quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O pato amarelo e sua intersemiótica

Alexander Martin Wash

Há muito temos visto e ouvido acerca das contradições políticas imanentes e inerentes ao Brasil. Em voga há a idolatria a um certo, e até fofinho, pato amarelo. Mas qual a leitura ou leituras que podemos fazer deste símbolo? Qual seu significado e significante para a sociedade brasileira? Qual seu real valor?

A primeira delas é a de que, ele, o sr. Dr. Pato, se refere a um mote popular: “pagar o pato!”. Ou seja, uma forma de designar aquele que será o bode expiatório de alguma causa ou dívida: literalmente, o Pato! Aquele que supostamente na ausência do frango vai para panela. E nem por isto! Quando bem preparado não deixa de ser uma sofisticada e deliciosa iguaria, sendo profundamente apreciada pelas nobrezas e elites abastadas mundo à fora.

A cor, no entanto, fala mais sobre o símbolo do que o símbolo em si, uma vez que o pato sempre foi, é e será o povo (seja brasileiro ou não!), pois é ele quem sustenta a sua nação através de seu trabalho; dos pagamentos de taxas, tarifas e tributos; e, enfim, através da realização da produção e do consumo nacional. Logo, a dualidade da cor, expressada através do movimento que o idealizou, isto é, a ufanista e retrógada direita conservadora, remete ao ouro: a riqueza que estes mesmos idealizadores - por séculos - usurparam da nação brasileira e que em dado momento político, histórico e sociológico viram minguar seus monopólios e, consequentemente, as fontes infindáveis da corrupção, seu alimento predileto.

Mais que isto, ressentidos por terem que dividir espaços com a plebe rude, que através de uma política social robusta alcançara a consolidação parcial de seus direitos constitucionais, entre os quais o mais marcante é a mobilidade aeroviária, algo inimaginável para um operário brasileiro nas décadas anteriores, essas, governadas pelos idealizadores do sr. Dr. Pato; e, no âmbito educacional, a abertura das portas do ensino técnico profissionalizante e universitário, ambos a baixo custo ou gratuito, que proporcionou um crescimento da taxa de ocupação escolar em todos os níveis, não necessariamente de sua qualidade, mas que pressionou a comodidade da suposta classe média, que outrora vivia das relações corruptas com o Estado (o famoso QI – quem te indicou?) para fins de cargos e salários, tanto na esfera pública quanto na privada, e que teve que disputar em termos parciais de igualdade com as, até então invisíveis, classes “C” e “D” os míguados postos de trabalhos remanescentes da destruição do parque industrial brasileiro e da política econômica; esta que submissa às corporações de crédito e financiamento, cerceia a possibilidade de sustentabilidade e expansão das pequenas e médias empresas, bem como extermina com o desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação tecnológica nacional, tornando o país completamente dependente da importação de máquinas e insumos, alimentos inclusive.

Esse foi o Pato Amarelo Ouro.

Há o Pato da Vergonha: o amarelo ovo podre. Símbolo de covardia. E aqui, exalta suas duas formas: a do opressor, que ridiculariza o povo que o exalta como símbolo de progresso, desenvolvimento e democracia; e a do oprimido, que o vê como símbolo da opressão, mas fruto de uma cultura de suposta paz, sofre com o desmantelamento dos serviços públicos em função dos interesses privados – terciarização, privatização, e agora, a declarada legalização da escravocracia (uma vez que ela jamais deixou de existir em solo brasileiro)! –, com o achatamento salarial e uma taxa crescente de desemprego, este, fruto da mecanização na lavoura e da implementação da infomecatrônica (robótica) como sistema de produção a médio e longo prazos, logo, refém do subemprego ou do crime organizado, torna-se cada vez mais farta massa de manobra para ideologias e políticas oportunistas.

Esse foi o sr. Dr. Pato da Vergonha: com fome, frio e medo não se faz revolução alguma: no máximo, rebeliões; no mínimo, submissão; de quaisquer formas, forjamos covardemente a morte seletiva do povo brasileiro!

