perda ou dano
e já basta o tolo engano.
Saudades perpétuas.
II
Te amo, sua pastéia!!
Quero a sua felicidade
me reestruturando aos trancos e barrancos.
Não há restituições a fazer e
desculpas são apenas indiferença consumada.
Se escolhe seguir em frente
sem a minha (in)constância,
que seja.
III
Um pouco mais de privativos e preservações.
meio definitivos do infinitivo.
Tento me refazer sem negar o direito de te amar
a negação completa e o êxtase absoluto.
me perdi no dentro-fora de nós:
apaixona-desapaixona de cinco em cinco minutos.
IV - Cacete!
cada canto desta merda de cidade
me lembra um pinto duro e
uma boceta fugitiva,
uma discussão,
uma indignação e uma saudade e
o medo.
Como caminhar sem pernas?
Como sonhar sozinho?
Te amo.
Apenas isto.
V
Sem palavras
que me permitam ser sensato
Estou errado,
debilitado e ferido.
Finalmente, abandonado por mim...
e rifado por você
centenas de vezes...
Luto (enluto!) feito uma besta
quadrada para realizar este amor
Para você, tanto faz.
VI
É tão simples dizer acabou...
não precisar mentir
nem ocultar cadáveres...
a minha adolescência.
contra tudo e todos,
sem eira nem beira,
sustentei esta passagem
apenas uma leitura.
ferido e magoado,
tentando não ser revoltado
nem revoltante.
As raivas passam
as dores extinguem,
tudo em seu tempo e lugar.
VII
Menos amargo e agressivo
Se me acena com amizade,
aceito.
Não quero perder tudo.
Se fui desastre em sua vida,
perdoa
saia logo desse estado de pânico e
siga em frente.
Não tenho o direito
de fazer o que estou fazendo.
Nem comigo, nem com você.
VIII
4 de julho, independência dos EUA.
Verificando as flanelas e a panelas,
e preparando as partidas
por meus delinquentes,
tão eloquentes.
um trabalho magnífico!
Mas não posso me considerar
"Companheiro"!
talvez um pajem,
um bode expiatório,
um porto inseguro.
Mas amor que não ama, é muito!
Onde se encaixa o sem caixa ou encaixe?
IX
Não, anta, não me orgulho,
apenas amo.
E me reconheço.
Não tenho preço
nem divido cova rasa!
Não é o prato,
é a balança!
Não é o ato,
é o comum.
Não é a raiva,
é a renúncia!
E o repúdio.
Companheiro?
Olho-me distante de ti.
Onde de tão dentro de ti me arrancaste os olhos,
os ouvidos, as vísceras?
Fique com
Maiakóvski!
Ando sem pernas...
Ainda possuo minhas asas!
X
O ciúme silencioso ou gritante
e tudo ao amor é tão simples...
Desculpe o mal dito e o mal feito.
Meus dois neurônios estão um tanto
incapacitados para criptografias e
meus corroídos nervos não estão dispostos
ao sarcasmo.
ABIN...
Nada como informações precisas:
nos tememos mais do que nos amamos.
Construímos bem o mau e mal o bom.
Em tese, são as últimas palavras
Apenas boa sorte e
boa viagem!
XI
Após tantos poemas incinerados
tantos convites e recusas,
tenho escrito alguma coisa.
Nada muito especial.
Com uns trabalhos em mãos
e outros nos pés.
Gripei feio.
A reforma da casa começou.
Estou renovando os arquivos
e jogando fora o que não tem mais função
ou justificativa.
consegui fazer o oftalmo
Não admiro minhas irritações...
Agora só faltam as presas.
XII
Ah!! Crer? Acreditar? Creditar?
Passa-me São Paulo...
E povoamentos...
Espaçamentos...
Urbanos e seus detritos.
O Eu restrito.
Lacunas. Lagunas e retiradas.
E projetos duais
em uniláteros quadrados
E amanhãs que
não me pertencem
tanto quanto os ontens
dos quais não participo...
Há um ser que arde
e outro que pranteia.
Mas não faço mais alarde.
O cão ladrou, ladrou, ladrou...
Apenas.
Noites insones.
E pouco importam quantos,
quandos e ondes.
Para onde se foi
quando se perdeu o bonde?
Já tanto faz o roteiro,
o outeiro ou o valor.
Pouco importa qual é a rota rota,
No banco da praça,
agência calçada,
os custos,
a contas,
as portas fechadas.
