Jodhi Segall
Angola, Congo, Burundi!
Sic transit
gloria mundi
O vagar das ondas de além mar
As memórias de mundos e nenhum lugar
Os cantos castros de outrora alvas flores
A senzala de ontem e os grilhões de agora
Sic transit
gloria mundi:
Angola, Congo, Burundi!
As meninas delforadas, estupradas e
Decepadas de Áfricas...
As milhares de mulheres e cabras mortas,
Espalhadas pelas savanas.
Os corpos guerreiros negros esquartejados,
Largados às margens de veredas e rios.
O sangue humano a irrigar minas de ouro,
diamantes, esmeraldas;
O petróleo não é negro: é rubro!
O cheiro desumano de carne apodrecendo sob o
tempo, alimentando abutres
Sobre as esperanças daqueles que não têm
infância ou desespera.
Angola, Congo, Burundi!
Sic transit
gloria mundi
As minas batidas sob abusos:
Fuzis, metralhadoras e obuses de Angola...
As eternas misérias de Serra Leoa a
Moçambique.
Os ignoráveis do Egito a África do Sul.
Os contrastes do Mediterrâneo ao Cabo das
Tormentas.
Estreita distância de estreitos...
Do Gibraltar ao Magalhães,
em Áfricas, não sejas tolo!!
Sic transit
gloria mundi:
Angola, Congo, Burundi!
Sob miragens, esfinges e palácios cravejados
de diamantes
Jorra o sangue: o ouro óleo negro e viril
A amamentar o amanhecer do mesmo velho mundo
novo
A senzala de ontem e os grilhões de agora.
O renovar do mundo e nenhuma novidade:
Os navios negreiros de além mar
A vagar pelas cidades.
E os nossos mortos corpos putrefados
Espalhados por onde vamos livremente
Encarcerados ou mortos-vivos.
Angola, Congo, Burundi!
Sic transit
gloria mundi.
Ó Salomão, Salomão!!
Eis tuas minas, nossa herança:
Despatriados de todo amor,
perdão ou esperança
Somos teus herdeiros no ódio,
no horror e na vingança!!
Sic transit
gloria mundi:
Angola, Congo, Burundi!

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