Há, ainda, por maior desventura, o Pato Amarelo Apostólico. Este, calcado em distorções ideológico-político-religiosas, remete-nos ao fim das liberdades individuais e coletivas; formaliza os preconceitos latentes nas doutrinas que enriquecem seus líderes; legaliza a intolerância tornado seus discípulos em famigerados militantes da inexistência do outro. Não há verdade mais absoluta que a de sua fé e de sua cultura apostólica e evangelizadora pentecostal! Nunca o crime organizado e o tráfico de drogas se sentiram tão bem acolhidos pela cristandade e tão bem representados nas esferas políticas. Nunca se viu tamanha proliferação de igrejas e templos em solo brasileiro, e tão pouca atitude cristã.

O evangelho aqui proferido segue não apenas outra liturgia, mas refere-se a outras escrituras: a da casa, a da fazenda, a do carro, a da conta bancária que engordam, com a benção das isenções de impostos, seus líderes espirituais e promovem a miséria, não apenas espiritual, mas - e principalmente! - material de seus súditos, esperançosos por um salvador. Lamento.

Para quem professa a fé cristã, o que se vê hoje é tudo, menos exercício de cristandade. Esta se baseia na verdade, na justiça, na liberdade! No bem estar comum; na consubstanciação e partilha do pão e do vinho; na multiplicação dos meios de subsistência; no respeito próprio e mútuo; no milagre pentecostal da comunhão das diferenças e da plenitude do amor como fundamentos de igualdade entre os homens e da manifestação de Deus no seio das sociedades! Valores universais de fé, caridade e equidade, beneplácitos de toda e qualquer religiosidade que se considere séria.

O exercício político não pode se sobrepor ao laico. Não pode ser utilizado ardilosamente para conduzir ovelhas ao matadouro, pois o que se presencia na atualidade vergonhosa dos atos e fatos é exatamente a aniquilação da cristandade tanto na aplicação da doutrina, quanto no exercício político daqueles que se dizem cristãos. Vivemos um tempo não obscuro, pois está bem claro quem é quem na política brasileira, mas de profundo retrocesso nas garantias de direitos universais. O neonazismo ressurge com o brado retumbante de por Deus, pela família, pelo Brasil! Estes, quase um renascer do Integralismo de Plínio Salgado e da Ação Cristã (Tradição, Família, Propriedade), são os pilares da corrupção e da escravocracia nacional.

Esse foi o Pato Amarelo Apostólico: religiosamente corrupto! Ufanista, neoliberal e neonazista!

Há, por fim, o Pato Amarelo Imperial. Este, sim, belíssimo!! Integrante do pavilhão nacional como memória do império e do primeiro golpe militar de nossa história, a fundação da República e a entrega do desenvolvimento nacional às nações estrangeiras, dando-nos como vocação e herança a cartilha escravocrata das oligarquias rurais. Estas que hoje são efusivamente festejadas como as salvadoras da pátria em shows midiáticos de importação de máquinas e exportação de commodities (o AGRO é POP? Claro que sim: o pop não poupa ninguém!!!), mas que no mercado interno oferece o restolho de seus consagrados produtos, e, não obstante ao uso das instituições de educação e pesquisa públicas (EMBRAPA, Universidades Federais, Institutos Federais e Escolas Agrotécnicas, por exemplo) para o desenvolvimento de suas atividades, representa-se por progressiva redução de postos de trabalho, baixos salários e mínimos direitos, quando os respeita.

Graças ao Pato Amarelo Imperial, e aqui nos debatemos entre os dois impérios: o chinês e o capitalista ortodoxo, vemos as leis ambientais brasileiras (não apenas estas, mas cujos danos são irreversíveis!) sendo rasgadas (antes havia o burlo, agora legitíma-se!), e como consequência temos os conflitos agrários e de ocupação de terras se agravando com novas grilagens e a revogação de demarcações de terras  indígenas e quilombolas, novas permissões impensáveis e inconstitucionais de lavras, renovado desmatamento progressivo, mas, desta vez, sob a tutela e segurança do Estado.