Verificamos fachadas e velórios.
Tudo é azul
no oceano de quem ama.
O resto que se foda!!!
Um dia cansamos de comer restos e
a realidade se prova
Extremidade.
XIII
A máscara.
A farsa.
A fraude.
Meus olhos cegos.
Meus ouvidos surdos.
Meus dentes podres.
Um dia os monólogos se ouvem.
Esfinge.
Consegue ver além do próprio umbigo?
Consegue ouvir além do eu consigo?
Autocracia é uma cela
Bondade é um engodo.
Usura é fome de ternura.
Invejas:
que outro não me possua
o quanto dele imprecisar.
Vazios.
Hereditários.
Identitários.
Tudo em todos: solitários.
A porta. Sem aporte. Sem chave.
XIV
Temporada de caça suspensa
sobre nós e nós
Avanços e retrocessos...
Monólogos de perdas
e negações...
Foi um erro não ver o inferno
em que estou...
Eu sou eu, você é você.
A carteirinha é uma prova de identidade...
O que me espanta é
a consciência das coisas.
A dor não tem limite.
Tudo que era certo se torna duvidoso
Capetinha é a latinha do crak.
Tô numa merda do caralho,
mas talvez comece a trabalhar
(bico fechado, nada de esperanças!!!)
Ontem tomei três gengibres para
literalmente - apagar.
Hoje, dia inteirinho de ressaca
e dor de cabeça.
É horrível afirmar estávamos...
Aliás, poucas alterações...
O arquivo não abriu.
Mas há uma série de impedimentos.
As dívidas, o SPC-Serasa,
e os trabalhos para acertar arestas
e sair com o mínimo de decência.
Sempre quis ir embora.
Preciso me reler, ouvir, sentir...
Aqui cada centímetro quadrado me faz pensar em você.
6. Estertores de 2009
I
Enfim, o fim!!
Não mais suportar o amor que não ama,
a coragem que não age,
a irracionalidade que se entroniza.
Não se trata de depressão ou cárcere.
Mas de humanidade perdida,
De possessão,
obsessão, invejas, arquivos mortos...
O que restou?
Estrume entre prados não semeados.
Mesmo tragicômica, vivemos e morremos uma grande história
Ainda que distintos,
untados no mesmo óleo,
forjados no mesmo forno,
aquecidos no mesmo leito.
Não dizer futuro algum
O passado não acaba na alvorada,
mas pode ser recusado na aurora...
Te amo.
Lamento.
Mas a indiferença faz toda e qualquer diferença.
De tudo em si, seu próprio norte.
II
Não sei me explicar
como de costume.
Sei que supitei
Explodi implodindo-me.
E nós, cartas do tarô cigano
antagônicas,
entre rivalidades imbecis
e colaborações externas...
somos a soma
e o sema de dois.
O resto não coexiste
e nem sobrevive.
Sem neurônios, alma,
nada...
esta paixão não suporta ouvir o nome
um do outro,
e percebe-se frágil e incompleta.
O nome de Javé é Ciumento...
Na luta pela autodeterminação, o holocausto (claustro)
do outro.
A entrega de corpo e alma,
e cinzas...
Mais que torto,
morto.
E querendo, mesmo sem querer...
E amando cada vez mais,
no nunca ou tanto faz.
A fome não passa,
mas a embriaguez é constante.
A perenidade das circunstâncias...
O medo e
sua relevante perda.
As pedras.
Os túmulos
E a partilha e
desespero.
Meu desterro seu.
E tudo tão óbvio...
O Elefante de bolinhas coloridas pulando amarelinha
Com todo o meu amor para Laurinha.
Jodhi Segall
O elefante de bolinhas coloridas,
pulando amarelinha,
falava pro sapão apaixonado:
cuidado , jacaré!
na lagoa do dragão dourado.
A corujinha azul é melindrosa,
muito segura, escorregadia, manhosa.
Cuidado, sapão: essa sua boca é um bocão,
mas ela não beija, não.
O elefante de bolinhas coloridas,
pulando amarelinha,
falava pro sapão apaixonado:
cuidado com o tigrão!
Ela não é boba não: ela sabe o que quer
e é melhor aceitar.
Faz de conta que faz tudo que ela quer.
É assim que se ilude esse
bicho que se chama mulher.
Mas fica triste não, sapão.
Se não der, se essa
corujinha azul não te quiser,
vem pular amarelinha!
