terça-feira, 14 de março de 2017

O beijo

Jodhi Segall


Rouba-me o ar e a candura
Cala-me a angústia de tanto desejo
Desnuda, descarna e come.

Ardente este sôfrego solfejo de almas perdidas
Sem porto ou norte
Desnorte de braços envolvidos nas recusas

O bailar entre o tango argentino e o xote nordestino

Recriar o flamenco em nossos corpos
No cálice de fogo rubro
Estar tão dentro de si quanto mais profundo

O som

Despertar na ausência de todas as eras
E ser todas as vidas já vividas sem esperas

Teu corpo nu dentro de mim
E nada mais de estradas ou distâncias
Um calar profano sem medo-engano ou amor sublime
Um gozo inteiro em tua boca jorra
E minhas coxas a ruírem pelas estrelas

Dá-me tua boca, amor, a calar minha boca

Um beijo sem quimeras
Apenas um beijo em enfim sem


Desesperas

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