Como no Brasil o culpado é a vítima: o responsável por todas as consequências destes descalabros é o povo. É ele o responsável por Mariana, já esquecida pela mídia nacional, e cuja irresponsável – a Vale – sequer é averiguada; ao contrário, é festejada em Carajás por um pífio investimento de dez milhões de dólares. É ele o responsável pelo processo de desertificação do cerrado e a crise hídrica nacional. É ele o responsável pelas inundações sistemicas das construções em áreas de alagados e dos deslizamentos das encostas serranas. Enfim. O culpado é a vítima! É o povo brasileiro o responsável pelo mau caráter, pelo oportunismo corrupto daqueles que deveriam protegê-lo. Portanto, é ele quem deve pagar pelo seu erro.

Esse foi e é o mais belo e formoso dos Patos: o majestoso Pato Imperial.

Há ainda mais um Pato Amarelo. Na verdade um patinho amarelo. Inocente. Pequenino como nossas crianças que com ele brincam felizes em suas banheiras. Mas este, assim como a adolescência e a juventude, está em extinção. Roubaram-nos a infância!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Tratamentos preventivos e paliativos para ACV, AVC, Alzheimer e outras doenças.

Dias, José Sebastião Galdino

Tecnólogo em Desenvolvimento Social/Químico (HBQ)

Papinha de São Galdino

Indicação: bem estar geral; problemas circulatórios, gástricos e neurais.
Ingredientes: 1 Abacate; Aveia e Mel, ao gosto de cada um.
Modo de Preparo: bater no liquidificador até virar papinha.
Posologia: 3x por semana.

-=-

Chá do Elefante (para perdas neurais)

Indicação: Memória; Infecção Urinária; Inflamação; Dores Abdominais; Dismenorreia; Gastralgia; Dispepsia; Náusea; Vômitos (Indicado para pacientes em quimioterapia).
Ingredientes: 300 g de Tiririca do Brejo, 600 ml de Vinho Branco e 100 a 200 ml de Mel (desde que não haja contraindicações, diabetes, por exemplo)
Modo de Preparo:
Bater no liquidificador; Colocar em pote(s) de boca larga (por ex: pote(s) de maionese); enterrar por 10 dias (para curtir). Não coar. Envolver o(s) pote(s) em jornal, pois é sensível à luz.
Posologia: 1 cálice ao dia.

-=-

Alho Setiva

Indicações: Problemas com Colesterol; Problemas Circulatórios e Pulmonares; Varizes; Sistema Linfático e Cardio Vascular (Prevenção de Acidente Cárdio Vascular); Irrigação Cerebral (Prevenção de Acidente Vascular Cerebral e outras doenças cerebrais)
Modo de Preparo:
12 cabeças de alho descascadas e batidas no liquidificador;
Colocar em:
Opção 1: 1 l de azeite de oliva;
Opção 2: 1 l de álcool de cereais;
Opção 3: 1 l de vinagre de frutas.
Pode-se, não havendo contraindicações, adoçar com mel puro.
Após o preparo, deixar 15 dias em infusão e protegido do sol (envolver em jornal), pois é sensível á luz (fotossensível). Coar e tomar regularmente segundo posologia indicada.
Posologia: 33 gotas 2 x ao dia: 12 em 12 hs; 60 ml diários.

-=-

Massagem Anti Stress c/ Óleo/Azeite de Oliva
(Deve ser aplicada em pacientes com Alzheimer e acometidos de AVC ao menos 1 x ao dia, entre as 16 e 19 h)

Modo de aplicação:
Começar na altura do cox, pressionando com a mão aberta e utilizando os dedos em forma circular sobre toda a extensão da coluna, até a cervical;
Com a mão fechada, realizar movimentos circulatórios e/ou ondulatorios na cabeça;
E com o dedo maior fechado (central/pai de todos) realizar movimentos circulatórios na testa e de fricção no nariz.

Repetir 3 x por sessão; no mínimo 1 sessão por semana.