É bem mais divertido...
Jodhi Segall
O elefante de bolinhas coloridas,
pulando amarelinha,
falava pro sapão apaixonado:
cuidado , jacaré!
na lagoa do dragão dourado.
A corujinha azul é melindrosa,
muito segura, escorregadia, manhosa.
Cuidado, sapão: essa sua boca é um bocão,
mas ela não beija, não.
O elefante de bolinhas coloridas,
pulando amarelinha,
falava pro sapão apaixonado:
cuidado com o tigrão!
Ela não é boba não: ela sabe o que quer
e é melhor aceitar.
Faz de conta que faz tudo que ela quer.
É assim que se ilude esse
bicho que se chama mulher.
Mas fica triste não, sapão.
Se não der, se essa
corujinha azul não te quiser,
vem pular amarelinha!
É bem mais divertido...
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
El Matrimonio
Jodhi Segall
Lleva a nosotros en este dia una rosa de mi jardin.
Una rosa muy rara, muy doce, muy cara.
Un orgullo de sus padres, un esplendor de su família,
Una voz de sus acestrales y una puente,
Naciente de sus descendientes, maternidad de sus sueños y
Reconocer de las dádivas y sacrifícios del camino percorrido.
Cuando dos personas si encuentran y mismo sabiendo
De sus diferencias buscan la igualdad, hacen en si en el mundo
Uno cambio de su historia, tradiciones y costumbres culturales.
Llamamos a esto de la aculturación , donde el cambio es una construcción
Del desarrollo de la humaniadad, esto resulta una busca por la completa
Satisfaccíon de sus intereses individuales y colectivos.
En el amor también es asi.
Son dos seres diferentes que si miran enamorados y buscam la comprensión de
Sus internalidades sentimentales, sin embargo,
Mantenidas su identidad individual y el respecho a las diferencias.
Yo soy yo, tu es tu y los otros son los otros.
Cuando dos tornémonos nosotros, los ojos de un
Debem permitisse ser lo mirar del outro,
Bien como las divisiones del comúm diário debem venir de una constante
Partilla de la responsabilidad . Es con mucho cariño y mucha ternura que se
Palmilla el camino del amor.
No es un paraíso la convivência, siéndonos sabido ser de construcciones pragmáticas
Y no ilusiones lo real valor del matrimonio. La concretad del íntimo de cada un de
Nosotros, la solidez de la família y sus valores moralles, la preservación de los Princípios que dirígenos a la decisión por el seguirse en lucha contra las injusticias y
Las desigualdades son los mismos que preservan la esperanza
En uma vida digna e productiva.
Asi siendo, los sacrificios son un placer en las manos de los amantes.
Amar es una renovación constante del sentimiento amoroso, de su cumplicidad, de su Compromiso con los importantes de lo outro sen abdicarse de la su liberdad,
Su respeto próprio, su identidad.
Dos es una soma de uno a uno, siendo imposibile haber dos en uno.
Convive es un sinónimo de escolla, entendimiento, aciertos entre partes en
Objetivo común de bien estar bien, una plenitud de la liberdad, una
Convicta realización de la leltad. Son de los sagrados secretos donde
Los amantes buscan la resolución de sus conflictos y
Encontran la grandiosidad de la generosidad del perdón y entendimiento que
Hacen la llama del amor no se apagar.
En el amor no se puede haber solicitud, no se puede haber dominación, mas si,
La equidad en la distribuición de sus bienes no materiales, no venales. Estos
Los materiales, los venales, son frutos de relación con el trabajo y del
Sacrificio de los hombres en defesa de los entes amados por ellos.
¡Dios esté com vosotros y que Sus enemigos sean el testigo de Su gloria!
¡Que aya ventura em sus pasos y que sus padros florezcan!
¡Aya honra, deber, coraje y sacrificio em sus almas!
¡Que sus manos se unan siempre em recíproca defensa!
¡Que su casa seaja siempre um oceano de luz e placer!
Y cuando, adelante, em sus angustia de pensar los años pasados o de lãs incertidumbres cuanto al futuro, sus ojos sean los ojos del primeiro encanto en sus corazones.
¡Que sus cariños embriaguen la luna y hablan que sus noches sean muy estrelladas!
¡Mucha, mucha, mucha felicidad!
¡Y que sus hijos iluminen el mundo y sean
El fuego del espiritu de todas las sus mañanas!
Lleva a nosotros en este dia una rosa de mi jardin.