Obs: Não é preciso muita força, mas firmeza e constância nos movimentos. Não pode haver desconforto nem dor excessiva. Uma vez detectados esses sintomas é preciso ir ao médico para um diagnóstico mais detalhado.  

-=-
Cloreto de Magnésio

Indicações: Osteoporose; Limpeza do sistema digestivo e renal.
Ingredientes: 33g de Cloreto de Magnésio diluídos em 1 l de água morna.
Posologia: 1 colher de sopa, 3 x/dia.

-=-

Banho de Assento de São Caetano

Indicações: Controle de Ácido Úrico (Gota); Hemorróidas.
Ingredientes: 1 Melão de São Caetano; 1 Colher de Sopa de Vinagre Branco. 
Obs 1: No lugar do Vinagre Branco pode-se utilizar Supositório de Alho ou Babosa.
Modo de Preparo: Prepara-se a infusão com o Melão e acrescenta-se o Vinagre Branco ou administra-se o supositório antes do assento.
Obs 2: Pode-se fazer o chá de São Caetano e tomar 3x ao dia, por 5 dias, 60 ml ao dia.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Aurélio Buarque de Holanda

vide dicionário

                                                    para Frei Betto. CNSD. Uberaba-MG.



Degeneramos. Descobrimo-nos
em decúbito num déclupo dédalo;
demagogos demasiados delinquiram ditos;
deliberadamente demarcaram domínios, e
deletérios, no decurso da deformidade,
defraudaram a desasnada deixa;

Diga-me digne douto o dogma da doma
desta destra: devo decretar o desfortúnio,
dizimar diademas ou, desavergonhado, no
descalabro da minha dita, desavir e na
demissão decente, em desagravo, dormir no
desapego do devir?




Jodhi Segall. A Escuridão & As Nozes. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

Lembranças de Eco

Não se sonha com a Idade Média porque seja o passado, porque a cultura ocidental tem uma infinidade de passados, e não vejo por que não se deva voltar à Mesopotâmia ou a Sinhue, o egípcio. Mas acontece que, e já foi dito, a Idade Média representa o crisol da Europa e da civilização moderna. A Idade Média inventa todas as coisas com as quais ainda estamos ajustando as contas, os bancos e o câmbio, a organização do latifúndio, a estrutura da administração e da política comunal, as lutas de classe e o pauperismo, a diatribe entre o Estado e a Igreja, a universidade, o terrorismo místico, o processo de acusação, o hospital e a diocese, até mesmo a organização turística... E, de fato, nós não somos obcecados pelo problema da escravidão ou do ostracismo, mas sim por como enfrentar a heresia, e os companheiros que erram, e os que se arrependem, e por como se deva respeitar sua esposa e derreter-se por sua amante, porque o medievo inventa também o conceito do amor no ocidente.


 ECO, Umberto. Dez modos de sonhar a Idade Média. In: Sobre os espelhos e outros ensaios. RJ, Nova Fronteira: 1989, p. 78.  

Paleontologia

Igor Koldhish

O objetivo da vida é
vivê-la em toda a sua plenitude.
Limitações são medos consumados
e ardores consumidos:
nos tornam cinzas...
Fiz outrora uma viajem onde
a escura paisagem era tudo de belo
que se podia ter.
No fim do arco-íris não encontrei nenhum pote de ouro.
O amor que houvera se provou torpe. Tão parco quanto parvo.
Não melhorei muito depois dos meus vinte anos...
...me entristece o não saber amar.
Tentei ser livre na fecunda hipótese dos inculpes.
Esculpi uma lápide onde dizia: eterno é o que se esquece.
Não aqueço mais o sol, nem quero mais o brilho das estrelas.
As manhãs são apenas prenúncios de cotidianos arquivados
 na memória dos atos repetitivos.
Dé jà vus.
Encontrei com Madalena e ela está feliz.
Por mais dores que tivera, nenhuma lhe pertenceu.
Encontrei com Aristóteles e ele está feliz.
Por mais dores que causara, nenhuma lhe pertenceu.
Sócrates morreu depois de tomar cicuta.
Platão está feliz até hoje, e não teme ser republicano.
Estive com Marx no bar da esquina
e rimos muito de tantos tolos engodos feudais...
Convidei Calígola para o meu rebuceteio: uma sigela
homenagem a Apolo sob as bençãos de Afrodite.
A minha epiderme cheira a futilidades
e minha garganta arde a tabaco e aguardente.
Comprei vinho e vodka, algumas cervejas
e alguns quilos de sortidas carnes...
A carne assa sobre a brasa
enquanto o queijo derrete
entre coxas e bocas.
Um gosto de poder e liberdade invade
o vazio sem jamais preenchê-lo.
Incompletude e insaciedade são atributos do imprescindível.
Nada tem valor se não for compartilhado:
idiota é todo aquele
que acredita
em ser amado.
O deus burguês devorou de vez

os passarinhos.

sábado, 27 de maio de 2017

Das atualidades (?) políticas brasileiras





José Dias

Uberaba, MG, 27 de maio de 2017



Não há muito o que acrescentar. Discutir, talvez?



Da conquista portuguesa à sua efetiva colonização, o Brasil já fundou-se corrompido. E devidamente explorado. Já direcionado ao serviçal que é das nações ditas desenvolvidas: ato de abertura dos portos de 10 de março de 1808 e, não por acaso, endividado.



Em 1822, com a suposta Independência - também paga para o seu devido reconhecimento junto aos seus usurpadores de sempre - há de se afirmar que não havia porto algum onde a propina não fosse a regra, fosse para quem e o que entrasse ou saísse. A Marquesa de Santos, entre outras cortesãs de renome imperial, notória concubina de Dom Pedro I, gerenciava o tesouro paralelo do império: exploração, propina e contrabando nunca foram exceções, mas regras em solo brasileiro.



Da mesma forma, data ainda do período pré-colonial, a primeira grilagem de terra no Brasil, pois assim o foi a formação das Capitanias Hereditárias, e dos Capitães e Coronéis e Políticos dos quais somos, em grande maioria, serviçais sociais, políticos e econômicos, pois foram estes herdeiros - sucessores legítimos ou não - que junto com a Maçonaria realizaram o primeiro Golpe de Estado bem sucedido em terras tupiniquins: a Fundação da República.



Não vou situar eventos correlatos à constituição do Estado Nacional. Nunca houve, como não há, uma nação brasileira. Há isto! Esta coisa! Um golpe sucedendo ao outro por um século inteiro.



E que com o avanço das relações entre as variadas súcias e seus interesses, desenvolveu-se pombalmente, seja no âmbito social, político e, ridículo, econômico, voltado para fora de si, tornando-se uma entidade patética. Não há como definir o Brasil de outra forma. É impossível.



O hino brasileiro, não é um hino: é uma marcha batida. Uma marcha que afirma-o deitado em berço esplêndido. Tamanha verdade é inquestionável! Qualquer analista econômico de boa-fé não consegue explicar um disparate como a economia brasileira.


Muito menos, nenhum estrangeiro irá compreender ou aceitar pacificamente a política de curral que se perpetua através da negligência premeditada de seus gestores, em função da classe política, formada por oligarquias bem coordenadas e financiadas por corporações transnacionais. Isto desde a década de 1930. Ou antes!? Não posso afirmar que haja algum patriotismo no parlamento imperial, tão voltado para o escravagismo e para o plantations, o agronegócio da época, e tão em voga no presente.



O fato é que o político brasileiro nunca e em momento algum vê-se comprometido com o voto do eleitor. O voto é um aval (vendido e comprado, corrompido ou não!), que pode ou não ser validado segundo os interesses de cada momento.



Ou seja, ao questionar: por que os parlamentares estão muito interessados em massacrar os pobres, os trabalhadores e os aposentados? A resposta é retumbante e simples: eles jamais se consideraram eleitos pelo povo, mas, sim, pelas empresas e corporações que, legal e ilegalmente, bancaram e bancam suas campanhas!