Una rosa muy rara, muy doce, muy cara.
Un orgullo de sus padres, un esplendor de su família,
Una voz de sus acestrales y una puente,
Naciente de sus descendientes, maternidad de sus sueños y
Reconocer de las dádivas y sacrifícios del camino percorrido.
Cuando dos personas si encuentran y mismo sabiendo
De sus diferencias buscan la igualdad, hacen en si en el mundo
Uno cambio de su historia, tradiciones y costumbres culturales.
Llamamos a esto de la aculturación , donde el cambio es una construcción
Del desarrollo de la humaniadad, esto resulta una busca por la completa
Satisfaccíon de sus intereses individuales y colectivos.
En el amor también es asi.
Son dos seres diferentes que si miran enamorados y buscam la comprensión de
Sus internalidades sentimentales, sin embargo,
Mantenidas su identidad individual y el respecho a las diferencias.
Yo soy yo, tu es tu y los otros son los otros.
Cuando dos tornémonos nosotros, los ojos de un
Debem permitisse ser lo mirar del outro,
Bien como las divisiones del comúm diário debem venir de una constante
Partilla de la responsabilidad . Es con mucho cariño y mucha ternura que se
Palmilla el camino del amor.
No es un paraíso la convivência, siéndonos sabido ser de construcciones pragmáticas
Y no ilusiones lo real valor del matrimonio. La concretad del íntimo de cada un de
Nosotros, la solidez de la família y sus valores moralles, la preservación de los Princípios que dirígenos a la decisión por el seguirse en lucha contra las injusticias y
Las desigualdades son los mismos que preservan la esperanza
En uma vida digna e productiva.
Asi siendo, los sacrificios son un placer en las manos de los amantes.
Amar es una renovación constante del sentimiento amoroso, de su cumplicidad, de su Compromiso con los importantes de lo outro sen abdicarse de la su liberdad,
Su respeto próprio, su identidad.
Dos es una soma de uno a uno, siendo imposibile haber dos en uno.
Convive es un sinónimo de escolla, entendimiento, aciertos entre partes en
Objetivo común de bien estar bien, una plenitud de la liberdad, una
Convicta realización de la leltad. Son de los sagrados secretos donde
Los amantes buscan la resolución de sus conflictos y
Encontran la grandiosidad de la generosidad del perdón y entendimiento que
Hacen la llama del amor no se apagar.
En el amor no se puede haber solicitud, no se puede haber dominación, mas si,
La equidad en la distribuición de sus bienes no materiales, no venales. Estos
Los materiales, los venales, son frutos de relación con el trabajo y del
Sacrificio de los hombres en defesa de los entes amados por ellos.
¡Dios esté com vosotros y que Sus enemigos sean el testigo de Su gloria!
¡Que aya ventura em sus pasos y que sus padros florezcan!
¡Aya honra, deber, coraje y sacrificio em sus almas!
¡Que sus manos se unan siempre em recíproca defensa!
¡Que su casa seaja siempre um oceano de luz e placer!
Y cuando, adelante, em sus angustia de pensar los años pasados o de lãs incertidumbres cuanto al futuro, sus ojos sean los ojos del primeiro encanto en sus corazones.
¡Que sus cariños embriaguen la luna y hablan que sus noches sean muy estrelladas!
¡Mucha, mucha, mucha felicidad!
¡Y que sus hijos iluminen el mundo y sean
El fuego del espiritu de todas las sus mañanas!
Apresentação Geral
Há muito tempo eu já vinha pensando em interagir um pouco mais com o mundo internetado e multimidiático que nos rodeia. Ferramenta de comunicação cada vez mais funcional e atuante na sociedade glocal. Não sei onde me levará tal meio de comunicação, não há pretenções. Penso apenas em escrever algumas crônicas e divulgar um pouco deste meu universo de homens e mulheres, bares e lugares por onde vago e divago. Jodhi Segall é um pseudônimo. Devo-o a uma amiga que há muito tempo não vejo, Maísa, e ao meu segundo livro, Folhas de Outono. É uma redução de meu nome: JOsé SEbastião GAL(L)dino D(H)Ias. Ser poeta é um desafio constante de construção e desconstrução de saberes através da lapidação da palavra. Ser um escritor requer mais que o senso comum - fonte de quase toda poesia. Espero agradar a todos os visitantes com minhas pequenas e humildes falas. Muito Obrigado.
Jodhi Segall
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