Não existe almoço sem pagamento:  alguém tem que pagar a conta!



O que há de diferente entre o século XVII e o século XXI é que há mais ladrões do que o sistema pode comportar em termos de corrupção.



Não quebraram o Brasil nos últimos 30 anos. São 517 anos de exploração! O Brasil não é uma mãe gentil! É uma prostituta de quinta categoria! Viciada em álcool, cocaína e crack, que precisa sustentar seu cafetão e traficante. Não, necessariamente, seus filhos!



Mas na atualidade há algo realmente moderno: as redes sociais.



Independente da corrupção sistêmica que assola o país (empresariado, organizações da sociedade civil, instituições religiosas, executivo, legislativo e judiciário, enfim...), e que graças à abertura política obtida através do projeto neoliberal chamado Getúlio, e levado a cabo com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder, pois enganam-se aqueles que consideram o Partido dos Trabalhadores um partido socialista (não é e nunca foi! É, no máximo um populista social democrata. E nisto ele foi e é exemplar!), o fato é que não teríamos hoje, ainda que sejamos a latrina tecnológica do suposto primeiro mundo, a liberdade ou espaços para discutirmos e expormos as fotos, os fatos, as mentiras e verdades do país, algo impensável sob uma ditadura e seu regime de exceção. Sem contar com as sanções e limitações econômicas internacionais, sob as quais vivíamos entre 1964 e 1984.



Não que não vivamos sob um regime de exceções... Ele existe e persiste em nossos preconceitos e nossa omissão!



Neste sentido, embora as redes sociais tenha dado voz para milhares de idiotas, os despertou para um novo olhar:  não olhamos mais tanto para fora.



Chegou a hora de olharmos para dentro. Bem para dentro.


quarta-feira, 29 de março de 2017

O Ahmed

             
 Para Ahmed Kathrada
Jodhi Segall
29.03.2017


Nada me pertence.
Nem mesmo minhas lágrimas!
Ou teu sorriso.

Ao longe escuto um cântico de liberdade.
Tão próximo de nós o global apartheid.

Por aqui, minhas ruas escuras
Ciladam corpos e mentes.
E nada do ontem me pertence.
Nem mesmo minhas lágrimas!
Ou teu sorriso.

Ao longe escuto um cântico de liberdade.
Tão próximo de nós o global apartheid.

Neste meu desfortúnio de inglórias lutas,
Onde as palavras perderam o sentido,
Onde as leis servem à injustiça e
Paredes invisíveis nos separam,
Nada do agora me pertence.
Nem mesmo minhas lágrimas!
Ou teu sorriso.

terça-feira, 21 de março de 2017

De te amar

 (Dulcinéia Candanga)


Jodhi Segall

Nada de suaves e amenas ternuras.
Não fomos afeitos a volteios 
que não sejam bailados de quadris 
e pernas sobre as nuvens da imaginação.

O papo é reto e seguro: nossa nudez 
transcende o olhar 
e o desejo, 
está muito além de qualquer beijo,
e não carecemos de explicações 
ou culpas!

Nesta sofreguidão de liberdade e êxtase, 
onde a paisagem sempre surpreende o desafio, 
o gozo não solicita permissões.

Nada de educações: não, nada de docilidades 
acerca da fome que assola o paraíso. 
Nada de timidez 
quanto à percorrer vales e colinas 
nunca dantes desbravados: 
cada momento é único!

E assim, exauridos na paixão ensandecida,
sob uma luz avassaladora,
sem dor alguma, e um sorriso safado,
partimos.

terça-feira, 14 de março de 2017

Normativo


Jodhi Segall
Para Fernando Pessoa
I
Todo poeta é filho, irmão e pai.
Bom companheiro na caminhada.
Gigantesco amigo!
Rico por natureza,
Gentil ética possui.

II
Todo poeta é um grande amante:
Uma mescla da razão de um falso sacerdote incandescido com
A alma inebriante de indômito guerreiro insandescido!
Raramente é um trabalhador exímio em seus ofícios
Para aquém ou além da palavra: texto, contexto, mensagem.
Quando assim deseja ou a necessidade clama;
Respeita-se a importância da boa paga por seus (em)préstimos:
Apesar de ser telúrico, sabe que Deus mora no estômago!
Nenhum poeta é suficientemente grande para que não
Seja disciplinado pela fome cotidiana e comunitária.

III
Poetas adoram, idolatram a beleza, ainda que fútil ou frívola.
Tudo no poeta é perene fugacidade do tempo.
Rude e grotesco diante de seu espelho das almas,
Normalmente é um duríssimo autocrítico.
Mas não é bom ser mais realista do que o rei:
Não se deve ser ingênuo por demais, libertino, patético.
Não é um ser muito organizado nem muito prático,
Mas entende que a inocência é um pecado mortal.

IV
Preza as virtudes, ainda que mortas.
Amoral em sua impermanência;
Impertinente em suas estadias;
Contraventor em suas liberalidades!
Instigante partejador.
Incauto por amor;
Tolo quando necessário;
Sábio quando do impreciso;
Útil na escuridão!
Essencialmente: kamicaze!!

V
Todo poeta é todo mundo.
Do bom e do mal.
De incompletudes vive: nada nele é concreto.
Tudo nele é desconforto, contraposição, contestação.
É um insatisfeito: a imperfeição é sua aliada;
O conformismo não o alimenta;
A perfeição não o engana.
O confronto lhe é mais:
A morte é sua melhor companheira!
Apenas o mau lhe afeta o gosto e o modo.

VI
Todo poeta é invejoso por demais: detesta hipocrisias!
É mentiroso: nenhuma verdade lhe é absoluta!
Nada em um poeta é divindade.
Tudo nele é obscuro: a escuridão é sua morada.
Tudo nele é partilha: humanidade! Porém cruel!
Não nasceu para a subserviência. Porém, serviço é seu nome.

VII
Tudo no poeta é palavra, criação, louvor.
Sentimento, rumo, valor.
Tudo no poeta é grito: indignação, manifesto,protesto!
Hiperbárico e inter-semiótico,
Tudo em si é exagero: o bom, o mal e o feio.
Poetas são prudentes plenos de suas imprudências.
São orgulhosos e vaidosos, portanto, humildes.
São maravilhosos quando entendidos e discretos.
Comprometidos com a justiça, a verdade e a liberdade,
Nada no poeta destoa, nem mesmo a crítica.
Tudo no poeta é regra: amar plena e livremente.
Normativamente, é ser pessoa.

(É... Ser poeta não é fácil!

Mas vale a pena)

O Juvenal


Jodhi Segall

Pai! Perdoa-me por minhas ignorâncias

Não sou mais inocente

Nem mesmo inculpe posso ser

Vira tuas costas


Luta comigo

Meu corpo


Jodhi Segall



O verso mais profundo quanto errante

Que é bússola e sextante de mares e ventos

A lua dos não amantes, o sol dos náufragos

A cura e a beleza de um dia feliz

Um trabalho bem feito

Um riso espontâneo no bailar das nuvens

As amoras existem independentes das masmorras

E canto uma música para lembrar-me de alguém e bons momentos

Acendo a luz e me maravilho com o mundo ao meu redor

Bebo uma taça de vinho

Degusto um bom queijo

E danço,

danço,

danço,

e por fim adormeço entregue aos seus carinhos.


A nenhum deus pertenço

Thiago Arcanjo Augusto Madeira Leão

A nenhum deus pertenço

Nada em mim é completo
A incompletude me divisa
Me busca e encontra
Me faz desencontro e nova busca

Nela ora sou morto, ora assassino
Mas não tenho deus algum

Posso possuir medos e confianças
Fazer alianças talvez
Mas não crer em deus algum
Me contenta e conforta

O sangue que escorre
Nas verdades e mentiras dos diários
De meus dias
Não me permitem creditar
Boa fé
Em eternidades
Nem

Santidades em meus atos